sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Trecho extraído do livro Mensageiras da Ressurreição

                                 PROFETISAS DO ANTIGO TESTAMENTO
Ao analisar o papel da mulher, como profetiza, no Antigo Testamento, o professor Eduardo Getão afirma: O Antigo Testamento legitima a tarefa bem como a validade das ações proféticas no cumprimento das profecias. Neste período observa-se o reconhecimento da missão profética desenvolvida pela mulher.
Apesar da grande importância que a profecia representou para o povo de Israel, o registro desses acontecimentos - no que concerne ao seu exercício por parte das mulheres – é parco em detalhes; o que pode ser creditado ao predomínio da linguagem androcêntrica da narrativa bíblica. A Bíblia, escrita por homens, deixa de registrar a maioria dos feitos realizados pelas mulheres. Ainda assim, o essencial foi escrito, e menciona grandes nomes femininos ligados à atividade profética como os de Miriã, Débora e Hulda. Os eruditos concordam com a afirmação de que as profetisas do Antigo Testamento realizaram um autêntico e verdadeiro ministério profético entre os filhos de Israel. Convém notar, também, que Miriã e Débora exerceram atividades políticas de grande importância para a nação israelense.
                                              MIRIÃ
Então Miriã, a profetisa, irmã de Aarão (e de Moisés), tomou o tamboril na sua mão, e todas as mulheres saíram atrás dela com tambores e com danças. (Êxodo15:20). Esse relato nos dá uma perfeita mostra da influência exercida por Miriã sobre as mulheres israelenses. Episódio no qual elas foram unânimes em segui-la na dança jubilosa de agradecimento a Deus, por ter livrado o povo
das mãos de Faraó. Por Ele ter aberto o Mar Vermelho
para Israel passar, Miriã entoava: Cantai ao Senhor, porque
sumamente se exaltou, e lançou no mar o cavalo e o
cavaleiro. (v.21). Tais palavras referem-se ao fato de que
após o povo de Israel passar, em seco, pelo meio do mar
e, tendo o exército do Faraó tentado segui-lo, foi tragado
pelas águas. Pereceram cavalos e cavaleiros levando consigo
todas as armas de guerra.
Sobre o desempenho de Miriã, Thomas R. Schreiner
declara: É simplesmente errado concluir que Miriã
ministrava apenas às mulheres. As histórias sobre Miriã
mostram que ela foi realmente uma figura pública, um
membro do trio de líderes em Israel.
                                      DÉBORA
Débora, profetisa, como claramente é declarado no
livro de Juízes 4. 4-5, associava esse ministério ao cargo
de juíza. Seu lugar de trabalho e de moradia era debaixo
das palmeiras, chamadas palmeiras de Débora, entre
Ramá e Betel, região montanhosa de Efraim (Juízes 4.5),
onde as pessoas se reuniam para os julgamentos sob a
sua autoridade.
Um aspecto pouco observado e difundido de sua biografia
é o seu lado guerreiro, no sentido literal da palavra,
posto que partiu dela a iniciativa de declarar guerra ao chefe
do exército de Canaã, chamado Sísera. Isso aconteceu quando
Israel achou-se num momento crítico de sua História, sob
grande ameaça desse povo inimigo. Havia vinte anos que os
israelitas vinham sendo pressionados pelos cananeus.
O motivo que levou Débora tanto a declarar a guerra
como a participar dela foi a atitude indecisa de Baraque
em cumprir a ordem de Deus a esse respeito. O
Senhor havia ordenado a ele atrair o exército inimigo ao
monte Tabor, levando com ele dez mil homens dos filhos
de Naftali e dos filhos de Zebulom, porque lhe daria a
vitória sobre Sísera. Porém, Baraque hesitava em pôr em
prática a orientação dada pelo Senhor. Por esse motivo,
Débora mandou chamá-lo, cobrando explicações. Baraque
respondeu que, finalmente, enfrentaria o exército
inimigo, mas, impôs uma condição, (Juízes 4.8b) iria somente
se Débora fosse com ele, caso contrário não iria.
Diante disso, Débora prontificou-se a acompanhá-lo.
A explicação que se tem quanto à atitude de Baraque,
procurando apoiar-se em Débora, seria por ignorar
a data em que deveria dar início à batalha. Ela poderia
ajudá-lo, ao profetizar sobre a questão, caso o acompanhasse
nessa luta. Explicação, a que as palavras dela vêm
corroborar, pois, quando já se encontrava no monte Tabor,
local designado para a peleja, diz a Baraque: Levanta-
te, porque este é o dia em que o Senhor tem dado a
Sísera na tua mão: porventura o Senhor não saiu diante
de ti? Baraque, pois, desceu do monte Tabor, e dez mil
homens após ele (v.14). O que, à primeira vista, poderia
parecer uma atitude pusilânime de Baraque - depender
da companhia de uma mulher para acompanhá-lo
na batalha - não foi mais que um recurso hábil de sua
parte por uma questão de prudência; visto que, contar com
a ajuda de uma palavra profética, indicando-lhe o melhor
momento para atacar o exército inimigo, representaria, sem
dúvida, grande vantagem. Outrossim, o fato mostra quão
respeitado e veraz era o ministério profético dessa mulher.
O desfecho da batalha dá-se com a vitória de Israel;
e, graças à missão patrocinada pela profetisa, a nação gozou
de estabilidade por quarenta anos. O mérito da vitória
coube a ela. Antecipadamente, Débora avisara Baraque sobre
essa questão, ao assentir em acompanhá-lo ao campo
de batalha. Os louros da vitória, avisou-o, não seriam creditados
a ele, mas a ela e, de fato, assim aconteceu.
Nesse episódio, não pode ser esquecido mais um
nome de mulher, o de Jael; protagonista de um incidente
violento, foi ela quem deu o golpe de misericórdia em
Sísera. (Juízes 4.18-24).
Não podemos deixar de lado, também, outro dos predicados
de Débora, qual seja, o seu talento de musicista. O
capítulo 5, de Juízes, é inteiramente dedicado ao registro do
seu cântico de vitória por Israel, entoado por ela na presença
de toda a nação. (Juízes 5.1-32). Num dos seus versos ela
exclama: Eu Débora, me levantei por mãe em Israel. (v.7b).
                                          HULDA
Na história de Judá sobressai, também, o nome da
profetisa Hulda. O relato encontra-se no livro de 2 Reis
22.14-18. Conforme sublinham alguns pesquisadores, o
rei Josias, deixou de consultar grandes profetas de seu
tempo, como Sofonias (Sf. 1.1) e Jeremias (Jr.1.2) para
recorrer à profetisa Hulda. O ocorrido deu-se na ocasião
em que o rei havia mandado restaurar o templo. Entre os
escombros, o sumo sacerdote Hilquias acha o Livro da
Lei que se havia perdido, e o entrega ao rei. O monarca
envia seus emissários, entre os quais o próprio sacerdote
Hilquias, além de Aicão, Acbor e Safã para indagarem
da profetisa a respeito de quais seriam as revelações do
Senhor sobre o conteúdo do Livro. Hulda, então, faz a
revelação ao rei: Porque grande é o furor do Senhor, que
se acendeu contra nós; porquanto nossos pais não deram
ouvidos às palavras deste livro para fazerem conforme
tudo quanto de nós está escrito (2 Reis 22.13b).
Como se vê, pelos relatos, foi inestimável o valor
do ato profético e, naturalmente, dos profetas e profetisas
para aquela sociedade. Como exemplo, observemos
as decorrências práticas da profecia de Hulda: o rei Josias
e o sacerdote Hilquias dependiam vitalmente dessas revelações.
Se analisarmos o fato pelo prisma da hierarquia
social, no que se refere à autoridade, Hulda ocupava uma
posição mais alta do que o rei e o sacerdote. Ambos encontravam-
se na depêndencia de suas palavras. Na falta
delas, eles estariam de mãos atadas para agir e decidir
sobre o destino do povo, e acerca de seus próprios destinos.
Estariam à mercê da sorte ou, o mais provável, à
mercê do azar. Firmado nas revelações de Hulda, que as
emitiu depois de haver consultado a Deus, o rei Josias reúne
todo o povo de Judá e de Jerusalém, e renova o pacto
com o Senhor.
A profetisa revelara-lhe que o Senhor tinha ouvido
o seu clamor e visto as suas lágrimas, e que ele não veria
todo o mal que cairia sobre o povo, porque iria em paz
para a sepultura antes que tudo acontecesse; e as coisas
aconteceram exatamente como ela previra.
A missão do profeta e da profetisa consistia em
colocar-se na presença do Altíssimo, para servir de intermediário
entre Deus e o povo – na qualidade de arauto
do Senhor. (1 Reis 17.1; 18.15). Todavia, na era da Graça,
em que vivemos, as profecias, a nós direcionadas, estão
registradas na Palavra – viva e santa, sobre todo o plano
que Deus tem para a humanidade, até o final dos tempos.
Revelações que se encontram disponíveis a qualquer momento
para qualquer pessoa, da mais simples àquela que
ocupa o lugar mais alto na pirâmide social. Das incontáveis
revelações da Palavra, extraímos esta na qual Jesus
Cristo afirma: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida...à
qual Ele acrescenta, com letras de ouro: Ninguém vem ao
Pai, senão por mim. (Jo 14.6).
Quanto ao ministério profético das mulheres do
Antigo Testamento, os estudiosos são unânimes em reconhecer
a sua importância para o povo de Israel, bem
como a sua veracidade e autenticidade. É oportuno ter,
também, em mente que profetas e profetisas, ao lado dos
apóstolos, são o fundamento da Igreja. 

domingo, 18 de dezembro de 2016

TRECHO EXTRAÍDO DO LIVRO MENSAGEIRAS DA RESSURREIÇAO

                                                  A ALMEJADA UNIDADE

Por meio do batismo, permitido tanto às mulhe­res como aos homens, em substituição ao antigo rito da circuncisão, os crentes revestidos de Cristo, alcançam a almejada unidade, conforme descrito em Gálatas 3. 26- 28. Assim, naturalmente, as consequências do pecado gerado pela Queda, e que se faziam sentir nos relacio­namentos estruturados em princípios de subordinação, em categorias hierárquicas, não têm mais efeito sobre a comunidade cristã. As coisas velhas já passaram, eis que tudo se fez novo (2 Coríntios 5.17b). Sobre os escombros da antiga humanidade, surge a nova nação na qual se de­senvolve o sacerdócio universal dos crentes. Pelo batis­mo, todos passam a viver num novo tempo e a partici­par do sacerdócio cuja direção encontra-se nas mãos de Jesus Cristo, nosso Sumo Sacerdote. Temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus (Hebreus 4.14a).
O tema a respeito do sacerdócio de todos os crentes, enfatizado na Reforma, por Lutero, como um dos prin­cípios do protestantismo, destaca que todas as pessoas ao aceitarem Cristo como seu Senhor e Salvador, pela fé, têm acesso à graça divina - sem necessidade de qualquer mediador específico, ou seja, de um sacerdote ordena­do. Ao contrário do que propalava a teologia medieval, ao afirmar terem os crentes acesso à graça divina unica­mente por meio dos sacramentos da Igreja, caso em que a figura do sacerdote seria essencial. Necessariamente, serviria como instrumento do Pai Eterno na dispensação da graça e do perdão, ao apresentar as ofertas do povo de Deus.
Em contraposição, no novo tempo, conforme reve­lado pelo apóstolo Pedro, todos os crentes podem ofere­cer sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus por meio de Jesus Cristo: Vós também, como pedras vivas, sois edi­ficados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo. (1 Pedro 2.5)
Lutero faz valer a verdade bíblica de que cada cren­te tem acesso direto ao Pai, ao Lugar Santo, onde Deus habita; e não somente o sumo sacerdote, como aconte­cia no passado remoto. Dispensada está, portanto, a in­termediação de pessoas especialmente ordenadas para a função porque, segundo o Novo Testamento: Ele nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai: a ele glória e poder para todo o sempre. Amém. (Apocalipse 1.6).
O sacerdócio levítico, do passado, instituído por Deus entre o povo de Israel, focava-se no cargo ordena­do; hoje, o sacerdócio universal dos crentes, revelado no Novo Testamento, tem seu foco na Igreja como um todo – constituída por crentes-sacerdotes - e pode-se destacar sem medo de errar, por sacerdotisas.
Não obstante, eruditos cristãos, apontam um para­doxo no pensamento de Lutero ao tratar dos efeitos desse tema sobre o universo feminino. Ele não aceitava que as mulheres pudessem ocupar o cargo ordenado de Pastora. Ao transferir a questão do nível teológico para o da vida prática, em atendimento às conveniências sociais, ele de­clarava que as mulheres “eram destinadas por Deus a cui­dar do lar”. Incoerência na qual Lutero incorreu por não ter conseguido esquivar-se à influência do pensamento medieval de caráter misógino que predominava naquela
sociedade. Época na qual não se vislumbrava outra pers­pectiva para a mulher a não ser a de realizar-se como esposa e mãe. Contudo, não há motivo para escândalo na atitude de Lutero, que falou como um típico cidadão da Idade Média. Como teólogo, Lutero supera essa fraque­za, uma vez que é, justamente, dentro da doutrina lutera­na que sobressai o princípio do sacerdócio universal dos crentes. Como o próprio nome indica é universal, sendo que a mulher compartilha do mesmo em igualdade de condições com o homem, inclusive no acesso ao púlpito.
Saliente-se, mais uma vez, que a discriminação da mulher por parte de Lutero não era de caráter ontológico, mas, relativa à função que desempenhava na sociedade. A Idade Média, convém lembrar, foi uma época fortemente dominada pelo sexismo, quando então a mulher era dis­criminada simplesmente pelo fato de ser mulher. Poderia ser arriscado permitir-lhe o acesso ao cargo pastoral, até mesmo pela celeuma que esse fato poderia causar.
Ao voltar nossa atenção para o presente século e verificarmos, ainda, a existência de focos de discrimina­ção contra a mulher, no meio cristão, isto sim, é motivo de perplexidade e escândalo. Pertencer ao terceiro milê­nio pensando e se comportando como um cidadão me­dieval no que concerne ao reconhecimento dos direitos das mulheres cristãs, como fazem os complementaristas (antifeministas) é, sim, incompreensível. Ao agir desse modo, eles contrariam o exemplo e a vontade de Cristo e caminham na contramão da sociedade, na qual os ideais da igualdade cristã já estão sendo praticados.
Stanley Grenz, resume bem a questão ao declarar:
Os igualitários, por sua vez acreditam que, em vez de ser o resultado de idéias seculares doentias invadindo a Igreja, o impulso para a ordenação de mulheres repre­senta uma obra do Espírito. E a capacitação de mulhe­res para o ministério poderia possivelmente revitalizar a Igreja contemporânea.
Todo cristão sabe que vivemos na era da graça. Tendo em vista esse fato, podemos acrescentar que a sau­dação de Jesus, ressurreto - ao dizer às mulheres: Eu vos saúdo! – não possuía o significado apenas de um cum­primento comum; à semelhança daquele que dirigimos uns aos outros diariamente. O Salvador, ao inaugurar essa nova era, estava abrindo as portas de um novo tem­po para o gênero feminino. Sua saudação, efetivamen­te, teria o significado de: sejam bem-vindas ao Reino de Deus! Aleluia! 

domingo, 11 de dezembro de 2016

Texto extraído do livro Mensageiras da Ressurreição

                                A REVOLUÇÃO DO AMOR
Partindo do postulado que reconhece em Jesus Cristo o autor e consumador da libertação feminina, ob­servemos outros fatos, tomados como evidência dessa afirmação, sabendo que a evidência é um dos critérios da verdade. Comprovação oferecida aos que necessitam de provas de que a libertação da mulher é segundo a vonta­de divina. Sem esquecer, a par disso, que intento popula­rizar as pesquisas exegéticas – estudo e interpretação dos textos bíblicos por eruditos cristãos - no intuito de desta­car a atuação das primeiras mulheres cristãs no trabalho missionário. Desse modo, colocando ao alcance do leitor leigo, na medida do possível, o resultado de tais pesqui­sas, além de falar sobre minhas próprias convicções, ins­piradas por Deus.
Não perdendo de vista, também, que foi a partir de Jesus e na igreja primitiva, que a mulher passou a ser equiparada ao homem no trabalho dentro da seara. Ain­da que Jesus Cristo, de modo algum negasse a diferença entre os sexos, houve pouca diferença no seu modo de tratar homens e mulheres. Ele falava às mulheres como a seres humanos, e não baseado em diferenças sexuais.
Antes desse tempo, a mulher era tratada como se fosse menor de idade, um ser incompleto que precisava amparar-se no homem, como em uma muleta, para so­breviver socialmente. A autoridade masculina estendia-se a ponto de interferir na prática religiosa da vida da mulher. O pai ou o marido tinham direito até mesmo de anular os votos que a mulher fazia a Deus (Números 30. 1-16); caso ela pronunciasse alguma palavra impensada sob o calor de grande aflição e, depois, tivesse dificuldade para cumpri-la.
Observemos os passos em que se desenvolveram as ações de Jesus em benefício da mulher. Dentre as atitu­des tomadas no sentido de que os seus direitos fossem ampliados e equiparados aos do homem, fundamenta­mo-nos nos seguintes episódios, ocorridos durante o Seu ministério terreno:
1) No perdão da mulher adúltera. Acontecimento que pode ser considerado, repetimos, como o marco zero do processo de libertação do gênero feminino, por Jesus Cristo. Nesse episódio emblemático da história da mu­lher no relato do Novo Testamento, o nome da adúltera não é revelado. Ao procurar identificá-la, muitas pessoas, enganam-se porque pensam tratar-se de Maria Madale­na o que, segundo o texto bíblico, não é verdade.
2) Na cura e no perdão, pela sua audaciosa atitude, da mulher que padecia com um fluxo de sangue, havia doze anos, e que tocou nas vestes de Jesus crendo que, com esse gesto, seria curada. Ela infringiu um preceito da lei mosaica, a qual considerava imunda a pessoa que estivesse sofrendo de qualquer tipo de hemorragia. En­quanto estivesse nesse estado não lhe era permitido se­quer tocar em outra pessoa (Lc 8: 43 – 48; Mt 9.20; Mc 5.25). Mas, Jesus, deixando falar mais alto o sentimento de misericórdia que lhe era peculiar, ao vê-la apresentar-se à Sua frente trêmula e amedrontada, em resposta à Sua pergunta: Quem é que me tocou? Disse-lhe: Tem bom ânimo, filha, a tua fé te salvou; vai em paz.
3) No perdão da “pecadora” que ungiu os pés de Je­sus, em público, durante o jantar na casa do fariseu cha­mado Simão. (Lc 7: 36 - 50); A quem Jesus disse: Os teus pecados te são perdoados... e, ao despedi-la, acrescenta: A tua fé te salvou: vai-te em paz. (vv.48 e 50).
No capítulo Ato das Apóstolas, falarei mais sobre esse episódio - da “pecadora” - ao fazer menção a Maria Madalena com a qual costumam, também, confundi-la.
4) Na libertação de Maria Madalena, a qual era oprimida por espíritos malignos. Jesus expulsou dela sete demônios (Lc 8:2). Aceitou-a como cooperadora em Seu ministério, o que significa dizer, como discípula; e não consta que tivesse feito qualquer ressalva quanto à sua atuação, no meio de seus seguidores, que pudesse ser vis­ta como discriminatória.
5) Na conversa que Jesus teve com a mulher sama­ritana, o que a levou a divulgar, entre o seu povo a notícia de que avistara o Cristo, uma verdadeira revelação sobre a messianidade de Jesus. Saliente-se que os judeus eram inimigos dos samaritanos, aos quais sequer dirigiam a pa­lavra, porém, Jesus ignorou a questão, quebrando mais esse costume. (João 4: 4 a 29). O resultado desse diálogo foi que as boas novas do Evangelho foram proclamadas e aceitas, pela primeira vez em Samaria, pela palavra dessa mulher.
6) Na compaixão que demonstrou à viúva de Naim, ao vê-la chorando durante o cortejo fúnebre que leva­va seu filho morto. (Lc 7. 11-17). E, vendo-a, o Senhor moveu-se de íntima compaixão por ela, e disse-lhe: Não chores. E, chegando-se, tocou o esquife (e os que o leva­vam pararam), e disse: Jovem, a ti te digo: Levanta-te. E o defunto assentou-se, e começou a falar. E entregou-o a sua mãe (v.13-15). Uma simples viúva, pessoa insignifi­cante diante de uma sociedade que que desprezava a mulher e, na qual o pouco valor que ainda merecia era segundo a sua condição de esposa e mãe. Condições das quais a viúva de Naim se vira despojada, pois, como afirma o texto, havia perdido o seu filho único. Socialmente falando, a mulher seria classificada como fazendo parte da ralé, pois, não possuía mais nenhum dos valores reconhecidos por aquela sociedade machista. (Continua).

sábado, 26 de novembro de 2016

           MARIA MADALENA, APÓSTOLA DOS APÓSTOLOS

Impressiona a tendência humana de se decidir pelo mal. A fama de Maria Madalena, como pecadora – pros­tituta - é uma mostra exemplar da propensão. Não há, no Novo Testamento, uma palavra sequer que a classifique como tal; o que se sabe é que Jesus expulsou dela sete demônios. Na narrativa de Lucas (8.2), ela aparece inclu­ída entre algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades.
Lillia Sebastiani, estudiosa dos textos evangélicos, acredita que se tratava de misteriosos sofrimentos psicos­somaticos. E, em seguida, propõe: Seja qual for a forma de encarar o problema, se deve sempre identificar uma anomalia. Ao que, acrescentamos e sublinhamos não se tratar, necessariamente, de pecados tais como faltas de natureza sexual como a prostituição. A autora conclui: O seu encontro com Jesus marca a realização da harmonia interior e da plenitude pessoal.
A fama de “Madalena arrependida”, invenção hu­mana, atravessou os séculos. Até hoje o seu nome traz à lembrança - dos menos avisados - a figura da mulher pecadora, sobrepondo-se à da mulher liberta e santifi­cada por Cristo. A mulher que teve a suprema graça de ser a primeira a avistar o Ressuscitado, ficou em segundo plano; sua memória permanece à sombra da pecadora, massacrada, ignorada e suplantada pelo famigerado con­ceito que lhe fora imputado.
A mulher, digna de ouvir a voz do Salvador, na­quele domingo de Páscoa, dizendo-lhe: Eu vos saúdo! (Mateus 28.9), e de ser encarregada por Ele de levar a mensagem da ressurreição, foi ofuscada na história cristã por uma calúnia. Ignorada por sua santidade, costuma ser lembrada por uma ignomínia que se apegou ao seu nome. Como se o inconsciente coletivo se tivesse embo­tado diante do acontecido no domingo da ressurreição. As pessoas, tudo indica, tiveram dificuldade para assi­milar o milagre representado pela metamorfose experi­mentada por Madalena: de vítima de opressão satânica, redimida por Cristo e elevada ao papel de deuteragonista da ressurreição (João 20. 1-18), ou seja, aquela que ocu­pou o segundo lugar na cena da ressurreição.
Não posso deixar de abrir um parenteses, aqui, a fim de admirar a tremenda lição que se pode extrair des­sa demonstração do poder transformador de Deus; do milagre dos milagres, que é a operação do poder divino para transformar vidas, anunciado por Cristo: O Senhor [...] enviou-me a curar os quebrantados do coração.
A apregoar liberdade aos cativos, e dar vista aos ce­gos; a pôr em liberdade os oprimidos; a anunciar o ano aceitável do Senhor. (Lucas 4.18.19).
Em Maria Madalena cumpriu-se exemplarmente essa palavra. Ela viu-se, sob a maravilhosa graça de Cris­to, liberta de seu cativeiro e de seus opressores espirituais, para viver a experiência que, no domingo de Páscoa, a le­vou a exclamar: Vi o Senhor! e cumprir o seu mandado a fim de avisar aos apóstolos que o Senhor está redivivo e que poderiam encontrá-lO na Galiléia.
"Apóstola dos apóstolos”, assim ela é chamada por Bernardo de Claraval, erudito cristão, em seu Sermones in Cantica.Título extensivo, também, às outras mulhe­res, que a acompanharam na missão de proclamar o que­rigma da Páscoa, denominadas então de apóstolas dos apóstolos. (Continua).

domingo, 13 de novembro de 2016

TEXTO EXTRAÍDO DO LIVRO MENSAGEIRAS DA RESSURREIÇÃO

                           A PROIBIÇÃO DE ENSINAR
A interpretação equivocada das palavras de Paulo, registradas em 1 Timóteo 2.11-13, no sentido de proi­bir a mulher de ensinar na Igreja, tem impedido a sua caminhada em direção ao púlpito, segundo a teoria dos igualitários. A carta paulina exorta: A mulher aprenda em silêncio com toda a sujeição. Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o ma­rido, mas que esteja em silêncio. Porque primeiro foi for­mado Adão, depois Eva. Como devem ser interpretadas tais palavras?
A explicação dos eruditos sobre os versículos 11 e 12, e bem explanada por Stanley Grenz, faz menção à luta da Igreja contra os falsos mestres e à propagação de heresias no meio cristão, entre os efésios:
As mulheres de Éfeso eram suscetíveis ao engano dos falsos mestres e ao envolvimento na propagação de crenças heréticas. Assim sendo, o apóstolo ordenou a es­sas mulheres que se abstivessem de ensinar e aprendes­sem respeitosamente com os verdadeiros professores.
Essa ordem, bem como a outra dirigida às mulheres da cidade de Corinto, para que evitassem falar na Igreja, seria uma proibição temporária porque dirigida a um grupo específico de mulheres. Ironicamente, ao comba­ter doutrinas heréticas, o apóstolo tornou-se ele próprio vítima - não de crenças heréticas - mas, de interpretações falaciosas, que vieram a repercutir sobre a sua memória, fazendo seu nome passar à História associado ao machis­mo e à misoginia.
Estudiosos apontam uma contradição na interpre­tação daquelas palavras do texto de Efésios, causadoras de milenares polêmicas, contrapostas à maneira como Paulo aceita e enaltece o trabalho das mulheres cristãs. O texto de Romanos 16 é, especialmente, apontado como prova dessa realidade favorável às mulheres, no qual o apóstolo dá mostras de reconhecer a autoridade de mui­tas delas na propagação do Evangelho. (Romanos 16.7). Basta observarmos alguns dados bíblicos sobre o assunto, tais como o fato de Paulo ter aceitado trabalhar ao lado das mulheres cristãs, sem discriminá-las, antes, enalte­cendo efusivamente o trabalho que realizavam na obra missionária, isto é, a proclamação da Palavra e ensino com autoridade. O relato de Atos 18.26, dá um exemplo inconteste a esse respeito, ao mostrar Priscila, ao lado do marido, Áquila, instruindo Apolo. Sobre o mestrado de Priscila falaremos mais adiante no capítulo de Atos das Apóstolas.
Febe, Lídia e tantas outras conforme relata o Novo Testamento, foram dignas de sua confiança a ponto de o apóstolo deixar em suas mãos a direção de igrejas funda­das por ele. Com grande insistência, Paulo pedia à Igreja que o acompanhasse no reconhecimento às discípulas (Romanos 16) pelo trabalho inestimável que realizavam.
Ele trabalhava lado a lado com elas – tal como ao lado dos discípulos - aceitando, inclusive, e de bom grado, que o ajudassem no custeio de suas viagens missionárias. Foi, também, na casa delas que muitas vezes abrigou-se ao sair da prisão, pois, à época, os cristãos sofriam inten­sa perseguição. Ser prisioneiro, era quase uma rotina na vida do apóstolo, tanto que Paulo se intitula, em algumas de suas cartas, prisioneiro de Jesus Cristo (Efésios 3.1; 2 Timóteo 1.8; Filemom 1. 1,9). Em meio às suas tribula­ções, o apoio feminino não lhe faltou.
Como suas cooperadoras, será que as discípulas es­tavam impedidas de ensinar?
Pelo visto, segundo evidências, a mulher exercia, sim, o mestrado, fato acatado por teólogos igualitários que interpretam a proibição de Paulo como sendo de caráter temporário, destinada a resolver problemas mo­mentâneos enfrentados pela igreja de Éfeso. Urgia livrar a congregação da influência nefasta das crenças heréti­cas, as quais estavam sendo disseminadas por aquele gru­po de mulheres suscetíveis ao engano dos falsos mestres. O apóstolo as exorta, então, a ouvir os seus maridos, certamente cristãos, e não darem mais ouvidos aos falsos mestres. Assim entendido, o texto de 1 Timóteo não entra em contradição com o de Romanos 16. Sua interpretação superficial e falacio­sa sim, é a responsável pela polêmica que, até os dias atuais, repercutem de maneira negativa na Igreja, impedindo a mulher de exercer os seus direitos cristãos.
Vêm contribuir, ainda, para elucidar a questão ou­tras opiniões abalizadas de teólogos:
As mulheres devem ser calmas, controladas, res­peitando e confirmando seus professores, em vez de exer­cerem autoridade autocrática que destrói suas vítimas. Paulo não está aqui proibindo as mulheres de pregar, orar e de exercer uma autoridade edificante, nem de pastorear. Está simplesmente proibindo que elas ensinem ou usem sua autoridade de maneira destrutiva. (Continua).


domingo, 6 de novembro de 2016

                                  MARTA E MARIA
A história sobejamente conhecida, protagoniza­da ao lado de Jesus por Marta e Maria, irmãs de Lázaro, se cotejada com a história das outras discípulas, mostra uma faceta diferente em dois sentidos. Primeiro, pela ên­fase que os Evangelhos dão às demonstrações de apreço e amizade do Senhor por essa família. Eles eram amigos íntimos e, ao ver Maria e os judeus chorarem a morte de Lázaro - o texto joanino registra – Jesus chorou. (João 11.35). Segundo, porque as irmãs não participavam do ministério itinerante do Mestre, conforme acontecia com a maioria das outras discípulas. Nenhum dos evangelistas registra a presença delas entre os que acompanhavam o Senhor em Suas jornadas. A história desenrolou-se pelo caminho inverso. Foi Jesus quem as encontrou, e passou a abençoá-las ensinando-lhes a Palavra: E aconteceu que, indo eles (Jesus e Seus discípulos) de caminho, entrou numa aldeia; e certa mulher, por nome Marta, o recebeu em sua casa; e tinha esta uma irmã chamada Maria, a qual, assentando-se também aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra (Lucas 10. 38,39).
Dois importantes ensinamentos destacam-se no texto. Primeiramente, a revelação do que significa "rece­ber a Jesus e ouvi-lO." Atitude transformadora, verdadei­ra metamorfose, pela qual a pessoa é alçada à condição de discípulo de Cristo. Foi justamente, o que sucedeu às duas irmãs, Marta recebeu-O em sua casa e Maria ouviu o Mestre. Pela pertinência, recorremos ao texto de Apo­calipse 3.20, no qual se lê: Eis que estou à porta, e bato:  se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo. Palavra que se cumpriu de maneira esplendorosa na vida dessas mu­lheres, cujo coração respondeu ao chamado do Salvador.
Observemos a outra lição que se pode extrair do episódio:
No que concerne a Maria, a anotação de maior consistência teológica é aquela de estar “sentada aos pés do Senhor” para ouvir a Sua palavra. Se para o leitor mo­derno não informado se trata somente da observação de uma afetuosa e devota atitude de escuta, num contexto da cultura judaica é algo mais. “Sentar aos pés de” em Israel era uma expressão quase técnica para indicar a situação discipular. Tornar-se discípulo de um mestre a fim de ser por ele bem instruído na Lei era vivamente recomenda­do a todo judeu homem, mas era quase que inconcebível para uma mulher.
Novamente, em gritante contraste com o costume judaico de ignorar as mulheres, negando-lhes o direito ao conhecimento das Escrituras, o Mestre aparece mi­nistrando a palavra a uma mulher. Observe-se que o vo­cábulo discípula nem sequer existia em hebraico, idioma no qual a palavra discípulo não tinha o gênero feminino. A condição das mulheres, em geral, sofreu uma trans­formação radical operada pelo Senhor, em todos os seus níveis. Na realidade, como se um universo tivesse sido edificado especialmente para acolher o gênero feminino, em relação ao pouco espaço que lhe fora permitido ocu­par na sociedade antiga. Jesus revolucionando, concomi­tantemente, edificava.
Marta, vítima de injustiça histórica: Enquanto Ma­ria encontrava-se aos pés de Jesus, atenta à Sua palavra, conforme relata o texto de Lucas 10, Marta andava dis­traída em muitos serviços e, aproximando-se, disse: Se­nhor, não se te dá de que minha irmã me deixe servir só? Dize-lhe pois que me ajude. (v.40). Ao que Jesus lhe respondeu: Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas. Mas uma só é necessária; e Maria esco­lheu a boa parte, a qual não lhe será tirada. (vv. 41b, 42). Historicamente, as palavras de Jesus têm sido interpreta­das como sendo de repreensão à Marta, e o episódio visto como significativo da vida ativa em contraste com a vida contemplativa. Isso, além de restringir a riqueza do significado do episódio, tem determinado um notável e injusto amesquinha­mento da figura de Marta, sobre a qual, a reflexão está voltan­do hoje com resultado de notável interesse.
Em favor de Marta devemos evocar suas palavras de caráter profético, quando demonstrou reconhecer a messianidade de Jesus, ao afirmar ser Ele o Cristo. (João 11.27). Além de tê-lO recebido em sua casa – e em seu coração - Marta deu mostras de que, também, havia aprendido as Suas lições e conhecia a Palavra. Podemos avaliar seus conhecimentos, não só pela palavra profética que proferiu sobre o Salvador, mas, também, pela respos­ta que disse, ao Senhor, por ocasião da morte de Lázaro. No momento em que Jesus garantiu-lhe que Lázaro res­suscitaria, Marta replicou: Eu sei que há de ressuscitar na ressurreição do último dia (v.24b). Desta vez, porém, Jesus referia-Se ao milagre que estava prestes a realizar, ao trazer Lázaro de volta à vida. Esse poder de Jesus, que acabara de Se auto definir como sendo a ressurreição e a vida, (v.25), Marta viria a conhecer de imediato.

Maria de Betânia, vale lembrar, foi a mulher que un­giu Jesus com perfume de altíssimo valor, poucos dias antes de Sua morte, conforme relato do livro de João (12.1-11); assunto já abordado no capítulo A Revolução do Amor. Para a realização desse ato, concorreram, certamente, o presságio a respeito da morte próxima de Jesus aliado ao sentimento de gratidão devida a Ele, pelas inúmeras e grandiosas bênçãos derramadas sobre toda a família.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

A EDUCAÇÃO INFANTIL NO NOVO TESTAMENTO

A EDUCAÇÃO INFANTIL NO NOVO TESTAMENTO
Nós, cristãos, não nos debruçamos, ainda, sobre a questão da educação da criança segundo os ditames do Novo Testamento. Sabemos que com Jesus Cristo tudo se fez novo! Mas, continuamos nos inspirando no Antigo Testamento para criar as crianças. Ignoramos que o aperfeiçoamento da Lei mosaica, por Cristo, abrange todos os setores da vida humana. Entretanto, deixamos as crianças de lado. As idéias de liberdade, próprias do cristianismo, projetaram-se sobre todos os setores da sociedade. E um ponto final foi colocado sobre tudo o que representasse escravização do homem e da mulher dentro do contexto social. Transformação que deu origem ao sistema político democrático no qual, entre outras, a mulher alcançou o status de cidadã e todos foram considerados iguais perante a lei. Nós, ou muitos de nós, evangélicos, esquecemos de nos atualizar quanto à criação das crianças, segundo a Mensagem da Cruz. Somente evocamos os textos do Antigo Testamento no que concerne à educação infantil e dos jovens. Textos que aconselhavam a fustigar a criança com a “vara”. Ainda que no livro de Provérbios (23.13) esse trecho pareça muito claro nesse sentido, a palavra “vara” também tem o significado de Palavra de Deus. Vemos isso em numerosas passagens bíblicas, inclusive no Salmo 23. 4: "Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me protegem."
Reportando-nos, novamente, ao Novo Testamento, encontramos o episódio em que o menino Jesus, então com 12 anos de idade, passa três dias desaparecido e seus pais procurando-o, aflitos. Ao encontrá-lo no templo, discutindo com os doutores, Maria e José o receberam em paz. Maria apenas perguntou-lhe: "Filho, por que fizeste assim para conosco?" Observe-se, também, que Jesus estava tratando dos assuntos do PAI, como Ele mesmo disse à Maria: "Não sabeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai? Tudo resolvido, portanto! e sem agressividade, exemplo que devemos imitar na resolução de nossas quizilas. Conclusão: com crianças nos cabe tratá-las com paciência e compreensão. Quando adultas elas agirão assim também.
Menções feitas sobre as crianças, por Jesus Cristo, no Novo Testamento, são repletas de amor. Mateus 21.15 e 16, registra: "Os meninos no templo exclamavam: Hosana ao Filho de Davi." Ao ouvir isso, e a repreensão dos sacerdotes e dos escribas,Jesus exclama:"Nunca lestes: "Pela boca dos meninos e das criancinhas de peito tiraste o perfeito louvor?" Em outra ocasião, quando os discípulos queriam impedir que trouxessem crianças para que Jesus lhes impusesse as mãos, Jesus disse: "Deixai os pequeninos e não os estorveis de vir a mim, porque dos tais é o Reino dos céus." Isso nos indica a maneira afetuosa com que devemos tratar as crianças.

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

ESCRAVAS DA MODA

                                         ESCRAVAS DA MODA

                                                                                Rachel Winter                                     

A mulher atual considera-se livre. As leis realmente a tornaram independente para agir sem necessidade do aval masculino, como acontecia no passado. A sociedade já não se espanta ao vê-la exercer qualquer profissão, mesmo as consideradas tipicamente masculinas. Ótimo! No dia-a-dia, acumulam-se as vitórias no campo profissional.
Mas a mulher libertou-se realmente ? Ou teriam caído apenas as amarras que a prendiam, e ela permanece aturdida sem saber bem o que aconteceu? - O apóstolo Pedro, ao ser liberto da prisão por um anjo, demorou para se dar conta do que havia acontecido, “...parecia-lhe, antes, uma visão”... “Então Pedro caindo em si disse: Agora sei, verdadeiramente, que o Senhor enviou o seu anjo e me livrou da mão de Herodes...Atos 12: 9 e 11. Em muitos sentidos parece que a mulher está tendo apenas uma “visão” da liberdade.
 Ninguém ri
Desconfia-se de sua conscientização sobre o que seja liberdade, por sua servidão à moda, no vestuário e em outros comportamentos sociais. (Como acontecia com nossas avós. Igualzinho!) Todo mundo leva a sério os desfiles de moda. Ninguém esboça um sorriso e muito menos uma sonora gargalhada quando mulheres aparecem com as cabeças (ou outras partes) enfeitadas com penas das mais variadas aves, como se fossem espanadores. Ou embrulhadas em redes de pescador, contorcendo-se como sereias com urticária. Pagam-se fortunas pelas chamadas grandes criações. Há roupas cujo preço equivale ao de um apartamento. E casos até mesmo de universitárias que se prostituem para comprar roupas e bolsas de griffe.
Ameaça à saúde
O corpo tem que ser padronizado, conforme o capricho dos estilistas. Num momento, esquelético. Tipo varapau. Nada de seios. Muitas chegaram a mutilar-se numa mesa de cirurgia para diminuí-los. Agora, voltam para aumentá-los. No afã de emagrecer proliferam os casos de anorexia, bulimia, anemia, etc. (Nossas avós usavam espartilhos para ficarem todas com a mesma silhueta. Cintura fina e ancas largas. Como progredimos!...)  São muitos os exemplos de mulheres famosas vitimadas pela obsessão da magreza: a princesa Vitória, da Suécia - filha da rainha Sílvia, que é brasileira – conseguiu recuperar-se da anorexia, mas chegou a ficar esquelética, Karen Carpenter, do grupo musical Carpenters, não conseguiu sobreviver à mesma doença. A atriz Jane Fonda sofreu de bulimia, mal do qual também era vítima a princesa Diana, da Inglaterra. E olha que robustez e gordura já tiveram seus momentos de glória! Senhoras de “peso” e donzelas rechonchudas ficaram imortalizadas em quadros de grandes pintores renascentistas. – Não tomem esta observação como elogio à obesidade, mas apenas como exemplo da volubilidade da moda. E da capacidade que tem de transformar pessoas em fantoches. Se um famoso estilista assinar um modelo tipicamente circense será o maior sucesso. Com certeza faltará silicone para arredondar as pontas dos narizes femininos.
 Após anos de ostracismo, os seios voltam à moda, siliconados. Com formato, até mesmo, de bolas de futebol. Haja coragem para implantar silicone, essa substância estranha, no corpo. Estranha inclusive, porque a aparência, muitas das vezes, é das mais bizarras.
Nada contra beleza e elegância. Mas, sim, contra a aceitação acrítica da moda que une o ridículo ao grotesco e, o que é pior, à sua idolatria (à qual viveram subjugadas nossas ancestrais). Oportuno é observar as frequentes mortes ocorridas por ocasião de cirurgias estéticas.
Mais recentemente, optou-se pelo uso do tipo de traseiro saliente, o qual deixa a mulher com o corpo desfigurado e semelhante ao das formigas da espécie Tanajura. Já é tempo perceber que a libertação feminina é mais do que uma “visão”, mas, uma realidade que se implantou a duras penas através dos anos. E meditar na Palavra de Deus quando afirma que foi para a “liberdade que Cristo nos libertou.” Portanto, devemos permanecer firmes e não nos submeter novamente ao “jugo da escravidão.” Gálatas 5:1.

















domingo, 25 de setembro de 2016

Trecho extraído do livro Mensageiras da Ressurreição

           A IGREJA, CORPO DE CRISTO, E SUA MISSÃO 

A igreja aparece, portanto, como o canal de comunicação
entre o Senhor ressuscitado e o novo mundo
(lembrar que com Cristo tudo se fez novo), e bem definida
nos Evangelhos como o Corpo de Cristo. O apóstolo
Paulo, ao falar aos Colossenses sobre o que padecia nos
combates que travava por eles, amplia a sua mensagem
acrescentando: Na minha carne cumpro o resto das aflições
de Cristo, pelo seu corpo que é a igreja. (1.24b). Na
carta aos efésios, fala sobre as bênçãos de Deus sobre Jesus
Cristo, que o constituiu como cabeça da igreja, que é
o seu corpo. (22b e 23).
Cristo, depois de exaltado, atua neste mundo por
meio da Igreja pela Palavra, pelo sacramento e por meio
da missão dos cristãos que, ao agirem e se manterem em
comunhão, passam a viver de conformidade com o plano
que o Altíssimo tem para nós. Assim, em certo sentido,
a Igreja reflete o caráter divino, e mostra-se como a imagem
de Deus. É pela comunhão dos crentes, homens e
mulheres, que a igreja – comunidade eterna constituída
por um povo escatológico - pode vivenciar no presente a
futura realidade do Reino de Deus. Esta é a sua missão.
Ao meditar nessa correta definição de Igreja, perguntamos:
como pode a Igreja, Corpo de Cristo, fazer jus a
esse nome ao apresentar-se fragmentada sem a participação
ativa e conjunta das mulheres ao lado dos homens em
todos os aspectos do serviço cristão? Os responsáveis por
essa fragmentação dão provas de não reconhecerem, até
hoje, a autonomia espiritual das mulheres, e demonstram,
por esse proceder, que não possuem, ainda, uma consciência
clara do que seja a Igreja, como o Corpo de Cristo. ((Continua).

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

                               
                               PAÍS SANGUINÁRIO

                                                               Rachel Winter

Entre os campeonatos já conquistados pelo Brasil, como o de melhor carnaval do mundo e o de campeão do mundo no futebol, agora, conquistou um título que o mantém permanentemente no pódio: o de campeão mundial de homicídios, 59,5 mil, em 2015. Certamente, é também o país onde existe o maior número de menores criminosos – os chamados “di menor”. Os maiores de idade não deixam por menos, são autores das mais diversas espécies de crimes; além de assassinatos, estupros, arrastões, torturas, assaltos a residências, a caminhoneiros, a Bancos, inclusive com explosão de caixas eletrônicos, a estabelecimentos comerciais, latrocínios - roubos seguidos de morte - mesmo quando a vítima não reage e entrega-lhes os seus bens.
Os maiores de idade concorrem com os menores na prática da  violência contra as mulheres e, também, no número de assassinatos e roubos. Na maioria das vezes são os próprios maridos, ex-maridos ou companheiros, os autores desses homicídios, apesar da Lei Maria da Penha de proteção à mulher.
Certamente, os maiores de idade não perdem para os “di menor”, nesse jogo mortal, haja vista, a permanente lotação dos presídios brasileiros; locais onde rebeliões são frequentes com atrocidades como degola de companheiros e outras barbaridades. São maus exemplos para a juventude e, até mesmo, muitos são os próprios aliciadores desses jovens para o tráfico de drogas e cumplicidade nos delitos.
As estatísticas comprovam. Segundo dados do 9º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, em 2015, aconteceram 59,5 mil assassinatos no país. E, sabemos que esses números não englobam a totalidade dos fatos, pois, muitos nem são computados. Além disso, os crimes de omissão das autoridades não aparecem aí, nem os de corrupção de políticos ou empresários. É sangue escorrendo de alto abaixo da Pirâmide Social. Não adianta querer amenizar os fatos. O político que rouba o dinheiro do povo é tão criminoso quanto os que já estão trancafiados nas prisões, pois, está matando milhares de pessoas ao surrupiar o dinheiro destinado à saúde pública, além de contribuir para o aumento do analfabetismo de crianças e jovens, além de deixar o povo à mercê dos bandidos, ao apossar-se do dinheiro destinado à segurança pública. Assunto esse que, de tão batido, tornou-se uma espécie refrão popular. Qualquer brasileiro, por mais simples e inculto que seja, conhece esses problemas sociais do país; menos grande parte dos políticos.
Acidentes como o acontecido em Mariana, Minas Gerais, onde a cidade de Bento Rodrigues foi completamente destruída pela lama que escorreu devido à queda de barragens de mineradoras, na qual 19 pessoas morreram e outras continuam desaparecidas, não entram nessas estatísticas. Nesse acidente famílias perderam suas casas e todos os seus bens. Será que esse fato aparecerá nas estatísticas como crime de omissão e crime ambiental ou simplesmente como acidente?
Existe, também, a chamada Máfia da Merenda Escolar. Administradores roubando o dinheiro destinado a essa finalidade, sem se preocupar com a baixa qualidade nutricional dos alimentos para jovens e crianças de famílias de baixa renda.
Mas, nem tudo está perdido, um vento de esperança está varrendo o país, com a instalação da investigação pela Polícia Federal, da Lava Jato, comandada pelo juiz Sérgio Moro. Dezenas de políticos, empresários e administradores já estão condenados e presos e outros tantos aguardando julgamento. Realmente, um movimento de moralização do país.
Mas, acima de tudo devemos crer no poder de Deus para abençoar a nação e torná-la um exemplo de moralidade e justiça social. As igrejas cristãs, históricas, pentecostais e neopentecostais fazem o abençoado trabalho de clamar pela vinda do  Reino de Deus ao Brasil, proclamando a Palavra sobre a qual Jesus Cristo disse que “é espírito e vida” e levando multidões a obedecer os mandamentos de Deus, entre os quais está bem claro: “não matarás” e “não furtarás”.



quarta-feira, 17 de agosto de 2016

                                                                           

                              T E M P O  D I F Í C E I S                                           
                                                                                                                                                                                              Rachel Winter

 A carga de obrigações do dia-a-dia, especialmente das mulheres que têm família para cuidar, é bem pesada, todas sabemos. Trabalhar fora, então, apesar da melhora quanto à parte financeira, faz duplicar as preocupações referentes à segurança dos filhos e da casa. São tempos difíceis. Ninguém está seguro em lugar algum. Crimes monstruosos são cometidos por pessoas de qualquer nível social. Ricos, cultos e endinheirados podem transformar-se, de uma hora para outra, em criminosos da mais alta periculosidade, nada ficando a dever aos bárbaros da antiguidade. O curioso de tudo isso é que esse barbarismo recrudesce na chamada sociedade civilizada, às portas do terceiro milênio. A mídia registra diariamente as várias facetas desse enigma. Visto sob o prisma espiritual, parece conter características que a Bíblia registra como as do fim dos tempos. Na Carta a Timóteo, capítulo 3:3, Paulo descreve como seriam os “agentes do mal”, dessa era: “...desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem...”
                                    “Meu fardo é leve”
Os cuidados com a família atualmente complicaram-se muito. As mulheres necessitam extrapolar suas obrigações normais – que já não são fáceis – como donas de casa, mães e, no trabalho, como profissionais. Têm que ser também agentes de segurança. Passam os dias preocupadas com a segurança dos filhos, da casa, do marido e com a sua própria. Não é por aí que a solução virá.
Observemos como Jesus Cristo tratava o problema humano da insegurança e da preocupação: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.” A solução é trocar as preocupações que o cotidiano traz pela permanente lembrança da proteção oferecida pelo Mestre. Ele nos incitou com insistência a não nos  deixar oprimir pelos problemas do dia-a-dia: “Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal.” (Mateus 6:34). Não devemos, portanto, morrer antes do tempo, porque preocupação e ansiedade trazem doenças e apressam a morte. É comovente o seu anseio de nos ver gozar de paz e tranquilidade e fugir do desespero causado por sentimentos negativos: “Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado à sua estatura?” (Idem: 6:27).
                                  A era da insanidade
O perigo não provém só da violência explícita. Há como que um complô para divulgá-la e uma incitação ao seu exercício. Uma tentativa de desagregar todo e qualquer comportamento que denote equilíbrio. É o predomínio da insanidade. Filmes, telenovelas, até programas humorísticos e desenhos animados parecem delírios de mentes perturbadas.
A luta por manter a saúde mental e moral da família torna-se cada dia mais árdua. Grande número de mulheres é tomada pelo pânico diante dos perigos circundantes. Outras tantas mergulham em perigoso estado depressivo, pela complexidade dos problemas que enfrentam – ou melhor, que não enfrentam. Essas, ou deixaram de ouvir ou não conhecem as palavras do Evangelho, que significam “boas notícias”. E que falam de um mundo de paz e prosperidade.  Palavras cuja força deu origem ao universo e que têm poder para destruir todo o mal. Palavras que são espírito e vida, como disse o Senhor Jesus.