domingo, 30 de outubro de 2011

Trecho extraído do capítulo 17 do livro Mensageiras da Ressurreição - em homenagem ao aniversário da Reforma protestante

O SACERDÓCIO DE TODOS OS CRENTES
O tema a respeito do sacerdócio de todos os crentes, enfatizado na Reforma, por Lutero, como um dos princípios do protestantismo, destaca que todas as pessoas ao aceitarem Cristo como seu Senhor e Salvador pela fé, têm acesso à graça divina - sem necessidade de qualquer mediador específico, ou seja, de um sacerdote ordenado. Ao contrário do que propalava a teologia medieval, ao afirmar terem os crentes acesso à graça divina unicamente por meio dos sacramentos da Igreja, caso em que a figura do sacerdote seria essencial. Necessariamente, serviria como instrumento do Pai Eterno na dispensação da graça e do perdão, ao apresentar as ofertas do povo de Deus.
Em contraposição, no novo tempo, conforme revelado pelo apóstolo Pedro, todos os crentes podem oferecer sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus por meio de Jesus Cristo: Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo. (1 Pedro 2.5)
Lutero faz valer a verdade bíblica de que cada crente tem acesso direto ao Pai, ao Lugar Santo, onde Deus habita; e não somente o sumo sacerdote, como acontecia no passado remoto. Dispensada está, portanto, a intermediação de pessoas especialmente ordenadas para a função porque, segundo o Novo Testamento: Ele nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai: a Ele glória e poder para todo o sempre. Amém. (Apocalipse 1.6).
O sacerdócio levítico, do passado, instituído por Deus entre o povo de Israel, focava-se no cargo ordenado; hoje, o sacerdócio universal dos crentes, revelado no Novo Testamento, tem seu foco na Igreja como um todo – constituída por crentes-sacerdotes - e pode-se destacar sem medo de errar, por sacerdotisas.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Trecho extraído do capítulo 1 do livro Mensageiras da Ressurreição

O INÍCIO DA CAMINHADA

...Aquele foi o primeiro de subseqüentes abalos a sacudir
o código de leis judaico e a repercutir sobre os conceitos
de (in)justiça do mundo greco-romano. Nestes,
a mulher era ainda muito mais inferiorizada, apesar das
raras exceções, em ambos os contextos, que serviam apenas
para confirmar a regra geral de violência e opressão.
A marcha em prol da libertação da mulher que se desencadeou em dois níveis, quais sejam, na sociedade civil e na igreja, movimentou-se em ritmo desigual. Surpreendentemente, cristãos
e cristãs avançaram mais lentamente. A defasagem
entre os dois segmentos é visível no presente momento.
Algumas denominações evangélicas, é verdade, apoiam
integralmente até mesmo o ministério pastoral da mulher;
outras, porém, reconhecem apenas parcialmente o
seu direito de trabalhar na missão evangelística (desde
que não exerça autoridade como líder); e ainda meditam
sobre o que seria ou não permitido à mulher realizar. Enquanto
que, em outras denominações, sua atuação limita-
se à execução de trabalhos manuais dentro do ministério
de assistência social, onde lhe é permitido, quando
muito, colaborar na ajuda aos necessitados e cuidar dos
trabalhos de limpeza da igreja. Trabalho honroso, sem
dúvida, mas, de âmbito limitado.
No segmento católico, por sua vez, mulher receber
o ministério ordenado é assunto totalmente fora de cogitação.
As mulheres conquistaram o mundo, mas, continuam
como mendigas esmolando à porta de muitas
igrejas por um espaço no púlpito ou pela oportunidade
de participar das decisões concernentes à vida da igreja.
Uma mulher pode ser presidente da República,
mas, em algumas denominações não pode ser pastora,
nem ocupar um lugar na hierarquia eclesial. Sei que igreja
é igreja, mundo é mundo. Mas não deixa de ser instigante
a constatação, e de oferecer oportunidade para
maiores reflexões.

domingo, 16 de outubro de 2011

Trecho extraído do capítulo 8, item 2, do livro Mensageiras da Ressurreição

A MULHER QUE ARRISCOU A VIDA POR PAULO
Priscila, cujo nome verdadeiro é Prisca, foi missionária e cooperadora de Paulo, na obra do Senhor, conforme Romanos 16. Ela desenvolvia sua missão ao lado de Áquila, com quem era casada. Seu nome aparece em primeiro lugar, em vez do nome do marido, contrariando o costume da época, quando na maioria das vezes o nome da mulher nem era citado. Seguia-se simplesmente ao nome do homem a observação de que era casado ou que possuía filhas, omitindo-se o nome tanto da esposa quanto das filhas. O nome de Priscila, antecede ao do marido em Romanos 16.3; Atos 18.18, 26; e 2 Timóteo 4.19, o que indica a sua importância na comunidade cristã e a excelência de seu trabalho.
Pricila foi fundadora de comunidades e exercia liderança na ekklesia - igreja doméstica. Paulo menciona esse fato ao se referir à igreja que está em sua casa, em 1 Coríntios 16.19b. Na missão que o casal desenvolveu por Éfeso, Corinto e Roma costumava transformar a própria casa em ponto de reunião da igreja.
Quanto ao sentido da palavra ekklesia, vale observar que é bastante extenso e excede o de igreja doméstica. Designava a reunião dos cristãos e cristãs, servia para nomear o grupo, bem como as comunidades domésticas locais ou espalhadas, bem como todo o movimento cristão.
Na história de Priscila e Áquila, sobressai um feito heróico, o de terem arriscado a vida para salvar a de Paulo. Ele pede às igrejas que lhes sejam gratas, assim como ele mesmo manifesta a sua gratidão: Os quais pela mi
nha vida expuseram as suas cabeças; o que não só eu lhes
agradeço, mas também todas as igrejas dos gentios (v.4).
Paulo mostra-se, igualmente reconhecido pela acolhida
que lhes deram durante o tempo que passou em Corinto.
E, mais que tudo, pelo trabalho incansável que desenvolviam
como cooperadores e missionários na obra do
Senhor.
Temos a informação, em Atos 18. 1-3, de que Priscila
e Áquila eram fabricantes de tendas. Paulo, que também
conhecia o ofício, passou a trabalhar com eles. O
apóstolo, o qual pertencera a uma família de posição
social proeminente e abastada, cidadão romano, neto e
sucessor do rabino Hillel, via-se, agora, lutando arduamente
pela sobrevivência, por amor a Cristo. Geralmente,
o judeu que se convertia ao cristianismo era deserdado
pela família e expulso de casa. Paulo necessitou do
apoio de outros apóstolos e apóstolas, nessa ocasião e em
muitas outras. Todavia, como ele mesmo confessava, era
fortalecido no Senhor e sabia tanto a ter fartura, como a
ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade,
o que o levou a exclamar: Posso todas as coisas NAQUELE que me fortalece.(Filipenses 4.12, 13).

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Trecho extraído do capítulo 5 do livro Mensageiras da Ressurreição

Gênesis 2 apoia a subordinação da mulher?
Observemos alguns pontos de vista daqueles que encontram – de maneira arrevesada – argumentos no livro de Gênesis para apoiar suas teses de caráter discriminatório contra as mulheres.
Primeiro, conforme a visão dos complementaristas (antifeministas) o homem tem direito de exercer liderança, seja na igreja seja na sociedade, por analogia com o que acontece na ordem da Criação. Eles priorizam a ordem temporal da criação: primeiro o homem, depois a mulher, conforme relatado no livro de Gênesis (2 e 3). Veem nesse fato motivo para determinar a submissão da mulher ao homem.
O argumento é detonado pela teóloga Mary Evans ao observar que os animais foram criados antes do homem e, também, da mulher (Gênesis 1). Por conseguinte, a prioridade temporal na criação não implica em superioridade, nem de ser, tampouco de função. “Nem dá a entender que os animais são superiores ao homem.”
De fato, não temos nenhuma indicação em Gênesis 2 de que a prioridade temporal seja de qualquer importância particular. As duas criaturas, macho e fêmea, são assim paralelas, sendo que a ordem (na criação) não amesquinha nenhuma delas.
O apóstolo Paulo chegou a citar o fato de Adão ter sido criado antes de Eva – contudo, não desenvolveu esse argumento, nem tirou dele qualquer conclusão.