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                                        MEDO DE AMAR
                                                                                             Rachel Winter

Amar demais é um erro? Essa curiosa preocupação está sempre martelando a cabeça das pessoas. Chegamos a crer, sob esse prisma, que existe uma determinada medida para o amor. E como poderíamos encontrá-la? – usando uma xícara, uma fita métrica, uma balança de precisão? A pessoa mais egocêntrica, certamente, usaria uma xicrinha de café para medir com parcimônia o amor que dedicaria aos outros. A mais pródiga usaria a tonelada e, a menos exagerada, a fita métrica: um metro de amor, bem medido, nem um centímetro a mais. Brincadeira! Realmente, não há como controlar e estabelecer limites para esse sentimento poderoso.
A preocupação em achar que amor demais é prejudicial surge em função de as pessoas temerem a reação do ser amado, seja cônjuge, filho ou parente; pois pode ocorrer de o objeto desse amor vir a tripudiar sobre a sinceridade de tal sentimento. Por isso, o medo, muito difundido, de cair nas armadilhas do coração e de prender-se em suas malhas. Amar ou não amar? – O grande temor da mulher que ama demais o marido, (ou do marido que ama demais a mulher), é o de que ele pense que pode fazer o que quiser que ela vai perdoá-lo incondicionalmente, ou seja, ela teme fazer papel de boba. Com referência aos filhos, os pais podem, também, recear que os mesmos, apoiados em seu amor, mimados, tornem-se egoístas e rebeldes. Mas, será que o problema do mundo atual, tão cheio de violência e maldade, é realmente o excesso de amor? Não parece! O que se vê é bem o contrário, a falta de amor levando à desestruturação familiar e social. E, observando o caos social dos tempos atuais, não podemos deixar de lembrar o que Paulo diz na Segunda Carta a Timóteo, capítulo 3: 2 e 3: “Porque haverá homens (e mulheres) amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos. Sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons.” Mais, adiante, conclui: ”Não irão, porém, avante: porque a todos será manifesto o seu desvario”...[9]. Observando esse outro lado da moeda, ou seja, a secura de coração, a incapacidade de amar, conclui-se que perigoso mesmo é a falta de amor, desvario que pode levar a pessoa a auto-destruir-se e a destruir o seu próximo. Causa de todos os males ali citados pelo apóstolo Paulo, e de muitos outros.  Insensatez e permissividade - Deve-se convir, contudo, que há fatores negativos relacionados à maneira como algumas pessoas costumam demonstrar o seu amor.Tomemos como exemplo a declaração da mãe de um cantor brasileiro, famoso, que morreu precocemente. Essa senhora afirmou, num programa de televisão, que amava tanto o filho que se deixaria usar como tapete, se ele assim o desejasse. Sem dúvida, a maneira doentia de manifestar seu amor materno foi muito prejudicial ao filho e a ela. Amar não quer dizer anular-se, virar um capacho nas mãos do outro, ou ser permissivo. Muito pelo contrário, em se tratando especialmente de filhos, amá-los quer dizer orientá-los no caminho do bem. Para atingir essa meta, a luta é árdua e sem tréguas contra o mal, porque o mundo jaz no maligno. Quanto ao amor entre homem e mulher, quando genuíno, caracteriza-se por ser uma força que os faz crescer como seres humanos, não sendo, portanto, um sentimento negativo que possa levá-los a viver em servidão ou a acanalhar-se. Se assim não for, tem a ver com falta de saúde mental e não com o coração. O cantor Vicente Celestino, lá pela década de 50, interpretava uma música chamada Coração Materno, na qual um campônio diz à sua amada: Por ti vou roubar e vou matar, embora tristeza me causes mulher. Essa deprimente e doentia declaração demonstra o grau, não do sentimento, mas da sandice de quem a proferiu. Trata-se apenas de uma letra de música, mas na vida real seguidamente vê-se demonstrações e atitudes igualmente tresloucadas como essa. E casos em que homens que assassinaram mulheres, dizem que o fizeram por amor; sem lembrarem que quem ama cuida e preserva. Contudo, o amor não pode ser considerado perigoso ou indesejável pelo fato de algumas pessoas expressarem-no de um jeito pouco saudável. Isso acontece por má fé ou por confundirem-no com paixão. O fator mais relevante, contudo, por se tratar de pessoas mental ou emocionalmente desequilibradas. O Manual do Amor – O maior compêndio sobre o amor, sem dúvida, é a Bíblia. Ninguém pode se gabar de entender de amor sem conhecê-la. Observem apenas esta frase: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3:16). Realmente, amor é doação que salva e edifica sem esperar recompensa e sem temer adversidades. Jesus lutou por nós contra as forças do mal, e chegou a morrer na cruz para nos salvar, sem se preocupar com a ingratidão humana. Com base nesse divino amor, podemos orientar-nos ao surgirem dúvidas quanto à medida adequada de amor à dedicar ao nosso próximo, seja ele quem for. Porquanto, o amor deve ser sem limites, pois a seu tempo dará frutos. Só o amor constrói. =============================================================









   Pela aprovação da Lei da Palmada, porque
                 em criança não se bate!
                Rachel Winter
Defender a palmada como um meio de educar a criança é confundir as palavras educar com adestrar. São coisas bem diferentes. Com palmadas (ou pancadas) adestram-se cachorrinhos e outros bichos, por meio de reflexo condicionado. Até mesmo ratinhos são testados em laboratórios, segundo esse método: o ratinho aproxima-se do alimento e, ao tocá-lo, leva um choque ou qualquer outro estímulo que lhe cause dor ou susto; assim ele fica condicionado a não tocar mais no alimento.
Os defensores desse método de “educação” das crianças, certamente, acham que uma palmadinha não é o mesmo que bordoada. Perguntamos, então: O que é? Se não causasse dor ou medo à criança, a fim de impedi-la de fazer travessuras, não seria aconselhada por eles. Outro aspecto a ser analisado, será que as mães e os pais adeptos da palmada sabem controlar-se e parar dando só uma palmadinha? Extrapolar na hora da irritação e do estresse é muito comum.
Violência gera violência, e bater numa criança mesmo que não venha a feri-la gravemente (como vemos acontecer diariamente em nosso meio) é um ato de violência.
Levada, essa questão, às últimas consequências, perguntamos: será que a palmatória usada no passado por pais e professores fez, daquelas crianças, pessoas adeptas da paz no mundo? Criou pessoas melhores? A História nos mostra que não. Os líderes mundiais só têm resolvido os problemas que afligem a humanidade através de guerras, as quais criam um círculo vicioso de violência sobre violência – e que era esperado porque foi pelo método da pancada que eles foram “educados”.
Pelo exemplo dos mais velhos é que as crianças aprendem a ser violentas. Lemos na Bíblia que Deus é Paz. E viver em paz, aprendemos com Cristo, que nos perdoa os pecados e morreu na cruz pra nos salvar e nos dar a paz verdadeira. 
O exemplo dos adultos que praticam a Palavra de Deus, é a maior fonte de aprendizado pra crianças e adolescentes. A palmada é um método de mais fácil aplicação, pois, recorre à lei do menor esforço. Praticar o amor na educação dos pequeninos é mais trabalhoso, porque exige paciência, tempo e a prática consciente do segundo maior mandamento bíblico: Amar o próximo como a si mesmo.    
Permitir a palmada é o mesmo que voltar à época da palmatória. Significa retroceder no tempo. É adestrar em vez de educar. Não é a metodologia apropriada para bem educar seres racionais como são as crianças e adolescentes, criados à imagem e semelhança de Deus.
                       NÓS, OS EVANGÉLICOS
  Nós, cristãos, não nos debruçamos, ainda, sobre a questão da educação da criança segundo os ditames do Novo Testamento. Sabemos que com Jesus Cristo tudo se fez novo! Mas, continuamos nos inspirando no Antigo Testamento para criar as crianças. Ignoramos que o aperfeiçoamento da Lei mosaica, por Cristo, abrange todos os setores da vida humana. Entretanto, deixamos as crianças de fora. As idéias de liberdade, próprias do cristianismo, projetaram-se sobre todos os setores da sociedade. Um ponto final foi colocado sobre tudo o que representasse escravização do homem e da mulher dentro do contexto social. Transformação que deu origem ao sistema político democrático no qual, entre outras, a mulher alcançou o status de cidadã e todos foram considerados iguais perante a lei. Nós, ou muitos de nós, evangélicos, esquecemos de nos atualizar quanto à criação das crianças, segundo a Mensagem da Cruz. Somente evocamos os textos do Antigo Testamento no que concerne à educação infantil e dos jovens.  Textos que aconselhavam a fustigar a criança com a “vara”. Ainda que no livro de Provérbios (23.13) esse trecho pareça muito claro nesse sentido, a palavra “vara” também tem o significado de Palavra de Deus. Vemos isso em numerosas passagens bíblicas, inclusive no Salmo 23. 4:  Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me protegem.
Reportando-nos, novamente, ao Novo Testamento, encontramos o episódio em que o menino Jesus, então com 12 anos de idade, passa três dias desaparecido. Ao encontrá-lo no templo, discutindo com os doutores da lei, sabemos que nem Maria nem José, seus pais, apelaram para a palmada; afinal, segundo os conceitos do homem comum, o Menino bem que merecia, porque não os avisara do seu paradeiro. Ainda que ele não estivesse fazendo travessura alguma, não avisou seus pais, que caminharam durante três dias até encontra-lo.
Durante seu ministério, Jesus Cristo só teve palavras e gestos de carinho para com as crianças. Nunca disse que deveriam ser educadas à base de palmada. Na ocasião em que os discípulos queriam impedi-las de se aproximar Dele, disse: Deixai os pequeninos e não os estorveis de vir a mim, porque dos tais é o Reino dos céus, e os abençoou. Em outra ocasião, tomando uma criança em seus braços disse: Qualquer que receber uma destas crianças em meu nome a mim me recebe e, completou afirmando, que quem O recebe, recebe ao Pai que o enviou. Temos que receber a criança não com palmadas, mas, com amor.
Hoje, muitos pais temerosos por observarem o aumento incessante da criminalidade no meio social e, querendo livrar os filhos de enveredar por esse caminho, acham que se os castigarem fisicamente, alcançarão esse objetivo. Pobre das crianças, nas quais são projetados os erros de toda uma comunidade! Não é por aí. É pelo amor, pela compreensão do que significa ser criança e pelo ensinamento da palavra de Deus que ela se tornará um adulto útil à sociedade e que alcançará a salvação em Cristo. E será um mensageiro da Paz. Assim seja!          
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Deus feito à imagem e semelhança do homem
 
Rachel Winter



 
Não houve engano no título, não. Vamos explicá-lo.   Entre as pessoas não-cristãs, o que impressiona não é somente a sua falta de conhecimento bíblico, mas, o fato de preencherem essa lacuna com ideias próprias. Sem ter lido sequer uma página, consideram-se capazes de opinar sobre a Bíblia. Ou se leem alguns trechos ou conhecem algumas frases, apenas de ouvir falar, interpretam-nos fora do contexto.  Nenhuma dessas pessoas é capaz de reconhecer que nada sabe da Bíblia.
Na sequência desses desacertos, deparamos, então, com uma realidade abominável: Deus sendo criado à imagem e semelhança do homem - em vista de o indivíduo interpretar os textos sagrados a seu bel prazer e conforme lhe convém. Por conseguinte, criando Deus com características humanas. Reescrevendo a Bíblia, por assim dizer. E, algumas seitas chegam a fazer isso, literalmente.
Dentre as inúmeras consequências desse fato, vejamos a primeira: A maioria das pessoas decide que está salva e que, ao morrer, irá para o céu. Dificilmente, encontramos alguém que se ache pecadora, ainda que viva longe da presença de Deus. Elas acham que estão perto, porque decidem assim. Ignoram que só O encontramos na Palavra, pois, é ali que Ele habita e é dali que nos instrui e nos guia pelos caminhos da justiça, para a salvação. Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e luz para o meu caminho, conforme afirma o Salmo 119. 105.
Costumam incluir, também, em conceitos nebulosos, as pessoas que lhes são caras. Vemos esse exemplo bem claro na mídia. Ao morrer algum artista querido do público ou qualquer pessoa de grande projeção social, dizem: Fulano foi pro andar de cima – significando que foi para o céu. Não perguntam, porém, se o falecido conhecia o Caminho, que é Jesus Cristo. Observemos o contrassenso desse modo de pensar comparando-o com as iniciativas que tomamos para ir a um determinado lugar desconhecido, mesmo na cidade onde moramos. Para saber que itinerário tomar, recorremos ao mapa da cidade, à Internet, GPS e outros meios. Mas, quando se trata de vida espiritual, de deixar o mundo físico em direção à presença do Pai, as pessoas que não conhecem a Palavra estão certas de que irão pro “andar de cima” mesmo às cegas, sem saber que caminho tomar. Não têm a menor ideia do que é preciso fazer para serem salvas. Ignoram o que Jesus disse: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim.” (João 14. 6). Só por Ele alcançamos a vida eterna, e só por Ele ressuscitaremos no último Dia.
Vale insistir e esclarecer que o mapa para chegar à nova Jerusalém encontra-se, há milhares de anos, desenhado na Bíblia Sagrada.
Consequência número dois: Outro costume é dizer que aquele parente que morreu, está lá em cima olhando pra cá e ajudando os seus entes queridos que ainda estão na terra. Sobre ancestrais que já morreram, a família acredita que eles estão presentes no casamento dos filhos ou em qualquer outra ocasião festiva, participando da comemoração; ou, em momentos tristes, consolando-os. Isso é muito comum. Afirmam, com segurança: Sei que papai - esteja onde estiver... - está nos vendo e se alegrando conosco e nos ajuda. Pura ilusão! Ledo engano! porque no livro de Lucas (16. 26) na parábola do rico e do Lázaro, a qual situa-se no Hades (mundo dos mortos), lê-se: Está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam.
Ficamos cientes, portanto, que não há comunicação entre os vivos e os mortos. Qualquer manifestação nesse sentido, ensina a Bíblia, é de procedência maligna.
Consequência número três: Acreditar que basta ser uma boa pessoa para ser salva. Isso é ignorar ou não levar a sério o que Jesus disse: Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado. (Marcos 16. 16)
A pessoa decente, que não faz mal aos outros e até mesmo faz o bem, já tem sua recompensa aqui na terra. Note-se, por exemplo, como são respeitados e homenageados os chamados benfeitores da humanidade, e como são amadas as pessoas de bem. Contudo, se em vida não aceitaram Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador, ao morrer, quem os encaminhará à presença do Pai eterno? Pois, Jesus Cristo é o único Mediador entre Deus e os homens.
Quanto ao outro aspecto da questão, isto é, quanto aos que realmente se convertem a Cristo, necessariamente são pessoas de bem; se, em alguns casos, isso não acontece é porque não houve conversão verdadeira.
Consequência número quatro: histórias bíblicas colocadas ao nível do folclore. Motivo de chacotas que se estendem ao longo dos anos; como a história da maçã, o chamado fruto proibido, que Adão e Eva comeram, no Éden (Paraíso). Certamente, todos sabem que o nome da árvore que produz maçã é macieira. Mas, o que Deus ordenou ao homem, ao colocá-lo no Jardim do Éden foi: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás...(Gênesis 2b e 3).
Como é que a maçã, fruto da macieira, entrou nessa história? A resposta já conhecemos de antemão, é o costume de interpretar a Palavra sem qualquer critério. É por não saberem dizer como disse um filósofo: “Eu só sei que nada sei.” E, mais forte do que tudo isso, porque o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. (1 Coríntios 2.14).
Quantas questões sobre as quais meditar! Que misteriosa árvore é essa que pode levar ao conhecimento do bem e do mal? E a árvore da vida, que Deus colocou no meio do Jardim? Que misteriosas árvores são essas?  E vamos desaguar até mesmo em outra pergunta, que misterioso Jardim é esse?
Só sei que Jesus Cristo, segundo o livro do profeta Isaías (61.3b) quer fazer de nós árvores de justiça, plantação do Senhor, para que Ele seja glorificado.
Então, como é que fica aquela representação folclórica de Adão e Eva mordendo a maçã e a mensagem subliminar e maliciosa insinuando, inclusive, que o chamado pecado original tem alguma coisa a ver com sexo? Sem dúvida, embustes do homem natural. Contudo, são verdadeiras pedras de tropeço que impedem muitos de se interessarem pela Palavra de Deus, levando-os a desprezá-la. De tudo isso, resta o esclarecimento bíblico a afirmar que as coisas espirituais só se discernem espiritualmente. Amém.
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MENTIRA NÃO É CARACTERÍSTICA DA MULHER


 Rachel Winter 

Assim como existem pessoas que têm amor à verdade, a ponto de dedicar suas vidas à buscá-la, como os filósofos e  cientistas (no nível humano) - há as que amam a mentira. Amam e cultivam a inverdade de um modo doentio, essas pessoas são chamadas de mitomaníacas. Portadoras de uma tendência mórbida para a mentira, para elas não é necessário existir um motivo determinado para mentir. Agem sob compulsão. Gostam de enganar os outros, fazendo-os passar por bobos ao omitir-lhes os fatos propositalmente, ou distorcendo-os. Sentem-se importantes praticando esse tipo de jogo. À medida em que ficam mais velhas, algumas vão gradativamente perdendo a noção da realidade e podem desenvolver algum tipo de transtorno mental.
  Esse perigo, porém, não ameaça o cristão verdadeiro que conhece o Caminho que leva não somente à Verdade, mas também à vida e à sua plenitude: “Eu sou o Caminho, a verdade e a vida.” – disse Jesus.  
 Injustiça histórica – Tradicionalmente, a mulher é tida como cheia de artimanhas e especialista na arte de enganar. Mas esse é um  conceito machista e, por conseguinte, não pode ser levado a sério. Na literatura ou na tradição oral, a fama de falsa e enganadora sempre acompanhou a mulher. Se observarmos, porém, as palavras e atitudes de Jesus, não veremos uma vez sequer Ele repreender alguma  mulher por ser mentirosa ou hipócrita. Vemo-Lo, porém, transformar sua linguagem - normalmente paternal e amorosa - em palavras fustigantes contra os escribas e fariseus: Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda a imundícia. Nesse trecho, registrado em Mateus, 23, um dos mais veementes do Novo Testamento, Jesus continua a falar e exclama: Serpentes, raça de víboras! Como escapareis da condenação do inferno? Repreende, como se vê, a população farisaica de uma maneira geral.  
Falta seriedade – As pessoas mais esclarecidas sabem muito bem que, ao mentir, estão cometendo no mínimo um ato antiético ou amoral. E, ampliadas as conseqûencias desse ato ao nível espiritual, elas estão caminhando para um beco sem saída – ou não sabem disso? Mas o triste mesmo é ver que muita gente simples e inculta não tem a menor ideia de que enganar os outros é errado. Esse mau costume, tacitamente aceito nos diversos níveis da sociedade, faz lembrar do general De Gaulle, ex-presidente da França, quando observou que O Brasil não é um país sério. Daí surge o seguinte problema: não há onde os menos esclarecidos se espelharem para agir corretamente, há falta de modelos. Não têm sequer como equacionar a questão porque todo mundo mente, o que faz desse hábito uma coisa natural. 
  Consciência cauterizada - Nos níveis mais representativos da sociedade, nos que detêm o poder, (não só político), parece ocorrer o que o apóstolo Paulo chamou de cauterização da consciência. Nesse patamar social, evidentemente, não se pode alegar desconhecimento  do que é certo e do que é errado. Procede-se com falsidade, por opção, sufocando a voz da consciência, são “homens que falam mentiras, e que têm cauterizada a própria consciência.” (I Timóteo 4:2). 
Quanto às mulheres, penso que podem se considerar absolvidas dessa mancha que, através dos tempos, lhes vem sendo imputada: mentira e hipocrisia decididamente não são exclusividade feminina.  

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                                           AMARGA INVEJA                  

                                    Rachel Winter                                                                                

São inúmeros e bem conhecidos os relatos bíblicos que tratam das tragédias originadas por esse sentimento perverso chamado inveja. Basta lembrar que foi a causa do primeiro homicídio registrado na Bíblia; quando Caim matou Abel, porque Deus não se agradou de sua oferta, mas da de seu irmão. Bem se vê, a inveja pode permear qualquer relacionamento, mesmo aquele que deveria ser, por definição, afetivo. Transforma os laços (de ternura...?) familiares ou de amizade em armadilhas que podem ser mortais. E, por incrível que pareça, embaraça até relacionamentos entre mãe e filhos. E o mais assombroso é quando se verifica que esse filho é ainda um bebê! Foi o que se viu, há algum tempo, em Curitiba: uma mãe, de dezessete anos de idade, torturava o seu bebê, de apenas 4 meses de vida. O motivo, segundo suas próprias palavras, era inveja da atenção que a família e as visitas dispensavam à criança. Ela não aguentava ouvi-los dizer, frente ao berço: Que gracinha! Tão bonitinho! E outras palavras de carinho e admiração pela criança, fazendo-a sentir-se em segundo plano.
Não se sabe como a criança sobreviveu, pois já tinha calos em alguns ossos do corpo, que haviam sido fraturados e teriam solidificado mesmo sem atendimento médico, tudo isso causado pelos maus-tratos infligidos pela mãe. Mais chocante ainda é saber, segundo opinião de psiquiatras, que muitos dos crimes praticados com requintes de crueldade são de autoria de pessoas consideradas mentalmente normais – que sabem muito bem o que estão fazendo. No caso da mãe, denunciada por parentes, foi condenada pela justiça a alguns anos de prisão.  
O apóstolo Tiago [3:14-15] discorrendo sobre a inveja, diz: “Mas se tendes amarga inveja, e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. Essa não é a “sabedoria” que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica.”
Perturbação e perversidade – A sociedade sempre enalteceu a mulher como mãe; ainda que a desprezasse como cidadã e a marginalizasse como “segundo sexo” - expressão cunhada pela pensadora francesa Simone de Bouveau. A idéia que se fazia da mulher era de um ser meigo e frágil, mãe por excelência, ainda que incapaz de dirigir a sua própria vida (segundo os preconceitos vigentes) – incapaz igualmente, dada sua bondade natural, de cometer atrocidades como as praticadas pelos homens, conforme relatos históricos e a prática diária nos mostra. Como se vê, idéias permeadas de preconceitos e tabus. É difícil redirecionar esse olhar e reconhecer que a mulher pode ser tão cruel quanto o homem. E que, movida pela inveja, ou por outros sentimentos devastadores, seja capaz de praticar crimes hediondos. Na realidade, para o bem e para o mal, ambos estão em igualdade de condições.
Educação cristã – Nesse sentido, a educação das meninas merece a mesma atenção que a dos meninos no que se refere à prevenção da agressividade e da violência. Necessita ser alicerçada no amor que ensinou e praticou o Mestre dos mestres – Jesus Cristo. É no amor cristão, a verdadeira rocha sobre a qual deve alicerçar-se qualquer processo educacional. Todas as pessoas precisam daquele ‘conhecimento que vem do alto’, para aprender a crescer como ser humano e a não viver um relacionamento dilacerante, animalesco e diabólico com seu semelhante. A mulher – mãe, por natureza – deve reconhecer-se o mais cedo possível como guardiã da vida. Conscientizar-se de seu papel de “depositária fiel” da herança do Senhor, que são os filhos. Sem a direção que nos dá a palavra de Deus, a luta que todos fatalmente têm que travar para vencer a si mesmos será inglória. Sem perda de tempo, deve-se começar na infância o ensinamento para a prática do amor cristão. Uma vez que Deus ama a todos da mesma maneira, sem as exceções baseadas em parâmetros humanos.
O combate à inveja torna-se um dos principais alvos a ser alcançado em se tratando de educação infantil. Para alcançá-lo os próprios pais precisam ser os primeiros a não cultivar esse sentimento amargo e faccioso, pois, onde há inveja há perturbação e toda obra perversa, como nos adverte o apóstolo Tiago. Os filhos são o reflexo dos pais.

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                        MULHERES ESPANCADAS

                                                                                                       Rachel Winter

Dados estatísticos revelam que, a cada 15 segundos, uma mulher brasileira é espancada. Este fato vem, certamente, surpreender a todos que acreditam que com leis tão progressistas para proteção dos direitos femininos, costumes bárbaros como agressão física haviam sido banidos da sociedade. Grande engano, como se vê. Conforme observou a secretária dos Direitos da Mulher, Solange Bentes: “A violência contra a mulher tem uma conotação cultural muito forte, em nosso país.”
Esse registro chocante sobre agressões à mulher, consta de um levantamento feito a partir de 1985, e que se encontra no chamado Relatório Nacional Brasileiro, lançado, ainda, no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. E, como seria de esperar, setenta por cento dos incidentes acontecem dentro de casa e o agressor é o próprio marido ou companheiro da vítima.
Tortura no lar – Deve ser bem triste a vida no lar em que o marido costuma agredir mulher e filhos. (Marido violento, geralmente, é pai violento). Num ambiente assim, de permanente tensão, o medo é o denominador comum, como numa prisão, tipo Carandiru, Bangu e assemelhadas; sem exagero, pois pancada machuca, mutila e causa dor, venha da parte de quem vier, carcereiro, marido ou pai, e aconteça na penitenciária ou no “lar”.
Quanto aos filhos, independente de serem ou não agredidos, são marcados por seqüelas psicológicas que os acompanham pelo resto da vida, traumatizados pela visão das cenas do pai atacando a mãe. É dor que nunca acaba. São feridas incuráveis que ficam no coração dos filhos, na mente torturada da mulher ou nas mutilações físicas de que muitas delas são vítimas. Que filho poderá esquecer os gritos de dor da mãe, ou a visão da face transtornada pelo ódio, do pai agressor?
Em briga de marido e mulher... - E pensar que, até pouco tempo, a sociedade fingia que não via o fato de os maridos baterem nas esposas. A polícia interferia apenas quando a agredida quase morria ou vinha realmente a morrer. Ninguém a defendia, pois era voz geral que em briga de marido e mulher ninguém mete a colher. Foram séculos de agressão impune e ignorada e de sofrimento silencioso. Hoje, pode-se creditar a essa violência contra a mulher, nos lares, a má fama que cerca o casamento entre pessoas do mundo, e o número crescente de divórcios. Se a vida em família, historicamente falando, tivesse sido muito boa, a liberdade e os direitos adquiridos pela mulher atualmente não teriam força suficiente para ameaçar a instituição do casamento, como se vê acontecer. Serviriam, esses avanços, ao contrário, para aperfeiçoá-lo, e levar o casal a ter uma vida em comum mais plena, como acontece no meio evangélico, entre pessoas verdadeiramente cristãs. Note-se, entre as verdadeiramente cristãs e não apenas evangélicas denominacionais. Entre aqueles casais que pautam sua vida pela palavra de Deus, que exorta os maridos a amar as suas mulheres como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela.” (Efésios 5:25). E diz mais: “Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo. Porque nunca ninguém aborreceu a sua própria carne; antes a alimenta e sustenta, como também o Senhor à igreja.”[28b e 29].
Precisa dizer mais alguma coisa?

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GRANDES MISTÉRIOS ENVOLVEM A 'CURA' DO CEGO DE NASCENÇA
 
Rachel Winter

Dentre os milagres operados pelo Senhor Jesus no plano da saúde humana, tais como cura de graves enfermidades contra as quais a medicina da época era ineficaz – a cura do cego de nascença é o mais enigmático. O que mais intriga, nesse caso, foi o fato de Jesus ter usado pó da terra para realizá-lo e untá-lo com a própria saliva. Espantoso! Observemos, nos versículos 6, 7 e 8, do capitulo 9 do evangelho de João, como Jesus procedeu naquela ocasião: “Cuspiu na terra, e com a saliva fez lodo, e untou com o lodo os olhos do cego. E disse-lhe: Vai, lava-te no tanque de Siloé (que significa o Enviado). Foi pois, e lavou-se, e voltou vendo.” Extraordinário! O mistério, contudo, é mais abrangente, ainda há mais detalhes que nos intrigam. Muitos, muitos mais...
Outra diferença – Outro dado que diferencia essa cura das demais realizadas por Cristo foram as palavras que Ele pronunciou a respeito daquele cego: “Para que se manifestem nele as obras de Deus.” Sabemos que a restituição da saúde às pessoas doentes, e ainda mais a ressurreição de mortos, (glória a Deus!), concorrem para que o Pai seja glorificado em seu Filho, Jesus Cristo. Mas, naquele homem, a cura concorreria para algum outro objetivo além desse, ou seja, para que se manifestassem nele as obras de Deus. Então, a questão a esclarecer é a seguinte: a que espécie de obras, exatamente, estava Jesus se referindo? A resposta só pode ser: às obras da Criação divina. E não, apenas, às obras milagrosas da restituição da saúde e da vida, operadas por Deus, nas pessoas, através do nosso Salvador.
Artesão Criador - Ao restituir a visão ao homem que nascera cego, Jesus Cristo operou no sentido de realmente referendar as obras da Criação divina. Como assim? Porque essa não foi uma cura. Foi a criação do sentido da visão naquele que nascera cego. Fato que, como um raio de luz, aponta para a criação do primeiro homem, Adão, com o pó da terra,(Gênesis 2.7. Ocasião em que, Jesus Cristo, ao lado do Pai que diz: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança...”, trouxe – da terra - a existência à vida humana. Assim, ao cuspir na terra e com a saliva fazer lodo, com o qual untou os olhos do cego, Cristo estava naquele exato momento – como num flash-back - remetendo-nos à Gênese: ao momento da Criação. Portanto, Jesus Cristo não realizou uma cura, o que significaria restaurar a visão afetada por alguma doença. A visão nunca existira. Na realidade, Ele chamou à existência o próprio sentido da visão, para aqueles olhos anteriormente destituídos dela. Atente-se para o fato de que não havia ferimento nem doença alguma que houvesse afetado aqueles olhos, os quais não haviam sequer recebido o dom da vida. Ao dar-lhes vida, Jesus demonstrou estar acostumado, por assim dizer, a criar vida por meio do pó da terra. E mais ainda, nesse momento, fez-se reconhecer como aquela pessoa que estava ao lado do Pai, quando Deus criou o ser humano.
Escolhido para a “cura” – Deve-se, porém, fazer uma ressalva quanto à situação do homem que foi objeto desse milagre. Momentos antes de realizá-lo, Jesus respondeu aos discípulos que lhe perguntaram:”Rabi, (Mestre), quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Jesus respondeu: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus.” Pode-se classificar de ingênua essa pergunta dos discípulos; certamente, baseada em crendices, daquela época, como a reencarnação. O que deve ser enfatizado é o fato de Deus tê-lo escolhido, entre outros cegos, para receber o sentido da visão. Não se trata, portanto, de vê-lo como uma pessoa que tivesse sido vítima da cegueira como castigo pelos seus pecados anteriores ao nascimento, o que seria absurdo, ou porque seus pais haviam pecado. Mas de vê-lo como um privilegiado por receber a graça divina da vida em seus olhos. Pode-se entender melhor o significado desse acontecimento através de outro fato relatado na Bíblia e mencionado pelo próprio Senhor Jesus, em Lucas 4: 27, com relação à cura de Naamã, o leproso: “E muitos leprosos havia em Israel no tempo do profeta Eliseu, e nenhum deles foi purificado senão Naamã, o siro.” Por analogia, pode-se inferir então que, dentre as demais pessoas cegas de nascença, apenas esse homem teve a oportunidade de encontrar-se com Cristo para receber o sentido da visão, diretamente de Suas mãos.
Esse milagre foi muito bem definido pelo próprio homem que o recebeu, ao afirmar: “Desde o princípio do mundo nunca se ouviu que alguém abrisse os olhos a um cego de nascença.” Foi um felizardo, pois, além de ter a visão criada pelas mãos de Cristo, também, serviu para testemunhar a veracidade da criação do homem do pó da terra. E, também, para mostrar aos que são como Tomé, que precisam ver para crer, a prova da participação de Cristo na criação do homem, e, repetimos, a constatação de que fomos formados, realmente, do pó da terra do qual Deus tira vida.
Resta, ainda, um enigma a ser decifrado. Trata-se do modo como Jesus fez o lodo que colocou sobre os olhos do cego. Diz a Bíblia que foi usando Sua própria saliva, cuspindo na terra. Lembrando que Cristo é Santo, não é de admirar que Dele emane poder para curar e para criar – por todos os poros e até mesmo pela saliva. Em outras duas ocasiões, Jesus usou esse mesmo expediente para curar duas pessoas, um surdo-gago e um cego, conforme lemos em Marcos 7.33 e 8.23. No primeiro caso, usou dois recursos. Jesus cuspiu e tocou na língua daquele homem e ele começou a falar fluentemente; para curá-lo da surdez usou a palavra Efatá, que quer dizer abre-te! No segundo episódio, para restaurar a visão de um outro cego, chegou a cuspir diretamente nos olhos do homem e, ao impor-lhe as mãos sobre os olhos, ele passou a ver com clareza. Diante disso, só nos resta exclamar: “Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, Aquele que era, que é e que há de vir!(Apocalipse 4.8b). E, com alegria podemos, também, fazer eco às palavras registradas no livro de Gênesis: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.”(Gênesis 2:7).
A Deus – Pai, Filho e Espírito Santo – seja toda a honra e toda a glória para sempre, pelo supremo dom da vida que nos é dado.
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                                          MARIA, MÃE DO SENHOR JESUS

Rachel Winter

Os evangélicos não se sentem muito à vontade para falar de Maria, a mãe de Jesus, pelo fato de algumas pessoas devotarem a ela uma adoração antibíblica, e elevarem-na ao nível de co-redentora ao lado de Jesus – nosso único e suficiente Salvador.
Mas, esse sentimento – diria mesmo, esse justificado temor – não nos impede de olhar maravilhadas, com respeito e admiração, tentando descobrir os motivos que teriam levado Deus a escolher Maria para a missão de trazer Jesus ao mundo; e, ainda mais, de encarregá-la da tarefa de criar e educar o menino Jesus. Observemos que Deus não delegou a uma comissão de reputados professores ou aos mais respeitados sábios e anciãos, da época, a tarefa de educá-lo. Mas, delegou-a à própria Maria, jovem, quase uma adolescente e pessoa simples. Realmente, Maria constitui-se numa incógnita para nós. Observe-se que a palavra incógnita significa, em Matemática, grandeza a ser determinada. É o que a mãe de Jesus representa para a nossa inteligência, uma incógnita a ser resolvida a fim de determinarmos a sua ”grandeza”, a qual costuma ir além de nosso conhecimento.
Palavras inefáveis foram dirigidas a ela pelo anjo Gabriel: “Salve, agraciada; o Senhor é contigo: bendita tu entre as mulheres”. (Lucas 1. 28). E, mais adiante: “Maria, não temas, porque achaste graça diante de Deus.” (v.30).
Que mulher foi essa, digna de receber tamanha honra por parte de Deus, a ponto de ser agraciada como mãe do Salvador? Quais seriam as qualidades inerentes à sua personalidade? Não precisamos nem pensar duas vezes para detectar a primeira delas: a pureza de coração; porque tal como Jesus escreveria, mais tarde: “Bem-aventurados os limpos de coração; porque eles verão a Deus.” (Mateus 5.8).
Conseguimos entrever nos relatos do evangelho de Lucas, algumas de sua qualidades como a coragem, pela reação destemida que demonstrou diante do anjo, no anúncio do nascimento de Jesus. Ainda que tenha se assustado, Maria, sem titubear, aceita o que foi determinado por Deus para sua vida, dando mostras de grande coragem e lucidez: “Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra.” (v. 38). Palavras que mostram Maria humildemente, colocando-se no lugar de serva - a quem não compete discutir ou desobedecer a vontade divina - e aceitando a missão que lhe fora confiada.
Deparamo-nos, na seqüência da mesma cena, com as principais características de sua personalidade além da coragem e da obediência a Deus, lucidez mental, humildade e outra importantíssima qualidade, a capacidade de agradecer. Desta última dá exemplo em seu cântico, ao dizer: “A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador.” (v v.46 e 47).
Sua atitude impecável, ao aceitar de imediato a missão que lhe fora confiada, e levantar a voz aos céus para agradecer por ela, é digna de admiração e serve de exemplo para a vida de todo cristão. Segundo relatos bíblicos, essa atitude não é a que tiveram alguns servos de Deus quando foram chamados para servi-lo ou receberam algum anúncio inusitado da parte do Senhor. O caso de Zacarias – sacerdote do Senhor - ilustra bem isso; ele duvidou quando o anjo avisou-o sobre o nascimento de João Batista, porque Isabel, sua mulher, era estéril e ambos já idosos. (Lucas 1. 18). Jonas, por sua vez, recalcitrou contra o mandado que lhe fora dado para levar a Palavra aos ninivitas e, somente depois de ter passado três dias no ventre de uma baleia, foi que resolveu atender ao mandado de Deus, e seguir para a cidade de Nínive a fim de cumprir sua missão. (Jonas 2.10; 3.3).
Maria, ao contrário, foi rápida em atender à voz do Senhor e em agradecer-lhe por tê-la escolhido.
Paciência – Não podemos esquecer de acrescentar à lista das grandes qualidades de Maria, a paciência, a delicadeza e o domínio próprio.
Na infância de Jesus, Maria deu uma grande demonstração de paciência por ocasião do desaparecimento do menino, quando a família voltava da festa da Páscoa, em Jerusalém. Pensando que ele voltava em companhia dos parentes e amigos, os pais não se preocuparam com sua ausência. Como demorassem a vê-lo, foram procurá-lo e, tendo a busca pelos arredores se mostrado infrutífera, voltaram para Jerusalém à sua procura. Note-se que, naquele tempo, o meio de transporte mais usado era o jumento, fora isso não restava outra alternativa senão andar a pé. José e Maria após três dias de viagem, certamente, usando esse precário meio de transporte encontraram Jesus no templo, em debate com os doutores, que se admiravam de sua inteligência. Maria, apenas perguntou-lhe: “Filho, por que fizeste assim para conosco? Eis que teu pai e eu ansiosos te procurávamos.” (Lucas 2. 47b).
Como será que outras mães reagiriam diante de uma situação como essa? Certamente, muitas se descontrolariam e chegariam a agredir a criança com palavras ou até mesmo fisicamente – atitudes, sem dúvida, condenáveis. Mas, Maria possuía domínio próprio e, certamente, sabia dialogar com Jesus, (hábito saudável que os pais precisam cultivar para bem educar os filhos). Não era soberba a ponto de clamar por vingança diante de qualquer falta alheia, de que pudesse se ressentir o seu amor próprio - quanto mais se cometida por uma criança.
O lugar de Maria - Não restem dúvidas, porém, sobre a questão óbvia de não podermos vê-la como co-redentora ao lado de Cristo. Ela mesma nunca pediu que a víssemos assim e, muito menos, que fosse adorada. Por ocasião do primeiro milagre de Jesus, quando da transformação da água em vinho, ela pronunciou palavras de significado imperecível: “Fazei tudo o que Ele mandar.” (João 2:5) (Se algumas pessoas estão levando a sério tais palavras, ou não, é outra questão...).
Como mãe terrena de Jesus o seu modo de agir e de se comportar deve servir-nos de exemplo, ela amava verdadeiramente seu Filho. Como a maioria das mães, certamente, amam os seus próprios filhos. Pode-se avaliar o amor de mãe pela maneira como ela trata o filho. Assim podemos avaliar o amor de Maria: ela nunca esteve ausente nos momentos cruciais da trajetória de Jesus. Mas, também, no cotidiano, ao que tudo indica, não o largava de vista enquanto Ele permaneceu em seu lar.
Hoje, seu comportamento pode ser comparado ao de uma supermãe - no bom sentido da palavra. (Aquela que está sempre ligada aos interesses e necessidades dos filhos, pronta a ajudá-los). Não aquela mãe que sufoca o filho com incessantes recomendações, não dando tempo para que ele assimile os seus ensinamentos e despejando sobre ele uma enxurrada de conselhos em borbotões de palavras. Ou aquela mãe irada, que se mantém na defensiva pronta para agredir o filho diante da menor falta que cometa. Maria era equilibrada, tanto que são poucas as suas palavras registras na Bíblia. Mas, certamente não incorria num outro erro comum de algumas mães, o da omissão. Permaneceu firme ao lado do filho até que Ele deu início ao seu ministério terreno – por ocasião das bodas de Caná da Galiléia, (João 2. 1-11), quando realizou seu primeiro milagre ao transformar água em vinho. O episódio dá exemplo de como Maria vivia atenta – “ligada”, como se diz na gíria – aos interesses à vida de Jesus. Na ocasião, ao constatar que o vinho servido na festa acabara, Maria comunica o fato a Jesus e Ele lhe responde de modo significativo: “Mulher que tenho eu contigo?” seria o mesmo que dizer: aqui nossos caminhos se separam. Jesus Cristo chegara à maioridade espiritual e passaria a caminhar como o Filho de Deus. Mesmo proibindo os discípulos de identificá-lo desse modo, os seus milagres e curas de doenças falavam mais alto e apontavam para a Sua filiação divina.
Junto à Cruz – Novamente, Maria se encontra ao lado do filho. E a Bíblia relata com singeleza...” junto à cruz de Jesus estava sua mãe.” (João 19: 25). Momento profetizado, na infância de Jesus, por Simeão, quando afirmou que uma espada traspassaria a alma de Maria. (Lucas 2. 35).
Junto à cruz, Maria vê o sangue do filho escorrendo e lavando a terra. Ela que se desvelara para protegê-lo, quando criança, cuidando para que não se ferisse nem se machucasse, via-o agora, irreconhecível, com o semblante desfigurado pelas torturas sofridas a caminho do Calvário. Jesus agonizava na cruz. Maria agonizava na alma. Antes, porém, de expirar e “vendo ali sua mãe, e que o discípulo a quem ele amava estava presente, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa.” (vv. 26 e 27).
Jesus não a deixou desamparada e provou, com esse gesto, o seu amor por ela. Contudo, deixou claro que a missão de Maria havia se completado, ao afirmar: “Mulher, eis aí teu filho”...
Os laços de parentesco terreno passam a ser coisa do passado. Cristo teria, finalmente, a sua verdadeira identidade revelada como Filho de Deus; ainda que, durante seu ministério terreno, houvesse proibido os discípulos de identificá-lo como tal, a realização de milagres, curas de doenças e enfermidades e de libertação dos oprimidos clamavam bem alto identificando-O como o Cristo, o Filho de Deus. Mas, é a partir da cruz e da ressurreição que tudo é, verdadeiramente, confirmado e revelado.
Quanto à Maria será para sempre conhecida como a “bem-aventurada” dentre as mulheres, a que cumpriu vitoriosamente a missão que do Alto lhe foi confiada.
Assim, possamos todas nós, como mãe, cumprir a nossa missão com sucesso, e nos momentos de dificuldade na educação dos filhos, inspirar-nos na paciência, humildade e sabedoria de Maria. Amém.
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                                   PRECONCEITO FATÍDICO

Rachel Winter

Muitas mães, apesar da vontade de bem educar os filhos, ignoram um dos itens mais importantes do processo educacional, ou seja, o incentivo para a formação de uma consciência humanitária desde a infância. Não conseguem fazer as crianças compreender (porque também não compreendem) que aquela outra criança, pobre, fraquinha, e mal-cheirosa é, em sua essência vital, absolutamente igual a ela. E que as diferenças sociais, econômicas ou culturais podem ser superadas. São apenas características perversas de uma sociedade injusta. Filhos do mesmo Deus, criados à sua imagem e semelhança todos somos absolutamente iguais. Templos do Espírito Santo. Desse conhecimento dependerá a qualidade de seu relacionamento com as outras pessoas pelo resto da vida. “Pessoas especiais” – A recusa de se misturar com os mais carentes, socialmente falando, parece ser um dos maiores obstáculos à evangelização de muita gente que se considera do primeiro escalão social. Se alguém não pode amar o seu próximo – pelo fato do mesmo não pertencer à sua classe social – como poderá ser um cristão verdadeiro? Alguém pode imaginar Jesus Cristo andando somente com a elite social e política de sua época? Cristo, como se sabe, trânsitava de alto a baixo na pirâmide social.
Já ouvi muita gente, com interesse em conhecer a Bíblia, ao ser convidada a freqüentar uma igreja evangélica mais humilde, exclamar irritada: “Junto com aquela gente, nem pensar, lé com lé, cré com cré”... (?) Muitos não conseguem enxergar o óbvio na mensagem cristã entre tantas situações exemplares, foi um simples pescador que o Espírito Santo escolheu para revelar a identidade espiritual de Jesus: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” – falou Pedro, quando Jesus lhe perguntou o que diziam que ele era. – (Mateus 16:16). E a esse mesmo pescador foram entregues, também, as “chaves do reino” [16:19]. Dada sua profissão, Pedro positivamente não era gente fina, (ao contrário de Paulo, cidadão romano, culto e muitíssimo inteligente). Pedro devia cheirar à peixe, maresia e suor. Era iletrado e indouto, (Atos, 4:13). Senso estético - O jornalista Paulo Francis, já falecido, confessou certa vez nunca ter conseguido ultrapassar as barreiras de seu senso estético – em função da caridade. Tudo indica que só é possível ultrapassar essa barreira estando sob o dom da graça divina. A história é pródiga em exemplos nesse sentido. E a atitude e atividade dos que são realmente cristãos também o confirma.
Preconceitos familiares – O amor à beleza - sentimento comum a todos nós – mas que tende facilmente a se transformar em idolatria, bem como o excessivo apego à sua importância pessoal e ao status social impedem o pleno desenvolvimento do cristão como tal. Entravam a caminhada dos que querem seguir a Jesus, pois contrariam o grande mandamento do “amar ao próximo como a si mesmo” . Note-se que o mandamento não fala em amar apenas algumas pessoas, mas ao próximo sem distinção.
Como as pessoas muito bem sucedidas socialmente nem sempre têem o mesmo brilho na dimensão espiritual, convém não se deixar levar pelas aparências. E muito menos transmitir esses preconceitos aos filhos. O filósofo francês J.J.Rousseau dizia que ”a criança nasce pura, a sociedade a perverte.” Quer dizer, a família, neste caso, pode levar a criança a rejeitar seus “semelhantes” unicamente por suas características exteriores ou simplesmente porque são pobres. Essa herança (maldita) poderá ser a pedra de tropeço que a fará desviar-se do caminho da salvação.
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                                    MUITAS MULHERES E POUCO AMOR
Rachel Winter
Conta-nos a Bíblia que o rei Salomão tinha setecentas mulheres, princesas, e trezentas concubinas. Muitas eram estrangeiras, e uma delas, filha do Faraó. Naquele tempo, era permitido ao rei ter tantas mulheres quantas desejasse. É de se imaginar que, naquelas circunstâncias, ele deveria viver cercado por muito amor. Mas, parece que não era bem assim – tendo-se em vista que amar é desejar o bem da pessoa amada. É interessar-se por tudo o que lhe diz respeito, inclusive por seus valores morais e espirituais.
Quem ama preserva - O próprio Salomão demonstrou saber que amar é desejar o bem do ser amado ao decidir o caso, que lhe fora apresentado para julgar, das duas mulheres que se diziam mães de uma mesma criança: ele ordenou que se dividisse a criança ao meio, dando uma parte a cada uma delas. O amor da verdadeira mãe gritou mais alto e ela disse que abdicaria do filho em favor da outra, desde que a criança continuasse viva. A indiferença da outra diante do veredito macabro foi a prova de que estava mentindo, e da qual o rei precisava pra entregar a criança à sua verdadeira mãe.
As esposas de Salomão agiram de modo semelhante, em relação ao rei, tal como aquela que fingiu ser a mãe da criança; adeptas do paganismo, condenaram-no tacitamente à derrocada espiritual e à divisão de seu reino, posteriormente. Indiferentes à fé que ele professava, e aos problemas que para ele adviriam ao contrariá-la por permitir, em seus domínios, a idolatria. Pouco lhes importava o que pudesse acontecer com ele e, tampouco, com o seu reino. Era como se dissessem: podem cortá-lo em pedacinhos. Nenhuma delas o acompanhou na sua fé para livrá-lo da derrocada. Nenhuma delas gritou: “O teu Deus é o meu Deus e o teu povo é o meu povo”.
Alienadas e omissas - Elas tinham conhecimento de que o rei adorava ao Deus vivo, ao Deus de Israel. E que, em Sua honra construíra o maior e mais suntuoso templo de que se tem notícia na História. Até hoje não foi superado. Todavia, não manifestaram o menor interesse em conhecer a esse Deus. Nem se importaram pelo fato de Salomão estar provocando a ira divina, ao permitir que fossem erguidos altares, em seus domínios, em honra aos deuses do paganismo que elas seguiam. Elas não estavam nem um pouquinho preocupadas com isso.
Por permitir a idolatria dentro dos termos de seus palácios, foi profetizado que o seu reino seria “rasgado” e entregue a um dos seus servos após a sua morte. Ameaça que realmente se concretizou. (Só uma tribo foi preservada por Deus, por amor a Davi, pai de Salomão).
Mas não se entenda que a culpa de Salomão ter-se desviado dos caminhos do Senhor foi só das mulheres. Não. Elas eram como que objetos integrantes da coleção do rei. Note-se que a coleção era grande – mil mulheres!
A culpa maior foi do próprio Salomão ao contrariar o que fora dito por Deus, aos israelenses, para que não se unissem a mulheres estrangeiras, pertencentes a povos pagãos, porque elas perverteriam os seus corações para seguir aos seus ídolos. E não foi o que aconteceu? Ignorar a voz de nosso Pai celestial é tão perigoso para nós quanto é para a criança ignorar a advertência do pai: Filhinho, cuidado! ali adiante tem um poço muito fundo.


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