quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Trecho erxtraído do capítulo 10 do livro Mensageiras da Ressurreição

             PROFETAS E PROFETISAS: FUNDAMENTO DA IGREJA
Na história de Judá sobressai, também, o nome da profetisa Hulda. O relato encontra-se no livro de 2 Reis 22.14-18. Conforme sublinham alguns pesquisadores, o rei Josias, deixou de consultar grandes profetas de seu tempo, como Sofonias (Sf. 1.1) e Jeremias (Jr.1.2) para recorrer à profetisa Hulda. O ocorrido deu-se na ocasião em que o rei havia mandado restaurar o templo. Entre os escombros, o sumo sacerdote Hilquias acha o Livro da Lei que se havia perdido, e o entrega ao rei. O monarca envia seus emissários, entre os quais o próprio sacerdote Hilquias, além de Aicão, Acbor e Safã para indagarem da profetisa a respeito de quais seriam as revelações do Senhor sobre o conteúdo do Livro. Hulda, então, faz a revelação ao rei: Porque grande é o furor do Senhor, que se acendeu contra nós; porquanto nossos pais não deram ouvidos às palavras deste livro para fazerem conforme tudo quanto de nós está escrito (2 Reis 22.13b). Como se vê, pelos relatos, foi inestimável o valor do ato profético e, naturalmente, dos profetas e profeti­sas para aquela sociedade. Como exemplo, observemos as decorrências práticas da profecia de Hulda: o rei Josias e o sacerdote Hilquias dependiam vitalmente dessas re­velações. Se analisarmos o fato pelo prisma da hierarquia social, no que se refere à autoridade, Hulda ocupava uma posição mais alta do que o rei e o sacerdote. Ambos en­contravam-se na depêndencia de suas palavras. Na falta delas, eles estariam de mãos atadas para agir e decidir sobre o destino do povo, e acerca de seus próprios des­tinos. Estariam à mercê da sorte ou, o mais provável, à mercê do azar. Firmado nas revelações de Hulda, que as emitiu depois de haver consultado a Deus, o rei Josias re­úne todo o povo de Judá e de Jerusalém, e renova o pacto com o Senhor.
A profetisa revelara-lhe que o Senhor tinha ouvido o seu clamor e visto as suas lágrimas, e que ele não veria todo o mal que cairia sobre o povo, porque iria em paz para a sepultura antes que tudo acontecesse; e tudo aconteceu exatamente como ela previra.
A missão do profeta e da profetisa consistia em colocar-se na presença do Altíssimo, para servir de inter­mediário entre Deus e o povo – na qualidade de arauto do Senhor. (1 Reis 17.1; 18.15). Todavia, na era da Graça, em que vivemos, as profecias, a nós direcionadas, estão registradas na Palavra – viva e eficaz, sobre todo o plano que Deus tem para a humanidade, até o final dos tempos. Revelações que se encontram disponíveis a qualquer mo­mento para qualquer pessoa, da mais simples àquela que ocupa o lugar mais alto na pirâmide social. Das incontá­veis revelações da Palavra, extraímos esta na qual Jesus Cristo afirma: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida...à qual Ele acrescenta, com letras de ouro: Ninguém vem ao Pai, senão por mim. (Jo 14.6).
Quanto ao ministério profético das mulheres do Antigo Testamento, os estudiosos são unânimes em re­conhecer a sua importância para o povo de Israel, bem como a sua veracidade e autenticidade. É oportuno ter, também, em mente que profetas e profetisas, ao lado dos apóstolos, são o fundamento da Igreja. (Continua).

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Trecho Extraído do capítulo 18 do livro Mensageiras da Ressurreição




                             AS MULHERES E O CARGO DE PASTORA
Ponto crucial apresentado como impedimento para a mulher assumir o ministério ordenado – de Pastora - no debate que se trava no âmbito do feminismo teológico, tem sido o de que a mulher não tem uma "semelhança natural" com a masculinidade de Cristo. O Vaticano lançou mão desse argumento, em 1977, para proibir a ordenação de mulheres na Igreja Católica. Aliás, ratificando a proibição que, há milênios, subsiste dentro do catolicismo. As igrejas evangélicas mais tradicionais, ao apresentarem, inclusive, argumentos que corroboram na interdição da mulher ao ministério ordenado, não ficam muito distantes, nesse aspecto, da doutrina católica.
A teóloga, Elisabeth Fiorenza, contesta o ponto de vista do Vaticano, observando no que ele implica:

Ou as mulheres não podem ser batizadas porque no batismo os cristãos se tornam membros do corpo (masculino) de Cristo ou nós não permanecemos mulheres porque os batizados se conformaram ao "homem perfeito", em ambos os casos, uma tal teologia nega a universalidade da encarnação e da salvação a fim de manter e legitimar as estruturas patriarcais da Igreja.

Sem dúvida, conclusão irrepreensível; uma vez que a mencionada teoria deriva de uma proposição falaciosa, a sua conclusão só poderia ser igualmente falsa, tal qual a teóloga aponta. Isso sucede porque os antifeministas (complementaristas) colocam uma questão de caráter ontológico, ou seja, a semelhança de Cristo, num plano de natureza biológica, a masculinidade de Jesus. Como de costume, esse é um apelo discriminatório baseado no gênero - puro sexismo.

Aos que se opõem à ordenação da mulher, tanto católicos quanto evangélicos tradicionais, fundamentados na (pseudo) impossibilidade da representatividade feminina, Stanley Grens manda um recado, no qual apresenta um argumento bastante criativo:

Não existe uma razão óbvia para o gênero impedir que a pessoa represente uma congregação local na comunidade maior ou represente a Igreja na sociedade. De fato, desde que a Igreja é a noiva de Cristo, podemos concluir que essas tarefas são mais bem desempenhadas por ministras, pois só as mulheres podem ser noivas.

 Outro aspecto do problema equacionado pelos teólogos, agora, de maneira mais específica, refere-se ao fato de os ministros ordenados representarem Cristo na celebração da Ceia do Senhor (a Eucaristia). Motivo, segundo eles, mais que suficiente para impedir as mulheres de receber a ordenação ministerial, porque a pessoa ordenada teria que ter uma semelhança biológica com Jesus. Outrossim, afirmam que quem oficia na Eucaristia é o representante, ou mesmo a representação de Cristo. Não é demais frisar que tanto católicos como evangélicos pertencentes às igrejas chamadas históricas, aderiram a essa teoria.

Na Ceia do Senhor, que constitui a representação da Última Ceia, o Pastor realmente desempenha o papel de Jesus falando as mesmas palavras e repetindo os mesmos atos do Senhor, tal qual Ele o fez naquela ocasião. Quando estavam todos assentados à mesa, comendo, tomou Jesus o pão e, abençoando-o, o partiu e deu-lho, e disse: Tomai, comei, isto é o meu corpo. E, tomando o cálice, e dando graças, deu-lho; e todos beberam dele. E disse-lhes: Isto é o meu sangue, o sangue do Novo Testamento, que por muitos é derramado (Marcos 14. 22, 23, 24).

Muitos pensam que só um homem poderia representar esse papel mais adequadamente do que uma mulher. Aparentemente, sim. Todavia, aprofundando-se mais na questão, alguns teólogos chegam a uma conclusão diferente, tal como Mark E. Chapman. Ele afirma que o ministro do sacramento representa Cristo oralmente e não corporalmente. E que é a Palavra dita pelo ministro, e não a pessoa dele, que determina a validade do sacramento. (Continua).