quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

TRECHO EXTRAÍDO DO LIVRO MENSAGEIRAS DA RESSURREIÇÃO

                       Sexismo que culminou em genocídio

O martírio de mulheres, do qual se tem apenas vislumbres e que não é circunscrito apenas às perseguições de que foram vítimas, nos primeiros séculos do cristianismo, tem sido muito pouco divulgado. Assunto, como se viu, comentado nos capítulos sobre as Mártires Cristãs e no Atos das Apóstolas. Os feitos heróicos ou trágicos que a História registra falam, especialmente, de protagonistas homens. Pouco se noticia, por exemplo, sobre a perseguição implacável à mulher no período medieval, pelos tribunais eclesiásticos da Inquisição, da Igreja Católica. História bem pouco conhecida no que se refere à participação da mulher e cujos detalhes tendem a ser esmaecidos com o passar dos anos.
Seria muito bom que as mulheres conhecessem a saga de suas antepassadas para colaborar na formação de um conceito melhor e menos leviano acerca de si mesmas. Elizabeth Fiorenza, já afirmou que "a raiz da opressão é a falta de memória."
O conhecimento da própria história poderá, também, ajudar a acabar com os estereótipos populares sobre a mulher, caricaturada como "caras e bocas", longas unhas pintadas e sapatos de salto alto. Tal retrato em forma de caricatura tende a escamotear o verdadeiro valor da mulher como ser humano. Não podemos nos omitir e deixar no esquecimento o fato de que muitas vidas foram ceifadas, não apenas pelas fogueiras da Inquisição, mas pela força descomunal do preconceito conhecido como sexismo.

O pouco que se preservou dos acontecimentos do período inquisitorial mostra que a maioria das mulheres foi martirizada simplesmente por ser mulher. O gênero feminino causava desconfiança. O fantasma da maldição de Eva não havia sido, ainda, exorcizado. Os sinais feitos por Cristo aqui na Terra, sobre a libertação da mulher, não haviam sido assimilados pela mente masculina, nem pelo povo, nem pelos religiosos, principalmente, por estes últimos. Talvez, nem as próprias mulheres tivessem noção dessa realidade; como até hoje acontece. Ressoa, há intermináveis séculos, na memória da mulher, o mea-culpa, pelo primeiro pecado.
Jacques Sprenger, inquisidor e teórico da demonologia, dizia: "Se hoje queimamos as bruxas, é por causa de seu sexo feminino." Outro inquisidor, observa a respeito da menstruação:
Mensalmente elas se enchem de elementos supérfluos e o sangue faz exalar vapores que se elevam e passam pela boca e pelas narinas e outros condutos do corpo, lançando feitiços sobre tudo que elas encontram.

O corpo da mulher era, em si mesmo, tido como fonte de malefícios, não só pela lembrança de Eva, mas também pela falta de conhecimento sobre a fisiologia feminina. Os disparates que diziam a respeito da menstruação beirava os limites da sandice. Nesse tempo, vivia-se a idolatria do corpo masculino; herança de costumes pagãos cujos cultos alcançavam seu ponto máximo nas chamadas festas de Falofórias.
No período inquisitorial, que se inicia na Idade Média e vai até o século 16, no qual se intensificam as perseguições e as condenações à morte na fogueira, milhares de mulheres foram submetidas às mais atrozes torturas e, depois assassinadas. A perseguição, sem dúvida avassaladora, movida contra os judeus pelos tribunais eclesiásticos, perante os quais eram tidos como hereges, aparece com destaque nos registros históricos. Não obstante, entre os condenados a proporção era de nove mulheres para cada homem, segundo dados históricos; e disso pouco se fala.
"É pelo sexo, por natureza impuro e maléfico, que ela se faz bruxa." Esse pensamento, de um dos inquisidores, fundamentado nos ritos de Sabá, deixa entrever a essência que levou ao verdadeiro genocídio perpetrado contra a mulher na época da Inquisição. A luta era contra o gênero feminino; a desculpa apresentada era a de prática de bruxaria – especialmente contra a mulher – e de heresia. As vítimas eram escolhidas aleatoriamente como objetos de uma ação discriminatória, alvos de furioso preconceito. As acusadas dificilmente conseguiam provar que os crimes contra elas assacados eram imaginários ou caluniosos, ainda sendo inocentes. Confirmação de que contra a força não há argumento.
Contudo, não se tem notícia de genocídio perpetrado contra bruxos. Refiro-me, claramente, a genocídios e não à morte de um ou outro homem condenado por bruxaria. Certamente, porque o corpo masculino era tido, "por natureza" como puro e benéfico... ao contrário do que pensavam sobre o corpo feminino. Sabe-se, sim, das violentas perseguições aos judeus, considerados hereges, e aos cristãos novos, provindos do judaísmo, os quais, segundo acreditavam os perseguidores, escondiam-se sob esse rótulo para fugir da Inquisição. Porém, ninguém pensava em anatematizar o sexo masculino. Ainda bem que não se perpetrou um genocídio contra o gênero masculino, pelo fato único de serem homens, pois o que houve contra as mulheres valeu por dois.
Até então, a humanidade assimilara muito pouco as lições ministradas por Jesus em favor das mulheres. Será que hoje os homens já conseguem vê-las de um modo mais cristão - realmente, segundo o olhar de Cristo? Ou será que ainda permanecem com os olhos vendados pela lascívia e pelo preconceito? O que percebemos, no decurso da história, não é senão a projeção da luxúria masculina direcionada sobre a figura da mulher; como se ela fosse uma tela em branco sobre a qual eram projetados os desejos de caráter sexual de todo o gênero masculino. Isso, talvez, revele o porquê de as mulheres muçulmanas serem obrigadas a usar a burca. Não é pelo pecado delas, mas pelo pecado deles projetado sobre elas; lamentável que eles desconheçam essa realidade.
Nas localidades dominadas pelos xiitas, as mulheres precisam viver enroladas em panos (burca) sem sequer mostrar o rosto, deixando apenas uma tela sobre os olhos, pior que a viseira dos cavalos, para poderem enxergar – a fim de não levar os homens a pecar. Visto que, a simples visão de uma mulher pode levá-los a cair em tentação. Mas, será que, no intuito de preservarem-se de práticas pecaminosas, às custas do sacrifício e da liberdade das mulheres, merecem respeito? (Continua)









terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

DEFESA DO NEOPENTECOSTALISMO (3)


                          EM DEFESA DO NEOPENTECOSTALISMO (3)

                                          DEUS DOADOR
Rachel Winter

 Mesquinhez é característica própria do ser humano. Muito conhecida de todos nós, manifesta-se nas relações sociais, comerciais, políticas e até familiares. Um quer ser mais rico do que o outro, mais bonito, mais talentoso e, para alcançar esse objetivo cultiva a mesquinhez e a avareza, chegando muitas vezes às raias do crime. Assemelham-se a morcegos sugando o sangue das pessoas. Nossa sociedade brasileira é estruturada na mesquinhez. No comércio, em especial nos Bancos, a exploração é flagrante e escandalosa, juros bancários são os maiores do mundo; na política é catastrófica, o povo morre nos corredores dos hospitais públicos porque o dinheiro que deveria mantê-los em boas condições é roubado por alguns políticos e empresários  desonestos. Triste, muito triste, quando atinge as relações familiares e a dos cristãos de diferentes denominações – irmãos contra irmãos!

Por todos esses motivos é muito difícil para a mente humana conceber Deus como doador e galardoador. Significando, que galardoar é dar prêmios por trabalho relevante. Entretanto, Deus nos oferece galardão gratuitamente, mesmo sem merecermos. Estamos, neste caso, referindo-nos às coisas espirituais, a começar por sua maravilhosa graça, que é favor imerecido, entre as demais bênçãos espirituais incontáveis. Jesus Cristo marca o ápice dessa característica divina. Pois, veio dar Sua vida para nos livrar da morte espiritual e ressuscitar para que com Ele ressuscitemos para a vida eterna.

Mas, por sermos espírito, alma e corpo, O SENHOR não iria ser incompleto ao nos abençoar, ainda que muitas pessoas, até mesmo cristãs, pareçam acreditar que somos somente espírito.

Muitas críticas são dirigidas às igrejas neopentecostais por enfatizarem as promessas divinas relativas às bênçãos de caráter material; promessas que são claramente descritas na Bíblia ou de cujos exemplos bíblicos podemos concluir nesse sentido.

Daí, a pergunta: o menino Jesus era menino de rua? Maria e José viviam na miséria? Fica muito claro, na Palavra, que os reis magos trouxeram para presentear o menino, ouro, incenso e mirra. Do valor do ouro nem precisamos falar, quanto à mirra, era de altíssimo preço e quanto ao incenso não deveria ser produto de pouca monta. Certamente, o valor dos mesmos deu para sustentar o menino na sua infância. Na idade adulta, quando de seu ministério terrestre, os relatos bíblicos mostram que havia pessoas que o sustentavam, especialmente mulheres de alta posição social como se vê em Lucas 8.1.

Nesse sentido, é interessante observar que o Pai não determinou que Jesus fizesse voto de pobreza e andasse “mendigando o pão” pelas estradas. Mas, por assim dizer, providenciou um “staff” para ajudá-lo financeiramente, entre o qual muitas mulheres, algumas de alta posição social como Joana, esposa de Cuza, administrador da casa de Herodes (Lucas 8.3), assim como providenciou, para os dias de hoje, que cristãos sustentassem a Igreja com os dízimos e as ofertas alçadas, como no passado, “para que não falte mantimento em minha casa”. E que os cristãos fossem abençoados com toda espécie de bênçãos, inclusive as de cunho material “e comprovai com vossos próprios olhos se não abrirei as janelas do céu, e derramarei sobre vós tantas bênçãos, que nem conseguireis guarda-las todas.” (Malaquias 3.10 – Trad. Da bíblia KG).  Observando que em nossa relação com Deus tem de haver reciprocidade e equilíbrio. Porquanto em nenhum lugar está escrito na Palavra que devemos viver das migalhas que caem da mesa dos ímpios nem, tampouco, que devamos idolatrar o dinheiro e as riquezas. Jesus também acrescenta que não devemos fazer como os fariseus que davam o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas, desprezavam o mais importante da lei, a justiça, a misericórdia e a fé - “deveis, porém, fazer essas coisas e não omitir aquelas.” (Mateus 23.23).

A Bíblia está repleta dos exemplos da capacidade doadora de Deus, e de Sua bondade, como nosso Pai que verdadeiramente é. Vejamos, apenas alguns desses exemplos, pois, estamos falando da própria terra da Promessa, da Palavra de Deus e sua vastidão:

“Dai e vos será dado; boa medida, recalcada, sacudida e transbordando vos darão; porque com a mesma medida com que medirdes também vos medirão de novo.” (Lucas 6. 38).

“Se vós estiverdes em mim, e a minhas palavras estiverem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito.” (João 15. 7).

“E tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei.” (João 14.13).

 Não podemos delimitar tais promessas somente ao nível espiritual. Está claro que este vem em primeiro lugar. Mas, o nível material não foi esquecido por Deus em nosso favor. No Antigo Testamento, em Provérbios, diz que “prosperidade é dom de Deus”. 

...”E fará descer a chuva, a temporã e a serôdia, no primeiro mês. E as eiras se encherão de trigo, e os lagares transbordarão de mosto e de óleo.” (Joel 2.23b). Abundância ou cesta básica? A Palavra santa e poderosa de Deus opta pela abundância.

“E comereis fartamente, e ficareis satisfeitos, e louvareis o nome do SENHOR, vosso Deus, que procedeu para convosco maravilhosamente; e o meu povo não será mais envergonhado.” (Joel 2. 26).

Jesus além de alertar sobre o dízimo, que deveria ser completo, pois, além de monetário, não descartaria a justiça, a misericórdia e fé; sublinha, também, o alto valor das ofertas dadas com amor. É o que vemos no episódio registrado em Lucas 21.2 quando, no templo, Ele observava as pessoas depositarem suas ofertas no gazofilácio: ”Percebeu também que uma viúva pobre ofertou duas pequenas moedas judaicas. E exclamou: “Com toda certeza vos asseguro que esta viúva pobre contribuiu mais do que todos eles juntos.” (Trad. Bíblia KG). Por que Jesus fez essa observação? Porque os outros deram do que lhes sobrava e ela, de sua extrema pobreza, deu tudo o que possuía.

Todas estas observações visam responder às críticas levianas das pessoas que costumam acusar as igrejas neopentecostais de “barganhar” com Deus. As pessoas, pela mesquinhez entranhada em suas mentes e corações, não entendem que Deus é o Pai das misericórdias e demonstra Seu amor inexplicável por nós derramando bênçãos incontáveis sobre todos os que o amam e o glorificam. Ao contrário do ser humano, Deus que que tenhamos uma vida plena.

Quanto à acusação de que os neopentecostais não conhecem a Bíblia e que são incultos é uma generalização muito leviana por não levar em conta dois dados. Primeiro, sobre qual era a situação dos discípulos de Jesus Cristo. Segundo, por parecer ignorar o que seja a unção de Deus, o verdadeiro poder do Espírito Santo, sob cuja bandeira caminham os neopentecostais.

Quanto à situação dos primeiros discípulos escolhidos por Jesus, todos sabem que a maioria era inculta, e alguns simples pescadores. No entanto, vale observar o que disseram de Pedro e João quando estiveram no Sinédrio, diante dos sacerdotes, do capitão do templo e dos saduceus: “Então, eles, vendo a ousadia de Pedro e João e informados de que eram homens sem letras e indoutos, se maravilharam (se admiraram); e tinham conhecimento de que eles haviam estado com Jesus.” (Atos 4.13). Sob o poder do Espírito Santo, o ser humano faz maravilhas. Ou melhor, Jesus Cristo faz maravilhas, é Ele quem capacita e não necessita escolher os capacitados. O que não quer dizer necessariamente que os capacitados, os cultos, os teólogos, os doutores sejam desprezados por Deus. Ele não faz acepção de pessoas; e no quesito cultura não seria diferente, pois, Paulo e Lucas, entre outros, são exemplos disso. Jesus Cristo escolheu Paulo, dono de grande cultura, falava oito línguas, conhecia toda a Lei mosaica, e muito mais, para levar o Evangelho aos gentios e ser um dos maiores escritores do Novo Testamento. E Lucas, era médico e é autor do Evangelho que leva seu nome e do livro de Atos dos Apóstolos; entre os cristãos era chamado de “o médico amado”.

Duas observações finais: Se existe entre os neopentecostais alguns Pastores que por vezes não mostram muita sabedoria, isso não quer dizer que em outras denominações não aconteça o mesmo. Não se pode tomar o particular e generalizá-lo.

Para finalizar, penso que seria esperado, da minha parte, no intuito de defender os neopentecostais, atacar as outras denominações, históricas ou pentecostais. Mas, de forma alguma agirei desse modo, tenho o maior respeito e carinho pelos irmãos das diversas denominações e creio que somente Jesus Cristo poderá apontar as fraquezas de cada uma das igrejas, como fez em Apocalipse, ao escrever a Carta às Sete Igrejas da Ásia. Lembrando que dali, certamente, vem inspiração para todas as denominações realizarem sua autoanálise. A Deus seja a glória!

 

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Texto extraído do livro Mensageiras da Ressurreição


                                                         AS TRÊS MULHERES

Atribui-se a ideia de pecadora, que se apegou ao nome de Maria Madalena, à confusão que popularmente se faz a respeito de três mulheres, citadas no Novo Testa­mento. Primeiramente, por confundi-la com a pecadora (anônima), mencionada no livro de Lucas (7.36-50); por analogia à protagonista do episódio, tida pelo povo como a própria Madalena, foi fácil acrescentar ao seu nome o apelido “Arrependida”. Prova cabal de que, na mentali­dade popular, seu nome tornou-se, sem qualquer base bíblica, sinônimo de pecadora – arrependida.

O texto bíblico faz menção a uma mulher realmen­te tachada de pecadora, que ungiu os pés de Jesus na casa do fariseu, chamado Simão. Esse homem escandalizou-se com a cena, pensando que Jesus não a tivesse reconhe­cido como tal e, por isso, até duvidando que Jesus fosse mesmo um profeta. Mas, o Salvador, que é mais que um profeta, tinha conhecimento disso e, também, do que o fariseu estava pensando.

Os versículos 37 e 38, descrevem-na literalmente como pecadora: E eis que uma mulher da cidade, uma pe­cadora, sabendo que Ele estava à mesa em casa do fariseu, levou um vaso de alabastro com unguento; e estando por detrás, aos seus pés, chorando, começou a regar-lhe os pés com lágrimas, e enxugava-lhos com os cabelos da sua ca­beça; e beijava-lhes os pés, e ungia-lhos com o unguento.

Apesar de ter recebido o cognome de pecadora, a mulher cujo nome não é mencionado no Evangelho, seria realmente uma meretriz? Será que as palavras pe­cadora, meretriz ou prostituta, no caso, poderiam ser tomadas como sinônimos? Sobre o assunto, a escritora Lilia Sebastiani pondera de modo oportuno que, se um homem tivesse se aproximado de Jesus, naquele dia, na casa do fariseu, para pedir-lhe o perdão dos seus pecados – um pecador portanto – “ninguém seria levado a pensar exclusivamente em faltas de natureza sexual.” Seria, re­almente, inconcebível. Quem ousaria imaginá-lo envol­vido com prostituição?

Na esteira desse raciocínio, a pesquisadora anali­sando os elementos que compõem a cena e observa:

É muito mais antiga do que o cristianismo a as­sociação mental espontânea mulher-pecado-sexo. Ali se encontravam dois elementos, mulher e pecado, em um clima de acentuada e perturbadora feminilidade. É total­mente instintivo para uma cultura patriarcal identificar a mulher com o sexo e, portanto, a pecadora se torna logo uma prostituta, a mulher “ocasião de pecado” por exce­lência.

Não obstante, ao confundir Madalena com aquela pecadora, e deduzir ser ela (Madalena - ou ambas) me­retriz, pode ocorrer de um mito estar alicerçado sobre outro mito. A malícia humana, como a história de Ma­dalena nos mostra, optou pelo pior. Assim como a esco­lha de Barrabás (Mateus 27.11-31), o qual se livrou da morte, em lugar de Jesus, por escolha do povo, é apenas mais um dentre tantos exemplos bíblicos e históricos da opção humana pelo mal. De igual modo, quanto àquela “pecadora”, não há provas de que o seu pecado fosse o da prostituição; nem que Maria de Magdala fosse meretriz.

A outra, das três mulheres era Maria de Betânia - a irmã de Marta e de Lázaro, ressuscitado por Jesus. Ela é identificada como a outra mulher que, também, ungiu, os pés de Jesus. Todavia, seu gesto teve finalidade diferente, que não a do perdão dos próprios pecados, esclarecida no evangelho de João (12. 1-11). Reconhecida como Maria de Betânia, no texto joanino, nos outros evangelhos seu nome não é mencionado, mas, apenas narrado o acon­tecimento do qual participou. Ocasião que serviu para demonstrar que ela tinha presciência da morte próxima de Jesus. Inferência obtida pela resposta dada por Jesus, quando Judas Iscariotes, na ocasião, reclamou que se po­deria vender o unguento, que era de altíssimo preço, para dar o dinheiro aos pobres. Disse, pois, Jesus: Deixai-a, para o dia da minha sepultura guardou isto (v.7). Surpre­endente a atitude dessa discípula, aprestando-se a ungir Jesus, por pressentir a proximidade de Sua morte, era um assunto a respeito do qual os outros discípulos pareciam não ter uma noção clara.

A outra das três mulheres, a verdadeira mensageira de ressurreição – Maria Madalena - foi quem, na mente popular, e até mesmo em alguns ambientes eclesiais, teve seu nome fundido com o das outras duas. Ela que, na re­alidade, veio a ser chamada Apóstola dos Apóstolos.

Uma parte da responsabilidade pela fusão dos três nomes em uma só pessoa cabe, também, ao fato de que, durante sé­culos, o povo não teve acesso direto à leitura da Bíblia. Até as primeiras quatro ou cinco décadas do século vinte, no Brasil, eram muito raras as edições das Escrituras em português, e o seu preço, muito alto. No resto do mundo não era muito diferente, à exceção dos Estados Unidos e de alguns países cristãos da Europa, posto que a impren­sa não havia alcançado o alto grau de desenvolvimento que hoje possui e que fez com que o preço dos livros se tornasse mais acessível à população em geral. O anal­fabetismo era outro obstáculo para o conhecimento da Palavra. Outrossim, não se pode esquecer que, na Igreja Católica, a leitura direta da Bíblia era vetada ao povo, o qual, segundo os religiosos, seria incapaz de entendê-la.