terça-feira, 7 de julho de 2015

Trecho extraído do livro Mensageiras da Ressurreição

                       
                   O SENHOR JESUS ABENÇOA AS MULHERES

Observemos os passos em que se desenvolveram as ações de Jesus em benefício da mulher. Dentre as atitu­des tomadas no sentido de que os seus direitos fossem ampliados e equiparados aos do homem, fundamenta­mo-nos nos seguintes episódios, ocorridos durante o Seu ministério terreno:
1) No perdão da mulher adúltera. Acontecimento que pode ser considerado, repetimos, como o marco zero do processo de libertação do gênero feminino, por Jesus Cristo. Nesse episódio emblemático da história da mu­lher no relato do Novo Testamento, o nome da adúltera não é revelado. Ao procurar identificá-la, muitas pessoas, enganam-se porque pensam tratar-se de Maria Madale­na o que, segundo o texto bíblico, não é verdade.
2) Na cura e no perdão, pela sua audaciosa atitude, da mulher que padecia com um fluxo de sangue, havia doze anos, e que tocou nas vestes de Jesus crendo que, com esse gesto, seria curada. Ela infringiu um preceito da lei mosaica, a qual considerava imunda a pessoa que estivesse sofrendo de qualquer tipo de hemorragia. En­quanto estivesse nesse estado não lhe era permitido se­quer tocar em outra pessoa (Lc 8: 43 – 48; Mt 9.20; Mc 5.25). Mas, Jesus, deixando falar mais alto o sentimento de misericórdia que lhe era peculiar, ao vê-la apresentar-se à Sua frente trêmula e amedrontada, em resposta à Sua pergunta: Quem é que me tocou? Disse-lhe: Tem bom ânimo, filha, a tua fé te salvou; vai em paz.
3) No perdão da “pecadora” que ungiu os pés de Je­sus, em público, durante o jantar na casa do fariseu chamado Simão. (Lc 7: 36 - 50). A quem Jesus disse: Os teus pecados te são perdoados... e, ao despedi-la, acrescenta: A tua fé te salvou: vai-te em paz. (vv.48 e 50).
No capítulo Ato das Apóstolas, falarei mais sobre esse episódio - da “pecadora” - ao fazer menção a Maria Madalena com a qual costumam, também, confundi-la.
4) Na libertação de Maria Madalena, a qual era oprimida por espíritos malignos. Jesus expulsou dela sete demônios (Lc 8:2). Aceitou-a como cooperadora em Seu ministério, o que significa dizer, como discípula; e não consta que tivesse feito qualquer ressalva quanto à sua atuação, no meio de seus seguidores, que pudesse ser vis­ta como discriminatória.
5) Na conversa que Jesus teve com a mulher sama­ritana, o que a levou a divulgar, entre o seu povo a notícia de que avistara o Cristo, uma verdadeira revelação sobre a messianidade de Jesus. Saliente-se que os judeus eram inimigos dos samaritanos, aos quais sequer dirigiam a pa­lavra, porém, Jesus ignorou a questão, quebrando mais esse costume. (João 4: 4 a 29). O resultado desse diálogo foi que as boas novas do Evangelho foram proclamadas e aceitas, pela primeira vez em Samaria, pela palavra dessa mulher.
6) Na compaixão que demonstrou à viúva de Naim, ao vê-la chorando durante o cortejo fúnebre que leva­va seu filho morto. (Lc 7. 11-17). E, vendo-a, o Senhor moveu-se de íntima compaixão por ela, e disse-lhe: Não chores. E, chegando-se, tocou o esquife (e os que o leva­vam pararam), e disse: Jovem, a ti te digo: Levanta-te. E o defunto assentou-se, e começou a falar. E entregou-o a sua mãe (v.13-15). Uma simples viúva, pessoa insignifi­cante diante de uma sociedade que desprezava a mulher, e na qual a pouca honra que ainda merecia era segundo a sua condição de mãe e esposa. Condições das quais a vi­úva de Naim se vira despojada, pois, como afirma o tex­to, havia perdido o seu filho único. Socialmente falando, a mulher seria classificada como fazendo parte da ralé, pois, não possuía mais nenhum dos valores reconhecidos por aquela sociedade machista. Ao socorrê-la, o Naza­reno mostra que valioso mesmo é o ser humano como tal, e não sua condição sócio-econômica ou seus dotes físicos ou intelectuais. A Bíblia nos fala sobre a marcante diferença da visão de Deus em comparação com a nossa maneira de ver: Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos. (Is. 55.8).
7) No reconhecimento do mérito de Maria, de Be­tânia - irmã de Marta e de Lázaro - por querer ouvi-lo, a qual, assentando-se aos pés de Jesus, ouvia a sua pala­vra. (Lc 10.39b). Em gritante contraste com a atitude dos rabinos os quais, de forma alguma, aceitariam ensinar a uma mulher as palavras da Lei, Jesus dignou-Se a fazê-lo. E, à sua irmã Marta, que a repreendia por não estar ajudando no serviço caseiro, exorta: Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas. Mas uma só é ne­cessária; e Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada.(Lc 10. 41- 42).
8) Na aceitação inconteste, por parte de Jesus da presença feminina em Seu ministério, durante todo o tempo em que o exerceu aqui na terra. Atitude totalmen­te contrária aos costumes judaicos – verdadeira afronta. Como já sabemos, os rabinos discriminavam e despre­zavam as mulheres, e os homens não falavam com uma mulher em público. A importância dessa questão era tão grande naquela sociedade, que o texto bíblico registra o espanto que causou, aos próprios discípulos, o episódio da conversa de Jesus com a samaritana, (Jo. 4.27). Atitu­des que mostram a quebra de paradigmas sociais e religio­sos. Ele desafiou, serenamente, os costumes e as leis que eram implacáveis para com os delitos ou pecados da mu­lher; e que, perversas, limitavam a sua liberdade pessoal.
Outrossim, não se tem notícia de que o Senhor lhes tenha imposto qualquer norma de conduta ou restrição comportamental para poderem acompanhá-lO durante o Seu ministério. Ao que tudo indica, elas tinham plena liberdade de ir e vir, assim como tinham respeitadas as suas iniciativas pessoais, inspiradas pela fé.
A teóloga, Mary Evans, fala sobre a pouca diferença no modo de Jesus tratar homens e mulheres:
As mulheres, tal como os homens foram conside­radas responsáveis por suas próprias decisões e capazes de entender as coisas espirituais. Elas foram igualmente livres para conversar, seguir, ser amigas e servir a Jesus. Ele ensinou que homens e mulheres são capazes de se relacionar de outro modo além do relacionamento es­pecificamente sexual. E estes ensinamentos foram reite­rados nas epístolas e vividos pela igreja, a qual era uma comunidade de homens e mulheres procurando seguir ao Senhor juntos.
9) Na defesa que fez de Maria, em Betânia, por oca­sião da ceia, em sua casa, da qual participavam, também, seus irmãos Lázaro (o qual Jesus ressuscitara) e Marta. Então Maria, tomando um arrátel de unguento de nardo puro, de muito preço, ungiu os pés de Jesus, e enxugou-lhe os pés com os seus cabelos; e encheu-se a casa do perfume do unguento. (Jo 12.3). Então, Judas Iscariotes, reclamou do desperdício do gasto com o perfume que poderia ser vendido por trezentos dinheiros e dado aos pobres. Mas, o texto de João 12. 1-11 esclarece que Judas, o que haveria de trair e vender Jesus falava, não por amor aos pobres, mas, porque era ladrão e, sendo o tesoureiro tirava “da bolsa” o que ali era depositado – certamente, lamentando a perda dos trezentos dinheiros que deixa­ria de roubar. Então, o Salvador toma a defesa de Maria e diz: Deixai-a; para o dia da minha sepultura guardou isto; porque os pobres sempre os tendes convosco; mas a mim nem sempre me tendes. (v.7,8).
 E, coroando o gesto libertador, o Filho de Deus escolhe Madalena e o grupo de mulheres que a acompanha­va como as primeiras testemunhas da ressurreição, emissá­rias e proclamadoras desse evento inaudito e glorioso.
Contudo, a escolha de Maria Madalena para liderar essa missão desafia nossa compreensão. Por que ela e não qualquer um dos outros apóstolos ou apóstolas? A respos­ta, naturalmente, vem sob a forma de conjectura: teria sido para estabelecer um paralelo entre duas mulheres que car­regaram sobre suas vidas o peso de uma maldição? Eva e Madalena? Seria uma representação, da parte de Jesus Cristo, da quebra da maldição sob a qual vivera a primei­ra mulher e que pesava, ainda, sobre todo o gênero femi­nino? Hipótese aventada ao observarmos que Madalena, também, fora vítima de maldição em forma de opressão demoníaca, mas, liberta e renascida da água e do Espírito passou a seguir a Jesus. Seu passado não contava mais, do mesmo modo que o pecado de Eva fora resgatado. Inaugu­rava-se a era da graça, tempo da independência espiritual de todo o gênero feminino (tanto quanto do masculino). Madalena – protótipo da primeira mulher da era cristã – contraposta a Eva, a primeira mulher da antiga criação. Assim sendo, somente restaria a todos exclamar: Bem-aventurados os olhos que vêem o que nós vemos.

Esta observação, sobre o porquê da escolha de Maria Madalena, insistimos, pertence ao nível das conjecturas. Todavia, no terreno das certezas, constatamos que todas as palavras de Jesus, ao tratar dos assuntos pertinentes ao universo feminino, bem como Seus gestos cheios de compaixão e compreensão para com as mulheres, apon­tavam para um final feliz. Para a quebra das cadeias que as mantinham subjugadas sob a maldição de Eva, e opri­midas sob o peso da Lei e do preconceito dos homens.  (CONTINUA).

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