sábado, 3 de outubro de 2015

                               DISCÍPULAS E APÓSTOLAS
O aspecto da questão que nos interessa diretamente diz respeito à crença, grandemente difundida, de que a missão apostolar seria tarefa designada apenas aos ho­mens. Crédulo, o povo vê-se envolvido nesse engano que alcança, também, grande parte da classe eclesial, como se o pertencer ao gênero masculino fosse condição sine qua non para o seu desempenho no campo missionário.
Não obstante, inexiste registro bíblico que confirme essa inverdade, e o texto do Novo Testamento mostra bem o contrário. São chamados de apóstolos, como já foi dito, todos os que foram testemunhas oculares da ressurrei­ção, e foram designados pelo Senhor ressuscitado para o trabalho missionário. Assim sendo, alguém pode ne­gar que falta às mulheres alguma dessas habilitações para serem consideradas apóstolas? Elas foram, não só teste­munhas oculares da ressurreição, mas, foram também as primeiras a presenciar esse acontecimento, e designadas por Jesus para levar a boa-nova aos demais discípulos – encarregadas, portanto, de uma missão, a maior delas, incomparável, inaudita, miraculosa, para proclamar que Ele vive! Aleluia!
As mulheres, anteriormente, haviam-se destaca­do como fiéis seguidoras de Jesus, conforme atestam os evangelistas. Lucas, (8.1,2,3) faz referência àquelas que acompanharam o Mestre durante o Seu ministério itine­rante na terra, bem como àquelas que serviam a Ele com os seus bens; em outras palavras, eram patrocinadoras do Seu ministério. Alguns nomes são citados: Maria Ma­dalena, Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, Suzana e, conforme conclui, muitas outras. Mateus, (27. 55-56) no relato sobre a crucificação de Cristo declara: E estavam ali, olhando de longe, muitas mulheres que ti­nham seguido Jesus desde a Galiléia, para o servir.
O texto menciona alguns nomes: Maria Madalena, Maria mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebe­deu. Ao falar sobre a sepultura de Jesus, novamente mos­tra Maria Madalena e a outra Maria, assentadas defronte do sepulcro (v.61). No evangelho de João (19.25) é mencionada a presença de Maria, mãe de Jesus, junto à cruz, ao lado de Cléofas e de Maria Madalena. As mulheres possuíam, indubitavelmente, todas as condições necessá­rias para ser consideradas discípulas de Jesus.
Admirável a atitude das mulheres que seguiam a Jesus em sua constante peregrinação, dispensando a Ele os cuidados para Sua subsistência diária. Levando-se em conta que, naqueles tempos, não se podia contar com os recursos de hoje, como meios de transporte rápidos e confortáveis, sistemas de comunicação de longo alcance, roupas prontas, restaurantes e lanchonetes, a organiza­ção e a operosidade dessas mulheres é de causar admira­ção às maiores empresárias e executivas de hoje. Notável, também, era a sua coragem posto que, em momentos cruciantes de perigo permaneceram firmes ao lado do Salvador. Obreiras esforçadas, sem dúvida alguma, é um título mais que merecido. Ao referir-se à morte de Jesus, Witherington, acentua o fato de que enquanto os seguidores do sexo masculino fugi­ram, um grupo aparentemente grande de mulheres per­maneceu no local da crucificação (Mateus 27. 55-56 ; Marcos 15.40-41). Para os evangelistas, isto as tornou as principais testemunhas oculares do evento.
Todo o relato neotestamentário, inspirado pelo Es­pírito da verdade, leva-nos ao reconhecimento de que as mulheres possuem todas as qualificações necessárias para fazer jus ao título de discípulas de Jesus Cristo. Elas foram, além de testemunhas oculares de Sua morte, as primeiras embaixatrizes da Ressurreição Seguidoras fiéis e incansáveis que estiveram sempre ao Seu lado e atua­ram como financiadoras da causa do Caminho. Sem dú­vida, suas biografias – mais que completas - confirmam o direito de serem chamadas, sem qualquer sombra de dúvida, de discípulas do Senhor.
Ao apreciar seus feitos, Duncan A. Reily declara: A inevitável conclusão é que mulheres cristãs já executa­vam o Ide de Cristo antes dos Doze. (Mateus 28.19,20).51
Os motivos que o levaram a tal conclusão são en­contrados, principalmente, no livro de Atos. Reily desta­ca a atuação das mulheres durante a perseguição que su­cedeu à morte de Estevão (Atos 11.19), fator responsável pela primeira expansão missionária.
Naquela ocasião, as mulheres cristãs foram encar­ceradas em Jerusalém e caçadas nas cidades onde procu­ravam refugiar-se, como Damasco (Atos 8.3; 9.2).
Naquele tempo, Paulo ainda não havia tido o en­contro com Jesus, na estrada de Damasco. Era, ainda, Saulo, o perseguidor da Igreja, e não poupava nem as mulheres, as quais encerrava na prisão da mesma manei­ra que fazia com os homens. (Atos 8.3).

Nesse ambiente de grande aflição e perigo para a comunidade cristã, as mulheres não retrocederam na fé, da qual deram grande testemunho não se calando, mas, continuando a anunciar a palavra de Deus, contribuindo para o surgimento da Igreja desde Jope até Antioquia e Chipre. (Atos 8. 3, 4; 9. 31, 36; 11. 19-21). (CONTINUA). 

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