domingo, 22 de março de 2015

Trecho extraído do livro Mensageiras da Ressurreição


                                         AS MULHERES E O CARGO DE PASTORA

Ponto crucial apresentado como impedimento para a mulher assumir o ministério ordenado – de Pas­tora - no debate que se trava no âmbito do feminismo teológico, tem sido o de que a mulher não tem uma “se­melhança natural” com a masculinidade de Cristo.  O Va­ticano lançou mão desse argumento, em 1977, para proi­bir a ordenação de mulheres na Igreja Católica. Aliás, ratificando a proibição que, há milênios, subsiste dentro do catolicismo. As igrejas evangélicas mais tradicionais, ao apresentarem, inclusive, argumentos que corroboram na interdição da mulher ao ministério ordenado, não fi­cam muito distantes, nesse aspecto, da doutrina católica.

Elisabeth Fiorenza, teóloga católica, dando murro em ponta de faca, como diz o ditado, contesta o ponto de vista do Va­ticano, observando no que ele implica:

Ou as mulheres não podem ser batizadas porque no batismo os cristãos se tornam membros do corpo (masculino) de Cristo ou nós não permanecemos mu­lheres porque os batizados se conformaram ao “homem perfeito”, em ambos os casos, uma tal teologia nega a uni­versalidade da encarnação e da salvação a fim de manter e legitimar as estruturas patriarcais da Igreja.

Sem dúvida, conclusão irrepreensível; uma vez que a mencionada teoria deriva de uma proposição falaciosa, a sua conclusão só poderia ser igualmente falsa, tal qual a teóloga aponta. Isso sucede porque – agora, entramos no universo evangélico- protestante - os antifeministas, chamados de complementaristas, colocam uma questão de caráter ontológico, ou seja, a semelhança de Cristo, num plano de natureza biológica, a masculinidade de Jesus. Como de costume, esse é um apelo discriminatório baseado no gênero; puro sexismo.

Outro teólogo, Stanley Grenz, faz menção à varie­dade de papéis que o ministério ordenado inclui, ressal­tando que nenhum deles é mais importante e problemá­tico para as mulheres do que o cargo representativo:

Muitos consideram as pessoas ordenadas como re­presentativas em certo sentido. O clero representa Cris­to para a congregação; a Igreja local para a comunidade mais ampla; e também a Igreja para o mundo.

Aos que se opõem à ordenação da mulher, tanto ca­tólicos quanto evangélicos tradicionais, fundamentados na (pseudo) impossibilidade da representatividade femi­nina, Stanley Grens manda um recado, no qual apresenta um argumento bastante criativo:

Não existe uma razão óbvia para o gênero impedir que a pessoa represente uma congregação local na comu­nidade maior ou represente a Igreja na sociedade. De fato, desde que a Igreja é a noiva de Cristo, podemos concluir que essas tarefas são mais bem desempenhadas por mi­nistras, pois só as mulheres podem ser noivas.

Outro aspecto do problema equacionado pelos te­ólogos, agora, de maneira mais específica, refere-se ao fato de os ministros ordenados representarem Cristo na celebração da Ceia do Senhor (a Eucaristia). Motivo, se­gundo eles, mais que suficiente para impedir as mulheres de receber a ordenação ministerial, porque a pessoa ordenada teria que ter uma semelhança biológica com Jesus. Outros­sim, afirmam que quem oficia na Eucaristia é o representan­te, ou mesmo a representação de Cristo. Não é demais frisar que tanto católicos como evangélicos pertencentes às igrejas chamadas históricas, aderiram a essa teoria.

Na Ceia do Senhor, que constitui a representação da Última Ceia, o Pastor realmente desempenha o papel de Jesus falando as mesmas palavras e repetindo os mesmos atos do Senhor, tal qual Ele o fez naquela ocasião. Quan­do estavam todos assentados à mesa, comendo, tomou Jesus o pão e, abençoando-o, o partiu e deu-lho, e disse: Tomai, comei, isto é o meu corpo. E, tomando o cálice, e dando graças, deu-lho; e todos beberam dele. E disse-lhes: Isto é o meu sangue, o sangue do Novo Testamento, que por muitos é derramado (Marcos 14. 22, 23, 24).

Muitos pensam que só um homem poderia repre­sentar esse papel mais adequadamente do que uma mu­lher. Aparentemente, sim. Todavia, aprofundando-se mais na questão, alguns teólogos chegam a uma conclusão di­ferente, tal como Mark E. Chapman. Ele afirma que o mi­nistro do sacramento representa Cristo oralmente e não corporalmente. E que é a Palavra dita pelo ministro, e não a pessoa dele, que determina a validade do sacramento:

Desse modo, um ministro adequado do sacramento, aquele cujo ministério torna o sacramento válido e eficaz, não é alguém cuja pessoa representa Cristo, mas alguém cuja Palavra, cuja proclamação, fala a Palavra de Cristo. (CONTINUA).

 

sábado, 14 de março de 2015

Trecho extraído do livro Mensageiras da Ressurreição


                                                 PATRONAS E AS IGREJAS DOMÉSTICAS                            
No Novo Testamento, cinco entre seis passagens que falam sobre igrejas domésticas, mostram mulheres na sua liderança e organização. E não há como contestar que servir como patrona de uma congregação local in­cluía certas responsabilidades de liderança e autoridade, como indica 1 Coríntios 16.15-19.
Em meio aos vários registros de mulheres que or­ganizaram e lideraram comunidades em suas próprias casas, encontramos o de uma mulher chamada Ápia (Fi­lemom 1.2), em Colossos, liderando a comunidade local juntamente com Filemon e Arquipo. Em Laodicéia, era na casa de Ninfa (Colossenses 4.15) que a igreja se reu­nia. A atuação de Priscila, como patrona destaca-se pela amplitude, como é sabido, pois exercia um ministério itinerante e, nas localidades por onde passava e residia, acolhia a Igreja em sua casa. (Romanos 16.3-5; 1Corín­tios 16.19; Atos 18. 1-2).
Além dos já citados, são diversos os nomes de ou­tras patronas, que aparecem como mantenedoras ou fun­dadoras de igrejas domésticas. O nome de Cloé (1 Corín­tios 1.11) é um deles; o de Lídia, vendedora de púrpura outro. Além de patronas, não é demais frisar, que as mu­lheres exerciam autoridade, na comunidade cristã, como mestras e cooperadoras. Ademais, a casa de Lídia foi o ponto de irradiação do evangelho em Filipos, (At 16.15).
Em Jerusalém, era na casa de Maria, mãe de João Marcos, que a congregação se reunia. (Atos 12.12). Foi nela que o apóstolo Pedro se refugiou após a fuga mila­grosa da prisão. (Atos 12. 7-11). Todos na casa, oravam pela sua libertação, de repente, uma jovem, chamada Rode, avisou que Pedro se encontrava batendo à porta do pátio. Ninguém deu crédito ao que a jovem dizia, pois, consideravam que estava fora de si. Finalmente, certifi­caram-se de que era verdade (Atos 12.13-16). Desse epi­sódio podemos tirar duas conclusões. A primeira: por não darem crédito à palavra da jovem, demonstraram a pouca confiança que merecia a palavra de uma mulher. A segunda, o exemplo de que as casas das mulheres cristãs, além de constituírem-se em igrejas domésticas (todos es­tavam orando) representavam abrigos seguros, nas quais, muitas vezes, cristãos perseguidos refugiaram-se.
O que ressalta na narrativa, porém, é a lição de co­ragem de Maria, a mãe de João Marcos. Ela não temeu expor-se ao perigo de receber Pedro em sua casa, embora o apóstolo fosse considerado foragido da justiça romana, em época de inclemente perseguição aos cristãos. Sem temor, Maria transformara sua casa num ponto de reu­nião da cristandade para os cultos a Deus, e em um local para acolher os discípulos perseguidos. O ato de coragem se reveste de maior grandeza quando lembramos que ha­via a instituição da pena de morte, na perseguição aos cristãos, que teve início, primeiramente, por parte dos judeus e, posteriormente, por parte do governo romano. Ameaças surgiam de todos os lados, assombrando o dia-a-dia da cristandade que, apesar de todo o perigo, pros­seguia indômita na tarefa missionária.
As igrejas domésticas, conforme ensina a Histó­ria bíblica, constituíram a célula básica do movimento cristão. Foi lançando mão desse recurso que a Igreja se expandiu em função do trabalho de missionárias e mis­sionários itinerantes. De cidade em cidade, os discípu­los dependiam da acolhida desses núcleos domésticos para dar-lhes hospitalidade e abrigá-los nos momentos de perigo. Eram acolhidos, ainda que os proprietários das casas não os conhecessem, os quais para recebê-los confiavam apenas nas cartas de recomendação das igre­jas donde os apóstolos provinham, ou pela fama que os precedia como diligentes servos de Deus.

As protetoras da Igreja em seus primeiros passos, na realidade, fundadoras de igrejas, receberam o reconheci­mento de Paulo de maneira efusiva como demonstram as suas cartas. O apóstolo foi pródigo e insistente em apelos para que todos os cristãos lhes manifestassem os mesmos sentimentos de gratidão - que ainda hoje se fazem ouvir. Convém, portanto, atentar para a realidade histórico-cristã, não deixando que a poeira do tempo empane o brilho dos feitos grandiosos e heroicos das primeiras dis­cípulas, não permitindo que seus nomes venham a cair no esquecimento. Além do mais, vale lembrar que a falta de memória é a raiz de toda opressão. (CONTINUA).

domingo, 8 de março de 2015


                              HOMENAGEM À MULHER AFRICANA
                                                      E ÀS ORIENTAIS



À elas que não conhecem ainda o sentido da palavra liberdade e vivem em regime de escravidão sob leis sociais injustas e cruéis. Leis advindas de Instituições humanas tirânicas, elaboradas à revelia da vontade de Deus – porquanto “Deus é Espírito e onde está o Espirito do SENHOR aí há liberdade”.

A essas mulheres presto minha homenagem, neste Dia Internacional da Mulher, transcrevendo trecho de meu livro, Mensageiras da Ressurreição, do capítulo que aborda a situação das mulheres nos países, nos quais por não terem ainda sido alcançados pela mensagem cristã, elas vivem escravizadas: 

                          A situação da mulher nos países não cristãos

Nos países do Oriente Médio, onde predomina o islamismo, bem como naqueles habitados por povos pa­gãos e materialistas, como Índia e China especialmen­te, não se deu um passo sequer em direção ao feminis­mo. A mulher ali continua sendo tão subjugada quanto eram suas ancestrais antes da Era Cristã. As raríssimas exceções servem, apenas, para confirmar a regra geral de violência e opressão. O contraste é gritante, se cotejados com os países cristãos, como Estados Unidos e os mais importantes países da Europa, que integram o bloco do chamado Primeiro Mundo ou Mundo Desenvolvido, - berço do protestantismo e do feminismo – nos quais a emancipação da mulher, há muito, tornou-se realidade.

Tal constatação não deixa de ser óbvia, porque o movimento feminista só poderia mesmo ter grassado em terra cristã, como todo e qualquer movimento que vise à libertação total do ser humano, seja no plano individual, social ou espiritual. Os resultados daí advindos colocam a mulher ocidental séculos à frente da mulher oriental em matéria de cidadania, liberdade individual e modus vivendi. Sem dúvida, é civilização versus barbárie. Tal as­sertiva não decorre de uma comparação entre culturas, mas, da constatação de uma realidade patente aos olhos de todos, haja vista, a classificação dos países em Desen­volvidos e em Desenvolvimento. Os primeiros, como se sabe, possuem alto nível de desenvolvimento econômico e social, lideram a economia mundial, há séculos, e são os grandes defensores dos direitos humanos e das teorias que deram origem ao sistema político democrático.

Dentre aos países em Desenvolvimento, conheci­dos como Segundo e Terceiro Mundo, é curioso notar que se encontram algumas das mais antigas civilizações do Planeta, tais como a Índia e a China, antiquíssimas. A China, agora, começa a dar sinais de progresso econô­mico, no entanto, na questão de direitos humanos é uma lástima. Um exemplo dessa situação é a perseguição aos cristãos, muitos dos quais encontram-se encarcerados nas prisões do Estado, e os cultos são realizado às escon­didas nas casas dos crentes.

Contudo, no momento, a Índia começa a viver no­vos tempos (não há mal que nunca se acabe, diz o ditado popular) e a despertar para o conhecimento do Evange­lho. Há, esperança, também, para todos os outros países, daquele lado do planeta, carentes da luz divina, porquan­to discípulos de Jesus Cristo - em cumprimento à Sua Palavra, de ir por todo o mundo e pregar o evangelho a toda a criatura (Marcos 16.15) – já os estão alcançan­do.

Espada sobre a cabeça - Na maioria dos países do Oriente Médio e da Ásia, não alcançados pelo evange­lho, o tempo parou para as mulheres. As leis em vigência permanecem estagnadas desde a era pré-cristã. As pena­lidades continuam a ser aplicadas com toda a crueldade contra elas, como sempre foram - açoites e pena de morte subsistem ainda neste Terceiro Milênio!

Ainda que a palavra Oriente signifique lugar onde nasce o sol, para as mulheres orientais o sol da justiça ainda não brilhou. A liberdade não abriu suas asas para abrigá-las, dando-lhes o direito de viver com a dignida­de que todo ser humano merece. Na maioria daqueles países, o modo de vida das mulheres decorre, ainda, se­gundo costumes antigos e bárbaros, são vítimas de mu­tilações e violência sexual, confinamento pela família e casamento forçado. Crueldade é uma palavra que parece ter perdido a sua conotação original, desfeita em lágrimas e transformada no pão das dores, com o qual alimentam a sua desesperança. Elas nunca provaram o Pão da Vida, aquele que é chamado de o Amor de Deus – Jesus Cristo, o Libertador, e não sabem que, para além do horizonte sombrio de suas vidas, existe uma terra que mana leite e mel (Êxodo 3.8), na qual poderão trocar sua pesada car­ga pelo jugo suave e por um fardo que é leve, (Mateus 11.29), conforme Jesus Cristo nos convida a fazê-lo. Ele, que é manso e humilde de coração, faz-nos conhecer a paz e a tão preciosa liberdade que dele promana. Porque o Senhor é o Espírito; e onde está o Espírito do Senhor aí há liberdade. (2 Coríntios 3.17).

As mulheres muçulmanas, proibidas até mesmo de mostrar o rosto, não podem dirigir ou viajar sozinhas, e têm pouca oportunidade de estudar. Práticas comuns na vida das mulheres ocidentais, podem ser consideradas criminosas para elas, sujeitando-as a sentenças de morte pela Sharia – a implacável lei religiosa dos muçulmanos. É um viver com espada sobre a cabeça.

No estado teocrático do Irã, a responsabilidade criminal começa aos 9 anos de idade para as meninas e aos 15 anos para os meninos. (Continua).