domingo, 30 de março de 2014

Trecho extraído do capítulo 5 do livro Mensageiras da Ressurreição

                                       


                      GÊNESIS 2 APOIA A SUBORDINAÇÃO DA MULHER?


Primeiramente, fique bem claro que estamos focalizando aqui a relação entre homem e mulher; e, não, a  relação entre o casal, ou seja, marido e mulher. 
Observemos alguns pontos de vista daqueles que encontram – de maneira arrevesada – argumentos no livro de Gênesis para apoiar suas teses de caráter discriminatório contra as mulheres.
Primeiro, conforme a visão dos complementaristas (antifeministas) o homem tem direito de exercer liderança, seja na igreja seja na sociedade, por analogia com o que acontece na ordem da Criação. Eles priorizam a ordem temporal da criação: primeiro o homem, depois a mulher, conforme relatado no livro de Gênesis (2 e 3). Veem nesse fato motivo para determinar a submissão da mulher ao homem.
O argumento é detonado pela teóloga Mary Evans ao observar que os animais foram criados antes do homem e, também, da mulher (Gênesis 1). Por conseguinte, a prioridade temporal na criação não implica em superioridade, nem de ser, tampouco de função. "Nem dá a entender que os animais são superiores ao homem."
O apóstolo Paulo chegou a citar o fato de Adão ter sido criado antes de Eva – contudo, não desenvolveu esse argumento, nem tirou dele qualquer conclusão. Outra vez, Mary Evans, oportunamente, lembra um comentário de João Calvino a esse respeito:
O motivo que Paulo especifica, ou seja, que a mulher ficou em segundo lugar na ordem da criação, não parece ser um argumento muito forte em favor de sua submissão.

Segundo, observemos ter sido o homem e a mulher criados à imagem de Deus, (Gênesis 1.27). Os antifeministas não negam, nem poderiam negá-lo, uma vez que a Bíblia declara com todas as letras o haver Deus criado o homem e a mulher à Sua imagem: Macho e fêmea os criou.
Na versão dos que podemos chamar de misóginos - ou simplesmente machistas - está presente, de maneira clara ou subentendido, o conceito de que a mulher reflete a imagem divina de maneira inferior ou diferente do homem. Nessa perspectiva, aproximam-se de Calvino que reconhece, sim, ter sido a mulher criada à imagem de Deus, "embora em segundo grau". Conceito rebatido pela teóloga, Mary Evans, ao concluir que não há nada em Gênesis 2, "que nos leve a presumir que a mulher tem a imagem de Deus de um modo diferente ou inferior do homem. Os dois capítulos indicam que o homem como um todo consiste de duas partes: o homem e a mulher."


Verdadeiramente, nessas considerações, ressalta-se que a subordinação da mulher não encontra apoio em nenhum dos textos da criação do Gênesis, quando submetidos ao crivo da exegese, fruto de profundo estudo que o delimita ao seu verdadeiro contexto.
Terceiro, vejamos o argumento dos complementaristas (antifeministas) que sobreleva a questão da hierarquia na Igreja, o qual tem sido usado como impedimento para o acesso das mulheres ao ministério e a outros cargos de liderança.  (Continua).

















terça-feira, 4 de março de 2014

Trecho extraído do capítulo 13 do livro Mensageiras da Ressurreição

                
               13.  O SILÊNCI0 SOBRE A HISTÓRIA DA MULHER




Abafada por um silêncio milenar, a história da mulher cristã, parece, nesta era feminista, despertar mais e mais interesse. Seu incômodo peso que, durante séculos, manteve ocultas ou amesquinhadas muitas etapas de sua História agora, vai aos poucos, sendo removido. Eruditos cristãos brasileiros, a exemplo de europeus e norte-americanos, vão desvendando os seus mistérios pelo exercício da exegese, aliada à pesquisa histórica, bem como por meio da Teologia,

Assim, os que pensavam que a atuação das mulheres durante o ministério terreno de Jesus e na Igreja primitiva foi irrelevante vão de surpresa em surpresa descobrindo outra realidade maravilhosa. As escavações feitas pelos pesquisadores da saga feminina, relatada na Bíblia, estão desvendando um panorama em que a contribuição da mulher para o Evangelho do Reino aparece bem mais vultosa do que se costuma imaginar.

                        
 MULHERES DO NOVO TESTAMENTO ESSAS DESCONHECIDAS




Entre o povo evangélico de hoje, percebe-se que são raríssimos os nomes femininos, dentre os registrados Novo Testamento, lembrados como dignos de nota. Isso demostra quão oportunos são os estudos dos exegetas, e que grande lacuna vêem preencher.

O panorama visto deste século indica que, tirante os nomes de Maria, mãe de Jesus, e Maria Madalena - mencionada mais pelos seus pseudospecados do que pela sua santificação -, o de Tabita (Dorcas) conhecida pela sua 

 ressurreição, e o nome de Lídia que é mal e mal conhecido, o resto é silêncio. Ignora-se o que elas faziam e até mesmo o nome das diversas mulheres citadas nas cartas de Paulo. Os estudos dos eruditos cristãos têm ajudado a corrigir esse lapso para tentar recompor a história da mulher do Novo Testamento.

O grande desconhecimento entre os cristãos, até mesmo por parte de líderes, a respeito do desempenho da mulher nos tempos de Jesus e da primeira Igreja cristã é notável. Daí, talvez, a resistência de muitas denominações em admitir o ministério feminino no seu âmbito, e até mesmo de reconhecer a capacidade e o direito das mulheres de ensinar na Igreja, e de ocupar cargos de relevância, tal como no passado remoto. Isso tudo aliado, claro, à má interpretação de certas palavras das cartas paulinas.

Todavia, o trabalho de pesquisadores da História da Igreja, tanto evangélicos como católicos, vem mostrar uma realidade muito rica concernente à atuação da mulher ao lado de Jesus e na comunidade pós-páscoa, como ficou demonstrado ligeiramente no capítulo 7 deste livro, Atos das Apóstolas. (Continua).