sábado, 18 de junho de 2016

Predomínio da Insanidade

                                 PREDOMÍNIO DA INSANIDADE         
                                                                                                                                                                                       Rachel Winter

Estamos vivendo a era da insanidade. À par da insegurança gerada pela criminalidade, nas grandes e pequenas cidades e o surgimento dos mais sinistros tipos de crime, inclusive a corrupção entre os políticos, outro fator de desconforto ronda a sociedade. Trata-se do interesse inexplicável por explorar o universo da loucura e, mais estranho ainda, uma espécie de complô para divulgá-la; numa tentativa de desagregar todo e qualquer comportamento que denote equilíbrio.
É o predomínio da insanidade mostrado em filmes, telenovelas, programas humorísticos, desenhos infanto-juvenis, games e até brinquedos - especialmente para os meninos, monstruosos assassinos saídos das telas do cinema e da televisão. Observado, também, na aparência das pessoas e no modo de vestir. Quanto mais asquerosa a aparência, melhor. Cultiva-se o feio, o aterrorizante, o nojento.
Filmes tipo mentes criminosas, canibalismo, serial killer proliferam no cinema. Está em alta tudo o que se refere à loucura. A demência passou a ser a musa inspiradora, também, dos estilistas. Modelo de roupa que não compõe uma aparência extravagante não serve. Desfile de moda se assemelha muito a desfile circense. Não entendo como as pessoas conseguem assisti-los sem cair na gargalhada. Já apareceu até modelo, desfilando graciosa e elegantemente, com um chapéu em forma de galinha. E todo mundo conseguiu permanecer sério. Não sei o que o estilista quis dizer com isso.
Ao passo que, programas televisivos tipo vídeo-cacetadas são considerados engraçados.  Personagens e fatos são reais: crianças, bebês e adultos, batem com a cabeça na parede, caem de bicicletas, despencam ladeira abaixo enquanto os telespectadores se divertem. Note-se que brigas de galo e trabalho de animais em circo foram proibidos. Felizmente! Contudo, não foram criadas ainda leis de proteção às pessoas, para que os acidentados deixem de servir de diversão ao público. Já vi acontecer acidentes na rua e a reação das pessoas foi a mesma que diante da telinha. Uma pessoa ferida ao acidentar-se é motivo de riso. A dor alheia virou espetáculo hilário. Raros são os transeuntes que param para ajudar alguém que sofreu uma queda; a maioria olha, ri e passa.
E, tem mais, nas novelas televisivas a moda agora é mulher criminosa. Já apareceu até serial killer como protagonista de novela no horário das 21 horas. Foi um sucesso. Mulheres assassinas ou que cometem as mais diversas espécies de crime estão em alta na telinha. Vingança é o tema preferido pelos autores novelísticos. Os quais ensinam que ofensas, frustrações e desilusões têm que ser lavadas com sangue. Xingamento e bofetadas completam o cenário. Na maior parte do tempo, os personagens trocam insultos entre si independente do grau de parentesco, seja com pais, mães, esposas, filhos. O núcleo familiar parece um estádio de futebol no momento de jogo entre Brasil e Argentina. É palavrão pra todo lado. Chega a ser cansativo.
Coincidentemente, o noticiário das páginas policiais relatam crimes que parecem inspirados nesses extenuantes temas de horror.
MULHER TANAJURA – Não é só o modo de vestir das mulheres e dos homens que denota essa característica de demência da sociedade. O corpo feminino vem sofrendo mutações por meio de cirurgias plásticas para aumento dos glúteos. Se o objetivo é tornar a mulher semelhante àquelas formigas da espécie Tanajura, o êxito tem sido total. Quanto aos seios, só faltam explodir – às vezes explodem mesmo – e chegam a ponto de competir em volume com bolas de futebol. A deformação do corpo feminino pode ser indício da deformação mental, da insanidade, que está tomando conta da sociedade.
A modernidade da qual se orgulham as contemporâneas de mente aberta (?) absorveu o espírito circense, deformou o corpo feminino e, em lugar da figura da mulher barbada ou mais gorda do mundo que lá se encontrava, criou a mulher Tanajura. Não é mais necessário pagar ingresso no circo para ver a figura caricatural da mulher. É só andar pelas ruas ou ligar a televisão.
A aparência dos homens, também, se encontra alterada. De repente, grande parte deles, parece que acordou sob o efeito de uma metamorfose, tal como aconteceu com o personagem da novela de Kafka, (Metamorfose), o qual, um dia, acorda transformado num inseto horrível. Mutação involuntária, diga-se de passagem; enquanto que os contemporâneos escolheram livremente manter a aparência bizarra semelhante a de doente mental. Colares, brincos, tatuagens, piercings, cabelos espetados e lá vai ele, o protótipo do homem moderno, todo pimpão, desfilando a sua inconsequência.
Houve tempo em que o interesse do público voltava-se para histórias dos que se destacavam como benfeitores da humanidade, para os grandes gênios da ciência, da filosofia, da literatura, os heróis nacionais ou os pequenos heróis do dia-a-dia, por seus atos de generosidade, honestidade, lealdade. Agora, o interesse é saber o que se passa na mente dos loucos-criminosos e quanto mais bárbaros mais interesse despertam. De quem será a responsabilidade? Do público ou dos manipuladores desse lixo cultural?
Uma coisa é certa, a educação no país tem sido tratada como material descartável. Verdadeiro monturo. Mas, como os descartáveis podem ser reciclados, resta a esperança que ocorra essa transformação salvadora na educação em nosso país, sob as bênçãos de Deus. Então, o interesse das pessoas se voltará para o que é vital e luminoso e não para simulacros de morte e trevas. 

rawinter@terra.com.br



                             

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