quinta-feira, 19 de abril de 2012

Trecho extraído da Introdução do livro Mensageiras da Ressurreição

ALGUNS PROPÓSITOS DESTE LIVRO

No capítulo intitulado Atos das Apóstolas, referimos aspectos da vida de mulheres, cujos nomes estão registrados no NT ao lado dos nomes dos apóstolos. O intuito é tornar mais conhecida a trajetória dessas discípulas dentro do movimento cristão, a fim de tirar seus nomes do quase anonimato em que se encontram, pondo em destaque o trabalho missionário que realizaram. Além disso, buscamos extrair do pálido registro histórico - porque a história tem sido parcimoniosa para com a mulher – alguns relatos da vida das mártires do cristianismo.

Em síntese, a intenção é popularizar os estudos feitos por teólogos, pesquisadores e eruditos cristãos a respeito da história da mulher narrada na Bíblia, tendo como foco principal o Novo Testamento, bem como destacar aspectos da história da mulher no mundo. Esforço desenvolvido no sentido de proporcionar à leitora ou ao leitor leigos a oportunidade de tomar conhecimento, ainda que de modo limitado, dos resultados de tais pesquisas e relatos históricos. Outrossim, focalizar trabalhos exegéticos que tentam entender e explicar certas palavras do apóstolo Paulo que "criaram doutrina" e servem de obstáculo ao desenvolvimento do ministério da mulher na igreja.

Normalmente, tais pesquisas permanecem circunscritas ao próprio meio em que se desenvolveram, ou seja, ao ambiente acadêmico, sem a conotação pejorativa que
a palavra acadêmico possa conter, mas, com referência àquele saber que permanece entre os eruditos. Todo esse empenho visa divulgar os seus resultados os quais, por serem muito favoráveis à mulher, não devem ser mantidos apenas como exercícios de erudição no meio teológico, mas, para que seja efetivada sua aplicação na prática da vivência cristã. Esforço envidado com o objetivo de se conhecer mais a respeito do processo de emancipação espiritual da mulher, proclamada naquele domingo de Páscoa e não referendada, ainda, por uma parcela da cristandade.
O que está fora dos propósitos desta obra:
Não consta de seus objetivos endeusar a mulher, tampouco incitar disputa ou contenda entre os sexos, à maneira de um feminismo rancoroso, tipo guerra dos sexos. Porque este livro não tem a intenção de configurar-se num acinte aos homens, recorro a um antigo discurso – mas, atualíssimo e sensato - de uma feminista. Qualidade rara de se encontrar entre as diatribes costumeiras do segmento feminista não-cristão. Nesse discurso, uma ativista afro-americana, do século 19, diz palavras que expressavam bem, já naquela época, o porquê da necessidade de se reconhecer a emancipação feminina no meio social:

A maior justificação da mulher para falar é que o mundo necessita ouvir sua voz. Seria subversivo para todo interesse humano que o grito de metade da família humana fosse abafado. A mulher atrevendo-se a pensar, a mover-se, a falar – encarregando-se de ajudar a formar, a moldar e a dirigir o pensamento de sua época - está apenas completando o círculo da visão do mundo. Dela é todo o interesse ao qual falta intérprete e defensor. Tem sua causa ligada à de toda agonia emudecida, à toda ofensa que carece de voz. Tem sido necessário ao mundo andar mancando, com o passo oscilante, unilateralmente hesitante de quem perdeu um olho. De súbito, ao removerem a bandagem do outro olho, ilumina-se o corpo todo. Restaurado o olho cego, todos os demais membros se rejubilam.    

Reconhecer os direitos da mulher e reivindicá-los não é o mesmo que divinizá-la e colocá-la num patamar superior em comparação com o homem, posto que, debaixo do sol, encontram-se mulheres do bem e mulheres do mal; homens do bem e homens do mal. Mulheres ou homens que podem agir como feras ou como santos. Não sem razão, afirma-se que o "homem é o lobo do homem" – e a recíproca, certamente, é verdadeira em relação à mulher, e o mesmo acontece no relacionamento entre homem e mulher quando distantes da presença de Deus.

Não há nada de novo na natureza feminina como tal, que nos leve a exaltá-la; nem na masculina. Mudança, transformação de vida e do próprio ser, somente ocorrem debaixo da maravilhosa graça de Deus no nascer novamente em Cristo Jesus. (João 3. 1-6). Salvação, da qual decorre crescimento espiritual e pessoal, somente acontece ao renascer em Cristo, ao sermos adotados como filhos de Deus em Cristo. Fora disso, não vale a pena perder tempo engrandecendo a mulher ou o homem - inócua tentativa que só tende a levar à abominável idolatria do ser humano. Digno de engrandecimento somente Deus, o Pai das luzes. A Ele seja toda a glória!


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