quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

PROJEÇÃO

                                O OLHAR MASCULINO
                                                                                Rachel Winter

Quando será que todos os homens - que se dizem cristãos –reconhecerão plenamente o direito de a mulher exercer o ministério pastoral? Essa pergunta se impõe ao observar-se a resistência que, até mesmo, alguns pastores demonstram ao não aceitarem ou permitirem que a mulher ocupe o púlpito da igreja. Parece que eles não se deram conta de que foram as mulheres as encarregadas de anunciar a ressurreição de Cristo, e de maneira gloriosa essa missão foi-lhes dada pelo próprio Senhor Jesus, no momento que se seguiu à Sua ressurreição. Glória a Deus! Daí, outra pergunta: será que esses homens entendem mais a respeito do lugar ocupado pela mulher no mundo espiritual do que Jesus? Nesse sentido é oportuno observar o que diz o apóstolo Paulo sobre os que são de Cristo, em Gálatas: 3: 27 e 28: “Porque todos os que fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo. Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus”.
Ao que parece, os homens que se mostram preconceituosos e contrários à atuação das mulheres como pastoras, realmente, não possuem ainda a mente de Cristo, condição própria daquele que, nascido de novo, está revestido do poder e da visão de Deus. Jesus escolheu aquele grupo de mulheres, revestidas de seu espírito, para levar a mensagem da ressurreição quando disse a Maria Madalena: “Mas vai para meus irmãos e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus. Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos que vira o Senhor, e que ele lhe dissera isto” (João 20: 17b e 18). De modo que sendo as mulheres cristãs membros do corpo de Cristo, e filhas de Deus, tanto quanto os homens cristãos, possuem, como estes, o mesmo direito de pregar o Evangelho, prova disso foi a atitude de nosso Salvador, confiando-lhes aquela missão divina.
O teste de Madalena – Se perguntarmos, não somente aos homens, mas até mesmo às mulheres, o que lhes vem à cabeça quando se fala de Maria Madalena, a resposta é imediata: Ela foi aquela “pecadora” de quem Jesus expulsou sete demônios. Pura verdade, sem dúvida.
Contudo, seu pecado não teve nada a ver com prostituição, como a maioria das pessoas pensa. Na Bíblia não há qualquer palavra que indique isso. E mais, raramente lembram-se do mais importante na sua vida que foi o fato de ter sido a primeira pessoa a encontrar-se com o Cristo ressurreto. Ô glória! As pessoas não costumam dar destaque a esse acontecimento que revela a elevada estatura espiritual de Maria Madalena. Será que perante os cristãos ela já foi plenamente redimida de seu passado, como o foi perante Jesus Cristo? Ao tecer essas considerações, falamos daquilo que todos já sabem, ou seja, da tendência humana de olhar através dos olhos da carne sempre prevalecendo sobre o olhar através dos olhos do espírito. Mas, todo tempo é tempo de clamar a Deus pelo aperfeiçoamento de nossa mente e do nosso coração. 
Projeção da fêmea – Em Psicologia, é chamado de Projeção o ato de projetar nos outros os nossos próprios sentimentos ou impulsos, e de achar que a outra pessoa, alvo dessa projeção, está sentindo ou desejando o mesmo que nós. (Observe-se, nesse sentido, os casos de homens que atacam sexualmente as mulheres e costumam afirmar que elas estavam se “oferecendo”). A palavra projeção é usada para esse fenômeno, pois ele assemelha-se à projeção de um filme numa tela. Os sentimentos são como que fotografados e lançados sobre a outra pessoa como se a outra pessoa fosse a tela. Os homens – ainda que do meio evangélico - que insistem em “ver” a mulher apenas como fêmea, não conseguem entender que ela possui um espírito, o qual foi salvo e liberto de todo o pecado por Cristo, então costumam projetar a sua própria concupiscência, os seus desejos carnais na figura feminina. Através desse olhar caracteristicamente masculino, eles projetam sua lascívia, observando “caras e bocas” e acabam concluindo que a mulher é apenas um ser sensual, capaz de os induzir ao pecado. Realmente, diante desse retrato – feito por eles em suas próprias mentes - no qual se destacam apenas as características físicas femininas, fica difícil aceitar que a mulher ocupe o púlpito. Repetimos, através desse olhar lúbrico masculino a espiritualidade da mulher fica, na mente desse homem, escamoteada, surrupiada, como se não existisse.  Mas, com certeza, não é assim que Jesus Cristo vê a mulher. Logo, ao entrarem num lugar sagrado como é o templo do Senhor, ou quando tratarem de assuntos a ele relacionados, os homens, contrários à atuação feminina nos púlpitos, devem antes procurar o discernimento espiritual sobre esse assunto, uma vez que: “O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente”. (1ª Aos Coríntios 2:14).
Autoridade do marido – Um fator bastante polêmico, quando se trata do direito da mulher de dirigir uma igreja, é que dentro do lar, a autoridade deve ser exercida pelo marido e não pela mulher. Segundo a palavra de Deus, em Efésios 5: 22, lemos: "Vós, mulheres, sujeitai-vos a vosso marido como ao SENHOR; porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo."  Neste texto observamos duas espécies de autoridade bem distintas e que não podem ser confundidas entre si, como sendo uma (a do marido) a extensão da outra (a de Cristo). Nessa passagem bíblica há apenas uma comparação entre as duas. De maneira bem simplificada, pode-se entender o seguinte: o marido (cristão) manda na sua casa e Jesus Cristo manda na Igreja. A Bíblia está falando da autoridade terrena do marido e da autoridade espiritual de Jesus Cristo. Em contraposição, em nenhum trecho da palavra de Deus vemos que a mulher deva ser submissa ao marido no sentido espiritual. Jamais a Bíblia afirmou que o espírito do marido tem autoridade sobre o espírito da mulher. Por conseguinte, de sua vida espiritual ela só tem que dar contas a Deus. Se em casa deve submissão ao marido (no caso de ser o marido pessoa de bem, servo de Deus, e não um bandido), na igreja ela pode exercer o papel de líder espiritual, sem constrangimento algum, e sem que isso signifique qualquer tipo de rebeldia conjugal - pois a própria palavra de Deus a apóia quando afirma sermos todos “um em Cristo Jesus”. Perante Deus, não há barreiras de posição social, nem de religiosidade e muito menos de sexo, o que importa é estar sob a graça de Jesus Cristo para poder divulgar a sua mensagem.

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