sábado, 26 de janeiro de 2013

Trecho extraído do capítulo 6 do livro Mensageiras da Ressurreição

 
                
                      DOUTRINA CRIADA SOBRE PALAVRAS DE PAULO:
                                  
                                          O homem, a cabeça da mulher...
                               
Um texto que parece mostrar, de maneira cristalina, o direito à supremacia da autoridade masculina, em detrimento da mulher, é o de 1 Coríntios 11.3: Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo o varão, e o varão a cabeça da mulher; e Deus a cabeça de Cristo. No entanto, os estudiosos aconselham cuidado na leitura dessa passagem bíblica, para não ocorrer de interpretá-la de maneira superficial; porque há mais complexidade nos conceitos emitidos na frase do que parece à primeira vista.
Ao analisarmos o seu final, antes mesmo de entrar no mérito da questão referente à mulher e ao homem, vejamos a conclusão a que chega Stanley Grenz, em concordância com Kroeger: "Ao tornar o Filho inferior ao Pai, esta interpretação introduz uma subordinação herética na Trindade".
Isso acontece, caso entenda-se subordinação como indicativo de inferioridade. O debate vai longe, com os complementaristas afirmando que subordinação funcional não implica inferioridade ontológica, no caso do Pai e do Filho.
Os igualitários dão a tréplica ao destacarem a dependência dinâmica e mútua mais profunda da Trindade. Eles observam que Jesus submeteu-se voluntariamente Àquele que Ele chamava Aba (Pai), por conseguinte, o Filho é subordinado ao Pai na Trindade eterna. Enquanto o Pai, igualmente, depende do Filho para a sua divindade:

Ao enviar o Filho ao mundo, o Pai confiou o Seu próprio reino – de fato, a Sua divindade – ao Filho (Lucas 10.22). Do mesmo modo, o Pai depende do Filho para o seu título de Pai. Como mencionado por Irineu, no segundo século, sem o Filho o Pai não é Pai do Filho. A subordinação do Filho ao Pai deve ser, portanto, contrabalançada pela subordinação do Pai ao Filho.
 
Como o texto de 1 Coríntios 11.3 é usado pelos complementaristas para apoiar a submissão da mulher, daremos prioridade às análises diretamente relacionadas à questão. Os teólogos, logo de início, procuram esclarecer os significados da palavra cabeça, no contexto bíblico. A primeira definição é, realmente, a de autoridade sobre os outros – significando chefia, comando, tal como foi usada em Juízes (11.11): Assim Jefté foi com os anciãos de Gileade, e o povo o pôs por cabeça e príncipe sobre si...
A outra passagem bíblica é a de 2 Samuel, 22.44b: Guardaste-me para cabeça das nações; o povo que não conhecia me servirá.
A palavra cabeça (em hebraico, ro’sh e em grego, kephale) não é considerada como a sede do intelecto, mas, como fonte da vida.
Exemplo desse uso, encontra-se em 1 Samuel 28.2b, no diálogo entre Áquis e o rei Davi, no qual o primeiro exclama: Por isso te terei por guarda da minha cabeça para sempre. (28.2b). Leia-se: por guarda da minha vida. Igualmente, em Mateus 14. 8–11, a palavra é empregada com o mesmo sentido, quando tramavam a morte de João Batista e a filha de Herodias, mulher de Herodes, pede-lhe: Dá-me aqui num prato a cabeça de João Batista (v.8b).
Sob essa perspectiva, a questão da submissão começa a tomar outro rumo. Certamente, não tão simples quanto quer a tradução da Bíblia na Linguagem de Hoje, nos trechos de 1 Coríntios 11.3, e Efésios 5.23, ao declarar: O marido manda na mulher e... O marido tem autoridade sobre a mulher...
Convém esclarecer que, no primeiro século, era o coração e não a cabeça considerado como a fonte do pensamento e da razão. (Continua). 

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Trecho extraído do capítulo 3 do livro Mensageiras da Ressurreição

 
      A SITUAÇÃO DA MULHER NOS PAÍSES NÃO CRISTÃOS
 
Espada sobre a cabeça - Na maioria dos países do Oriente Médio e da Ásia, não alcançados pelo evangelho, o tempo parou para as mulheres. As leis em vigência permanecem estagnadas desde a era pré-cristã. As penalidades continuam a ser aplicadas com toda a crueldade contra elas, como sempre foram - açoites e pena de morte subsistem ainda neste Terceiro Milênio.
Ainda que a palavra Oriente signifique lugar onde nasce o sol, para as mulheres orientais o sol da justiça ainda não brilhou. A liberdade não abriu suas asas para abrigá-las, dando-lhes o direito de viver com a dignidade que todo ser humano merece. Na maioria daqueles países, o modo de vida das mulheres decorre, ainda, segundo costumes antigos e bárbaros, são vítimas de mutilações e violência sexual, confinamento pela família e casamento forçado. Crueldade é uma palavra que parece ter perdido a sua conotação original, desfeita em lágrimas e transformada no pão das dores, com o qual alimentam a sua desesperança. Elas nunca provaram o Pão da Vida, aquele que é chamado de o Amor de Deus – Jesus Cristo, o Libertador, e não sabem que, para além do horizonte sombrio de suas vidas, existe uma terra que mana leite e mel (Êxodo 3.8), na qual poderão trocar sua pesada carga pelo jugo suave e por um fardo que é leve, (Mateus 11.29), conforme Jesus Cristo nos convida a fazê-lo. Ele, que é manso e humilde de coração, faz-nos conhecer a paz e a tão preciosa liberdade que dele promana. Porque o Senhor é o Espírito; e onde está o Espírito do Senhor aí há liberdade. (2 Coríntios 3.17).
As mulheres muçulmanas, proibidas até mesmo de mostrar o rosto, não podem dirigir ou viajar sozinhas, e têm pouca oportunidade de estudar. Práticas comuns na vida das mulheres ocidentais, podem ser consideradas criminosas para elas, sujeitando-as a sentenças de morte pela Sharia – a implacável lei religiosa dos muçulmanos. É um viver com espada sobre a cabeça.
No estado teocrático do Irã, a responsabilidade criminal começa aos 9 anos de idade para as meninas e aos 15 anos para os meninos. Menores de idade acusados de crimes são alcançados, inapelavelmente, por sentenças de morte. Haja vista, o caso da jovem pintora iraniana, Delara Darabi, condenada à morte aos 17 anos, foi executada na forca seis anos depois, no dia 20 de abril de 2008. Acusada de homicídio, morreu jurando inocência.
Nos países ainda não alcançados pelo Evangelho, a direção da vida das mulheres acha-se, efetivamente, nas mãos dos pais ou familiares, enquanto solteiras; depois de casadas passam a ser governadas pelo marido. Persiste, até hoje, o costume dos casamentos arranjados pelos pais.
Assassinato em família - Nas localidades onde vigora a lei da Sharia de modo mais efetivo que as leis institucionais, a mulher acusada de algum crime sexual, às vezes, nem precisa passar pelos tribunais para receber a pena de morte. A própria família encarrega-se de matá-la. São diversos os casos relatados em que o próprio pai, irmãos ou até mesmo a mãe, dá cabo da vida da filha ou irmã. Muitas das vezes, nem precisa ser culpada de crimes considerados graves para ser condenada à morte pelos familiares. Sabe-se de jovens muçulmanas que, por não quererem usar o véu, foram assassinadas pelo pai. Outras, por desejarem escolher livremente com quem casar. Das que são obrigadas a acatar a decisão dos pais ou responsáveis, a maioria vem a conhecer o noivo somente no dia do casamento. (Continua).

 

domingo, 6 de janeiro de 2013

Trecho extraído do capítulo 8 do livro Mensageiras da Ressurreição

                   O TEXTO MAIS EXPLOSIVO DO NOVO TESTAMENTO
 
Antes de comentar o referido texto, de Gálatas 3.26-28 - já mencionado no primeiro capítulo deste livro - con­vém observar a definição que os dicionários dão à palavra machismo: Atitude ou comportamento de quem não acei­ta a igualdade de direitos para o homem e a mulher.
Essa definição, cotejada com o objetivo ardua­mente buscado pelo apóstolo Paulo, isto é, o da unidade dos crentes em Cristo, por se tratar de um mandamento fundamental do cristianismo, coloca-nos diante de um impasse. Impossível, alguém que não reconhece direitos iguais para homens e mulheres, escrever o texto social­mente mais explosivo do Novo Testamento, justamente para defender esses direitos, exatamente como Paulo faz, na carta aos Gálatas: Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. Ele encerra o pen­samento com chave de ouro declarando: E, se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão, e herdeiros conforme a promessa. (v. 29). Prova cabal de que as mu­lheres e as pessoas marginalizadas dentro da sociedade, não foram deserdadas pelo Pai, mas, adotadas em Cristo como verdadeiras filhas de Deus, independente de status social ou sexo – basta crer em Jesus Cristo e aceitá-lo como seu Senhor e Salvador. Esse texto serve, também, para livrar o apóstolo Paulo da pecha de machista.
A frase, do versículo 29, remete-nos a outro após­tolo, a Pedro, o qual observa que homens e mulheres são co-herdeiros da graça da vida, (1 Pedro 3.7). Graça sob a qual desponta a nova nação das pessoas recriadas em Cristo, em meio à qual são quebradas as barreiras que as separavam por questões de raça, classe social ou gênero.
Dentre os motivos que deram a Paulo fama de ma­chista encontram-se algumas de suas bem conhecidas – porém, mal-interpretadas - recomendações às mulhe­res, sobre as quais já falamos anteriormente. Ao tomar conhecimento dessas recomendações, com isenção de ânimo, conclui-se que costumam ser lidas sem levar em conta o contexto social e a situação da Igreja no momen­to em que foram escritas, conforme asseveram os estu­diosos cristãos adeptos do igualitarismo entre homens e mulheres dentro da igreja.
Passemos a apreciar, agora, nos textos bíblicos, como foi a atuação da mulher nos primórdios da Igreja. A constatação dessa realidade, por si só, contribui para amenizar, e até apagar, a fama que se apegou ao nome de Paulo, de inibidor da ação das mulheres no plano ecle­sial. Ao mesmo tempo, em que nos faz aquilatar o valor do ministério das primeiras mulheres cristãs. O caso de Febe, que dá início a este capítulo, é exemplar.