segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Trecho extraído do capítulo 6.2 do livro Mensageiras da Ressurreição


                           A MULHER ESTEJA CALADA...

Em meio às controvérsias que o tema da liderança feminina suscita, os cristãos encontram-se divididos em dois grupos bem distintos. Divisão que atinge, igualmente, as classes teológica e pastoral. Contudo, a maior tendência nos dias atuais é pelo reconhecimento do direito da mulher de exercer, tal como o homem, todos os ministérios conforme acontecia nos primórdios do cristianismo.
Stanley J. Grenz, teólogo, classifica os representantes das duas correntes em igualitários e complementaristas.
Os primeiros, favoráveis ao pleno direito da mulher de exercer o ministério
eclesial em toda a sua dimensão, assim como era nos tempos apostólicos: as apóstolas militando no trabalho do Senhor ombro a ombro com os apóstolos.
Os segundos delimitam o campo da ação missionária da mulher e o seu espaço na igreja. Costumam vê-la apenas como apoiadora do trabalho do homem, complementando-o. Isso significa dizer, nunca ocupando cargo de liderança – mas, cedem a ela um pouquinho mais de espaço, em relação ao que ocupavam na sinagoga do passado.
No universo complementarista vicejam as doutrinas criadas sobre alguns textos das cartas paulinas, que tentam colocar impedimento ao livre exercício do trabalho da mulher na Igreja. Criar doutrinas, neste caso, significa extrair textos da Bíblia e interpretá-los livremente fora do seu
contexto, sem levar em conta as injunções sociais e o momento histórico em
que ocorreram. Conclusão tendenciosa que apresenta um resultado bem diverso do verdadeiro sentido bíblico. Tais doutrinas tendem a valorizar ordenanças que foram direcionadas a solucionar problemas momentâneos e específicos da Igreja primitiva como se tivessem valor perpétuo - o que acontece ao descontextualizá-las.
==========================================================

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Techo extraído do capítulo 16 do livro Mensageiras da Ressurreição

SÉCULOS DE RETROCESSO DA IGREJA
QUANTO AO PAPEL DA MULHER CRISTÃ



Aquela tendência de pensar a excelência do que é moderno em detrimento do que é antigo mostra-se inconsistente no que concerne à história da mulher na Igreja. O Novo Testamento, a arte cristã, as mais diversas fontes históricas e, até mesmo, os escritos apócrifos atestam que o lugar ocupado por ela, ao lado de Jesus, e nos primórdios do cristianismo, era tão importante quanto o do homem. Ela desempenhou as mesmas funções que o homem no quesito liderança, ensino e nas demais funções do serviço cristão – como já vimos enfatizando, com base nos estudos realizados por grandes teólogos, durante todo este trabalho.

Na arte cristã do primeiro e do segundo século, pode-se apreciar o desempenho das mulheres nas mais variadas atividades ministeriais. Aparecem administrando a Ceia do Senhor, ensinando, batizando, assistindo aos necessitados e liderando as orações públicas.

Hoje, contabilizamos séculos de apatia. À medida que a Igreja foi-se estabelecendo como instituição religiosa e o fervor espiritual decrescendo, a organização eclesial substituiu a simplicidade daquele primeiro e poderoso avivamento da primeira congregação cristã. A hierarquização trouxe a separação entre irmãos e irmãs, em lugar do primeiro amor - aquele sentimento poderoso que marca o início da nossa caminhada com Cristo; e que permeava o relacionamento da primeira comunidade cristã. Os homens tomaram para si os papéis de liderança, e às mulheres restaram atribuições secundárias. Aos poucos, elas foram silenciando e durante séculos a Igreja deixou de ouvir a sua voz.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Trecho extraído do capítulo 15 do livro Mensageiras da Ressurreição


                                            O ÓVULO DA MULHER

Até o ano de 1827, a Medicina não tinha conhe­cimento da existência do óvulo da mulher. Desconheci­mento que foi responsável pela criação de mirabolantes teorias sobre o corpo feminino, por parte de filósofos, médicos, cientistas, literatos, enfim pela nata da intelec­tualidade de todos os tempos. Ideias como a de Aristóte­les, filósofo grego, segundo a qual a mulher não contri­buía no processo de reprodução com material produtivo para a formação do feto. Para ele, só o homem era a parte criativa e doadora de vida; ela era meramente uma nutri­dora biologicamente passiva. Aristóteles declarava o sexo feminino inferior, por natureza. Sua definição de mulher era a de homem incompleto, defeituoso. Considerava a mulher inferior tanto do ponto de vista físico como no caráter: Devemos considerar o caráter da mulher como algo que sofre de certa deficiência natural.

Suas ideias influenciaram grandemente a Idade Média. Com relação à fictícia imperfeição do corpo femi­nino, as ideias aristotélicas influenciaram até mesmo os Reformadores. Haja vista, concordarem em ver a mulher apenas como uma nutridora biologicamente passiva.

Contudo, em fins do ano de 1600, portanto, antes da descoberta do óvulo feminino, o tema sobre a natu­reza física da mulher passou a ser alvo de acirradas dis­cussões nos meios médicos da Renascença. Finalmente, as inteligências dos doutores desembotaram-se e eles chegaram à conclusão, de modo consensual, que a ana­tomia feminina era perfeitamente normal e distinta da anatomia masculina.

Resolvida a questão, concordaram os luminares da inteligência científica que, na anatomia feminina, não havia carência alguma, e que a mulher não seria, então, como afirmava, também, Tomás de Aquino, um homem incompleto, um ser ocasional; ideia bem semelhante a de Aristóteles sobre o assunto. Dentre os leigos, todavia, subsistiam dúvidas. Ainda até bem pouco tempo, duvidava-se da capacidade intelectual e da robustez física da mulher, supondo-se que o seu cérebro seria inferior ao cérebro do homem. Os efeitos da falta de conhecimento da fisiologia feminina, referentes ao processo reprodutivo, que se fizeram sentir até a segunda década do século 19, influenciaram negativamente o pensamento medieval e renascentista. Até os religiosos incidiram em erro ao tentar entender o papel da mulher para gerar um filho.

domingo, 30 de outubro de 2011

Trecho extraído do capítulo 17 do livro Mensageiras da Ressurreição - em homenagem ao aniversário da Reforma protestante

O SACERDÓCIO DE TODOS OS CRENTES
O tema a respeito do sacerdócio de todos os crentes, enfatizado na Reforma, por Lutero, como um dos princípios do protestantismo, destaca que todas as pessoas ao aceitarem Cristo como seu Senhor e Salvador pela fé, têm acesso à graça divina - sem necessidade de qualquer mediador específico, ou seja, de um sacerdote ordenado. Ao contrário do que propalava a teologia medieval, ao afirmar terem os crentes acesso à graça divina unicamente por meio dos sacramentos da Igreja, caso em que a figura do sacerdote seria essencial. Necessariamente, serviria como instrumento do Pai Eterno na dispensação da graça e do perdão, ao apresentar as ofertas do povo de Deus.
Em contraposição, no novo tempo, conforme revelado pelo apóstolo Pedro, todos os crentes podem oferecer sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus por meio de Jesus Cristo: Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo. (1 Pedro 2.5)
Lutero faz valer a verdade bíblica de que cada crente tem acesso direto ao Pai, ao Lugar Santo, onde Deus habita; e não somente o sumo sacerdote, como acontecia no passado remoto. Dispensada está, portanto, a intermediação de pessoas especialmente ordenadas para a função porque, segundo o Novo Testamento: Ele nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai: a Ele glória e poder para todo o sempre. Amém. (Apocalipse 1.6).
O sacerdócio levítico, do passado, instituído por Deus entre o povo de Israel, focava-se no cargo ordenado; hoje, o sacerdócio universal dos crentes, revelado no Novo Testamento, tem seu foco na Igreja como um todo – constituída por crentes-sacerdotes - e pode-se destacar sem medo de errar, por sacerdotisas.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Trecho extraído do capítulo 1 do livro Mensageiras da Ressurreição

O INÍCIO DA CAMINHADA

...Aquele foi o primeiro de subseqüentes abalos a sacudir
o código de leis judaico e a repercutir sobre os conceitos
de (in)justiça do mundo greco-romano. Nestes,
a mulher era ainda muito mais inferiorizada, apesar das
raras exceções, em ambos os contextos, que serviam apenas
para confirmar a regra geral de violência e opressão.
A marcha em prol da libertação da mulher que se desencadeou em dois níveis, quais sejam, na sociedade civil e na igreja, movimentou-se em ritmo desigual. Surpreendentemente, cristãos
e cristãs avançaram mais lentamente. A defasagem
entre os dois segmentos é visível no presente momento.
Algumas denominações evangélicas, é verdade, apoiam
integralmente até mesmo o ministério pastoral da mulher;
outras, porém, reconhecem apenas parcialmente o
seu direito de trabalhar na missão evangelística (desde
que não exerça autoridade como líder); e ainda meditam
sobre o que seria ou não permitido à mulher realizar. Enquanto
que, em outras denominações, sua atuação limita-
se à execução de trabalhos manuais dentro do ministério
de assistência social, onde lhe é permitido, quando
muito, colaborar na ajuda aos necessitados e cuidar dos
trabalhos de limpeza da igreja. Trabalho honroso, sem
dúvida, mas, de âmbito limitado.
No segmento católico, por sua vez, mulher receber
o ministério ordenado é assunto totalmente fora de cogitação.
As mulheres conquistaram o mundo, mas, continuam
como mendigas esmolando à porta de muitas
igrejas por um espaço no púlpito ou pela oportunidade
de participar das decisões concernentes à vida da igreja.
Uma mulher pode ser presidente da República,
mas, em algumas denominações não pode ser pastora,
nem ocupar um lugar na hierarquia eclesial. Sei que igreja
é igreja, mundo é mundo. Mas não deixa de ser instigante
a constatação, e de oferecer oportunidade para
maiores reflexões.

domingo, 16 de outubro de 2011

Trecho extraído do capítulo 8, item 2, do livro Mensageiras da Ressurreição

A MULHER QUE ARRISCOU A VIDA POR PAULO
Priscila, cujo nome verdadeiro é Prisca, foi missionária e cooperadora de Paulo, na obra do Senhor, conforme Romanos 16. Ela desenvolvia sua missão ao lado de Áquila, com quem era casada. Seu nome aparece em primeiro lugar, em vez do nome do marido, contrariando o costume da época, quando na maioria das vezes o nome da mulher nem era citado. Seguia-se simplesmente ao nome do homem a observação de que era casado ou que possuía filhas, omitindo-se o nome tanto da esposa quanto das filhas. O nome de Priscila, antecede ao do marido em Romanos 16.3; Atos 18.18, 26; e 2 Timóteo 4.19, o que indica a sua importância na comunidade cristã e a excelência de seu trabalho.
Pricila foi fundadora de comunidades e exercia liderança na ekklesia - igreja doméstica. Paulo menciona esse fato ao se referir à igreja que está em sua casa, em 1 Coríntios 16.19b. Na missão que o casal desenvolveu por Éfeso, Corinto e Roma costumava transformar a própria casa em ponto de reunião da igreja.
Quanto ao sentido da palavra ekklesia, vale observar que é bastante extenso e excede o de igreja doméstica. Designava a reunião dos cristãos e cristãs, servia para nomear o grupo, bem como as comunidades domésticas locais ou espalhadas, bem como todo o movimento cristão.
Na história de Priscila e Áquila, sobressai um feito heróico, o de terem arriscado a vida para salvar a de Paulo. Ele pede às igrejas que lhes sejam gratas, assim como ele mesmo manifesta a sua gratidão: Os quais pela mi
nha vida expuseram as suas cabeças; o que não só eu lhes
agradeço, mas também todas as igrejas dos gentios (v.4).
Paulo mostra-se, igualmente reconhecido pela acolhida
que lhes deram durante o tempo que passou em Corinto.
E, mais que tudo, pelo trabalho incansável que desenvolviam
como cooperadores e missionários na obra do
Senhor.
Temos a informação, em Atos 18. 1-3, de que Priscila
e Áquila eram fabricantes de tendas. Paulo, que também
conhecia o ofício, passou a trabalhar com eles. O
apóstolo, o qual pertencera a uma família de posição
social proeminente e abastada, cidadão romano, neto e
sucessor do rabino Hillel, via-se, agora, lutando arduamente
pela sobrevivência, por amor a Cristo. Geralmente,
o judeu que se convertia ao cristianismo era deserdado
pela família e expulso de casa. Paulo necessitou do
apoio de outros apóstolos e apóstolas, nessa ocasião e em
muitas outras. Todavia, como ele mesmo confessava, era
fortalecido no Senhor e sabia tanto a ter fartura, como a
ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade,
o que o levou a exclamar: Posso todas as coisas NAQUELE que me fortalece.(Filipenses 4.12, 13).

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Trecho extraído do capítulo 5 do livro Mensageiras da Ressurreição

Gênesis 2 apoia a subordinação da mulher?
Observemos alguns pontos de vista daqueles que encontram – de maneira arrevesada – argumentos no livro de Gênesis para apoiar suas teses de caráter discriminatório contra as mulheres.
Primeiro, conforme a visão dos complementaristas (antifeministas) o homem tem direito de exercer liderança, seja na igreja seja na sociedade, por analogia com o que acontece na ordem da Criação. Eles priorizam a ordem temporal da criação: primeiro o homem, depois a mulher, conforme relatado no livro de Gênesis (2 e 3). Veem nesse fato motivo para determinar a submissão da mulher ao homem.
O argumento é detonado pela teóloga Mary Evans ao observar que os animais foram criados antes do homem e, também, da mulher (Gênesis 1). Por conseguinte, a prioridade temporal na criação não implica em superioridade, nem de ser, tampouco de função. “Nem dá a entender que os animais são superiores ao homem.”
De fato, não temos nenhuma indicação em Gênesis 2 de que a prioridade temporal seja de qualquer importância particular. As duas criaturas, macho e fêmea, são assim paralelas, sendo que a ordem (na criação) não amesquinha nenhuma delas.
O apóstolo Paulo chegou a citar o fato de Adão ter sido criado antes de Eva – contudo, não desenvolveu esse argumento, nem tirou dele qualquer conclusão.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Trecho extraído do capítulo 13 do livro Mensageiras da Ressurreição

Trajetória silenciosa pelo mundo

A história fragmentária da mulher, constituída,
apenas por anotações à margem da História, dada a pouca
importância em que era tida, fala de opressões sofridas
sob o peso da lei, e de grandes perseguições, em
determinados períodos da História, como na época da
Inquisição. Na maioria das vezes, isso acontecia, simplesmente,
por ser mulher. A discriminação de caráter sexista
acompanhou-a através dos tempos. Portanto, qualquer
tentativa no sentido de reconstituir sua História há de
começar e terminar com a palavra sexismo.
Através dos tempos, a evidência histórica mostra,
o preconceito masculino espargiu-se sobre a verdadeira
natureza intelectual, espiritual e até física da mulher,
chegando a transformá-la em um ser absolutamente estranho
à sua própria essência. Óbvia demonstração do
desconhecimento daquele que é considerado, pelos teólogos,
o texto clássico da igualdade ontológica e biológica
entre varão e mulher. Referimo-nos a Gênesis 1. 27: E
criou Deus o homem à sua imagem: à imagem de Deus o
criou: macho e fêmea os criou.
Por falta de conhecimento bíblico, é compreensível
que o mundo tenha visualizado a mulher como um ser
estranho e de segunda classe, principalmente, em épocas
como a Idade Média – idade das trevas, sob o prisma do
conhecimento e da cultura. No entanto, que religiosos
cristãos fizessem coro às palavras e atitudes discriminatórias
contra a mulher é surpreendente.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O mundo foi mais rápido para emancipá-la

Trecho extraído do capítulo 16 do livro Mensageiras da Ressurreição

Em 1948, na Declaração Universal dos Direitos
Humanos, pela primeira vez, a igualdade dos direitos das
mulheres e homens foi explicitamente declarada. Note-se
que esse documento brotou em solo cristão, ou seja, nos
Estados Unidos - país protestante – nação que se desenvolveu
sob a orientação da Palavra de Deus, escorada e
fundada sobre a Rocha - em Cristo Jesus. País no qual,
pela primeira vez na História foram reconhecidos os direitos
da mulher à liberdade individual e social, e ela foi
elevada ao status de cidadã. Fato inconcebível e inimaginável
no passado. A partir da nação norte- americana,
outros países ocidentais e democráticos não demoraram
a acatar o seu texto.
Hoje, não existe mais impedimento algum dentro
da política, nem em qualquer setor da sociedade para a
ação da mulher. (Exceto em algumas igrejas protestantes históricas e no catolicismo...). Na Europa e nas Américas ela tem livre trânsito e já vem acumulando as maiores vitórias políticase profissionais, como todos sabem.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Ferindo o corpo de Cristo

Trecho extraído do capítulo 12 do livro Mensageiras da Ressurreição

FERINDO O CORPO DE CRISTO - A IGREJA...


Ressurreição de Cristo: Origem da Igreja

É na ressurreição de Cristo, e não depois dela, que a Igreja tem sua origem: O templo não foi reconstruído depois da ressurreição, o grão que morre renasce multiplicado. Gerando o Filho na glória, Deus o gera multiplicando-o, a multidão “é ressuscitada com” (cf. Colossences 2.12). Vale a pena observar em detalhes o que o evangelista afirma na íntegra, na frase aos colossenses: Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dos mortos. Deus dá ao Filho morto por todos um corpo, o Seu, que é também a Igreja... A Igreja – corpo de Cristo – e sua missão: A igreja aparece, portanto, como o canal de comunicação entre o Senhor ressuscitado e o novo mundo (lembrar que com Cristo tudo se fez novo), e bem definida nos Evangelhos como o Corpo de Cristo. O apóstolo Paulo, ao falar aos colossenses sobre o que padecia nos combates que travava por eles, amplia a sua mensagem acrescentando: Na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo que é a igreja. (1.24b). Na carta aos efésios, fala sobre as bênçãos de Deus sobre Jesus Cristo, que o constituiu como cabeça da igreja, que é o seu corpo. (22b e 23). Cristo, depois de exaltado, atua neste mundo por meio da Igreja pela Palavra, pelos sacramentos (ritos próprios da Nova Aliança) e por meio da missão dos cristãos que, ao agirem e se manterem em comunhão, passam a viver de conformidade com o plano que o Altíssimo tem para nós. Assim, em certo sentido, a Igreja reflete o caráter divino, e mostra-se como a imagem de Deus. É pela comunhão dos crentes, homens e mulheres, que a igreja – comunidade eterna constituída por um povo escatológico - pode vivenciar no presente a futura realidade do Reino de Deus. Esta é a sua missão. Ao meditar nessa correta definição de Igreja, perguntamos: como pode a Igreja, Corpo de Cristo, fazer jus a esse nome ao apresentar-se fragmentada sem a participação ativa e conjunta das mulheres ao lado dos homens em todos os aspectos do serviço cristão? Os responsáveis por essa fragmentação dão provas de não reconhecerem, até hoje, a autonomia espiritual das mulheres, e demonstram, por esse proceder, que não possuem, ainda, uma consciência clara do que seja a Igreja, como o Corpo de Cristo.

domingo, 1 de maio de 2011

Trecho extraído do capítulo 19 do livro Mensageiras da Ressurreição

Jesus Cristo, a favor da mulher, opõe-se aos poderosos

É difícil para os contemporâneos, que vivem em
uma sociedade cristã e democrática, ter a noção exata de
quão revolucionária foi a atitude de Jesus Cristo. É quase
impossível avaliar em toda a sua dimensão a luta travada
pelo Leão de Judá, ao manifestar-Se contra o poder do
patriarcado social e eclesial da época. Sua missão primava
por confirmar que Deus é amor, em uma sociedade
em que imperava a lei do mais forte, da truculência contra
as mulheres e os indefesos. Diante desse panorama,
Jesus vem, e diz: Bem-aventurados os pacificadores, porque
eles serão chamados filhos de Deus. (Mateus 5.9).
Ao encarnar o amor divino, o Enviado anuncia, além de
pregar a mansidão, que Deus não faz acepção de pessoas.
(Atos 10.34). Exemplo que todos os que se chamam pelo
nome de cristão são conclamados a seguir.

domingo, 24 de abril de 2011

Trecho extraído da Introdução do livro Mensageiras da Ressurreição

A maior glória que um ser humano poderia almejar, qual seja, a primazia de ver o Senhor ressurreto, foi dada às mulheres. As primeiras palavras
de Jesus como o Cristo vitorioso - Eu vos saúdo!- foram dirigidas a elas que O procuravam no sepulcro,para comissioná-las a proclamar a ressurreição. (Mateus 28. 9-10).
Para as mulheres do terceiro milênio, manter o silêncio ou a indiferença diante desse acontecimento seria o mesmo que consentir em ser ludibriadas. Conscientizar-se da sua importância é a melhor decisão a tomar para assumir o espaço que, por direito, é seu dentro da igreja, de conformidade com a vontade de Deus.
Da parte dos homens, ignorar o sentido de Cristo ter delegado às mulheres a missão sagrada representa má vontade,instigada por um machismo mal disfarçado. E muito mais grave, ainda, quando alguns deles, sem achar uma
desculpa plausível, (porque não há), afirmam que esse fato ocorreu por acaso - como se algum dos atos de Jesus Cristo pudesse ser insignificativo!
Perigoso para as mulheres seria desconhecer o alcance do fato, do qual decorre uma tremenda responsabilidade para elas no âmbito da igreja, da família e da sociedade em geral. Urge dar maior atenção ao acontecimento,
procurando colocá-lo, como que, sob a luz de um holofote, a fim de apreciá-lo sob todos os seus ângulos.
Pois, ser encarregada por Cristo de anunciar a Sua ressurreição é glorioso demais, é forte demais. Sua perspectiva excede as possibilidades do olhar natural, e ultrapassa as fronteiras de um relato de caráter histórico-cristão,para a de um acontecimento de estrondosa repercussão e importância no mundo espiritual. Maior importância,ainda, reconhecemos nesse fato por saber que “a fé cristã é baseada no testemunho e na proclamação das mulheres.”
Sem esquecer, também, que a ressurreição de Cristo é o sustentáculo da doutrina cristã.
No ambiente mundano, em meio aos ímpios, por ironia, é onde a mulher finalmente já usufrui de todos os seus direitos reconhecidos perante a lei, e assume deveres e responsabilidades, tal como o homem. Sua emancipação
é inquestionável. Ainda que tenha demorado séculos, finalmente foi considerada juridicamente capaz, responsável pelos seus atos e dotada de inteligência suficiente para tomar decisões, assim como o homem. Contudo, esse reconhecimento não foi fácil, a História registra, ainda que de modo tíbio, a dimensão gigantesca dessa luta.
Enquanto isso, no meio cristão, muitas pessoas(muitas igrejas) ainda se encontram no dilema shakespereano,do ser ou não ser a mulher digna de proclamar a mensagem da Cruz e de vê-la como um ser espiritualmente
autônomo. Grande contrassenso!

sábado, 9 de abril de 2011

Trecho extraído do capítulo 13 do livro Mensageiras da Ressurreição

Mulheres do NT - essas desconhecidas

Entre o povo evangélico de hoje, percebe-se que são raríssimos os nomes femininos, dentre os registrados Novo Testamento, lembrados como dignos de nota. Isso demostra quão oportunos são os estudos dos exegetas, e que grande lacuna vêem preencher.
O panorama visto deste século indica que, tirante os nomes de Maria, mãe de Jesus, e Maria Madalena - mencionada mais pelos seus pseudospecados do que pela sua santificação -, o de Tabita (Dorcas) conhecida pela sua ressurreição, e o nome de Lídia que é mal e mal conhecido, o resto é silêncio. Ignora-se o que elas faziam e até mesmo o nome das diversas mulheres citadas nas cartas de Paulo. Os estudos dos eruditos cristãos têm ajudado a corrigir esse lapso para tentar recompor a história da mulher do Novo Testamento.
O grande desconhecimento entre os cristãos, até
mesmo por parte de líderes, a respeito do desempenho da
mulher nos tempos de Jesus e da primeira Igreja cristã é
notável. Daí, talvez, a resistência de muitas denominações
em admitir o ministério feminino no seu âmbito, e até
mesmo de reconhecer a capacidade e o direito das mulheres
de ensinar na Igreja, e de ocupar cargos de relevância,
tal como no passado remoto. Isso tudo aliado, claro, à má
interpretação de certas palavras das cartas paulinas.
Todavia, o trabalho de pesquisadores da História da
Igreja, tanto evangélicos como católicos, vem mostrar uma
realidade muito rica concernente à atuação da mulher ao
lado de Jesus e na comunidade pós-páscoa, como ficou
demonstrado ligeiramente no capítulo de Atos das Apóstolas, deste livro.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Comentários sobre o livro Mensageiras da Ressurreição

Wander de Lara Proença - teólogo e professor da Faculdade Teológica Sul Americana: "Belíssimo trabalho, destacando-se especialmente pela inovação temática e pesquisa de abordagem. Tenho orientandas de TCC que estão pesquisando temas relacionados à mulher e já indiquei capítulos dessa obra para leitura e pesquisa. Esse trabalho trouxe enriquecimento para abordagens com estes enfoques. Que este livro possa inspirar outras publicações."

Éber Cocareli - teólogo, Pastor e professor da Faculdade do Povo: "Trata-se de obra fortemente apologética, com uso intenso de ferramentas teológicas (boas), com o objetivo de, entre outros, mostrar como a cultura ocidental evoluiu justamente pela influência do Evangelho. A argumentação da autora é sólida e válida e o livro é o único que conheço no meio neopentecostal que trata do ministério feminino com tamanha abrangência e profundidade. É um dos melhores que já vi sobre o assunto."

Oswaldo Payon - Publisher and journalist in Brazil with a team of scholars on the new translation of King James Bible from the original manuscripts: "Welcome aboard, Rachel Winter! É sempre uma alegria receber no mundo dos livros cristãos uma nova e promissora escritora evangélica. De fato, como você brilhantemente nos lembra nesse livro: as discípulas mulheres jamais deram trabalho ao mestre Jesus, só ajudaram na obra, sofreram e foram as únicas a permanecer com o mestre na sua morte e - logo ao raiar do domingo - na sua ressurreição. Parabéns às mulheres servas do Senhor. É em boa hora que alguém vem fazer justiça à honra, coragem, serviço e humildade da mulher crente. Parabéns.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Séculos de retrocesso da Igreja

Trecho extraído do capítulo 16 do livro Mensageiras da Ressurreição

Durante os séculos de retrocesso da Igreja - em comparação com o fervor que avivava o primitivo movimento cristão, e ao desempenho feminino de então - o silêncio da mulher brasileira, em maior grau do que a das suas irmãs de outros países do Primeiro Mundo, raramente viu-se quebrado. Vimos, porém, missionárias de outros países virem trabalhar na evangelização e ensino da Palavra em solo brasileiro; e, ainda que com sotaque estrangeiro, vozes femininas eram ouvidas dentro da jovem Igreja do Brasil.
Agora, os tempos são outros, a apatia vai ficando para trás, e temos consciência de que vivemos, realmente, na era da Graça, sob a égide do Espírito Santo. A mulher brasileira começa a aquecer a voz, por tanto tempo silenciada, a fim de proclamar a mensagem da cruz. Deus seja louvado!

segunda-feira, 7 de março de 2011

Trecho extraído do capítulo 16 do livro Mensageiras da Ressurreição

O mundo foi mais rápido para emancipá-la
Em 1948, na Declaração Universal dos Direitos Humanos, pela
primeira vez, a igualdade dos direitos das mulheres e homens
foi explicitamente declarada.
Note-se que esse documento brotou em solo cristão, ou seja, nos
Estados Unidos - país protestante – nação que se desenvolveu
sob a orientação da Palavra de Deus, escorada e
fundada sobre a Rocha - em Cristo Jesus. País no qual,
pela primeira vez na História foram reconhecidos os direitos
da mulher à liberdade individual e social, e ela foi
elevada ao status de cidadã. Fato inconcebível e inimaginável
no passado. A partir da nação norte- americana,
outros países ocidentais e democráticos não demoraram
a acatar o seu texto.
Hoje, não existe mais impedimento algum dentro
da política, nem em qualquer setor da sociedade para a
ação da mulher. Na Europa e nas Américas ela tem livre
trânsito e já vem acumulando as maiores vitórias políticas
e profissionais...
Vivemos um momento de efervescência do feminismo.
Contudo, ainda está difícil obter consenso sobre a
questão em algumas das denominações evangélicas mais
tradicionais; e, dentro do catolicismo depara-se com o
maior foco de resistência.
Os que ainda hesitam em aceitar integralmente a
colaboração da mulher na igreja, talvez, não tenham descoberto
uma singela verdade nas entrelinhas do Novo
Testamento. De tão singela, tem passado despercebida
através dos tempos para a maioria das pessoas, ou seja, a
de que Jesus Cristo foi o primeiro feminista da História.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Trecho extraído do capítulo 8: Atos das Apóstolas - do livro Mensageiras da Ressurreição

A imaginária beleza de Madalena

Alguém consegue imaginar Maria Madalena como
uma mulher feia? Tudo indica que não. A idéia da
mulher de incomparável beleza física tem povoado a mente
das pessoas há séculos. Contudo, essa idealização não
possui nenhum respaldo bíblico. Não se encontra no
Novo Testamento alusão alguma à sua beleza, de modo
a confirmar tal conceito. Ao passo que, com outras
personagens femininas acontece o contrário, têm a beleza
notada e elogiada, como é o caso de Sara e Raquel, no
Antigo Testamento.
A beleza de Sara é destacada em Gênesis 13.11 e
14, (tradução de João Ferreira de Almeida) e confirmada
pelos acontecimentos dela decorrentes, pois, chegou a
ser, como diríamos em linguagem de hoje, sequestrada e
levada ao palácio do faraó. Contudo, foi salva por
intervenção divina e saiu ilesa desse episódio, (v.20).
Segundo as palavras de Abraão, seu marido, ela era mulher
formosa à vista. Devia ser dotada de uma beleza fora do comum,
pois, foi exaltada pelos egípcios e admirada pelos
príncipes diante do faraó, (v.15).
Raquel, mulher de Jacó, um dos patriarcas bíblicos,
também é destaque em matéria de beleza, conforme Gênesis,
29.17b: Raquel era de formoso semblante e formosa
à vista. Ao que parece, era do tipo que desperta amor
à primeira vista, porque Jacó se dispôs a trabalhar sete anos
sem salário, para tê-la como esposa; e, depois mais sete anos,
por ter sido enganado pelo sogro, Labão, que lhe entregou
a outra filha, Lia, em lugar de Raquel, descumprindo
o prometido. Bastou a Jacó vê-la para amá-la. O primeiro
encontro deu-se à beira de um poço, quando Jacó beijou
a Raquel, e levantou a sua voz, e chorou. (v.11).
Todavia, sobre Maria Madalena não se encontra
indício algum de que fosse bela conforme cantada em
prosa e verso na literatura, e representada no cinema
contemporâneo. Inexiste qualquer informação no Novo
Testamento que venha dar suporte à maneira como a
imaginação popular e a arte fantasiam sua figura. Donde
surgiu essa idéia? Em parte, talvez, ao modo como os
pintores da arte sacra, principalmente da Renascença,
“retrataram-na”. Imagem bela, de longos e maravilhosos
cabelos, fazendo o tipo mulher-sedução. Atente-se, porém,
para o fato de o trabalho artístico ser fruto da imaginação
do artista. Contemporaneamente, pode-se creditar
essa idéia aos cineastas e literatos. Pela criatividade
dos tais Madalena é, infalivelmente, a mulher tentadora
e de encantos irresistíveis. Nenhum deles teria coragem
de arriscar a bilheteria de seus filmes ou o lucro de seus
direitos autorais apresentando-a, por exemplo, parecida
fisicamente com Madre Tereza de Calcutá.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Trecho extraído do capítulo 12 do livro Mensageiras da Ressurreição

MENINAS DE RECADO?
Ao concluir a abordagem sobre a Ressurreição e
sobre a importância que a mesma representa para a fé
cristã, buscamos resposta para mais uma questão intrigante.
Na ocasião em que Jesus, ao encarregar as mulheres,
tendo à frente Maria Madalena, de levar a notícia de
sua ressurreição estaria fazendo delas apenas meninas
de recado? Seria apenas a transmissão corriqueira de
um simples recado, tal como: Andem, vão e anunciem
pros meus irmãos que Eu estou aqui ressurreto? Todos
hão de reconhecer o absurdo dessa interpretação. De
forma alguma essa missão poderia ser confundida com
um simples recado, e vista como algo que aconteceu por
acaso. Contudo, é dessa maneira que vem sendo encarada
durante mais de dois mil anos, por grande parte dos
cristãos. A prova é cabal, as mulheres vêm sendo discriminadas,
até hoje, em inúmeras denominações cristãs,
tanto evangélicas quanto entre os católicos.
Contudo, o sentimento de frustração diante da indiferença
com que o acontecimento tem sido, milenarmente,
encarado, no que se refere ao papel representado
pelas mulheres, transforma-se em alegria ao rememorar
a atitude de amor do Ressuscitado para com o gênero
feminino. Alegria imperecível porque sua ordenança está
e estará em vigência até o final dos tempos. Esse regozijo
ninguém nos poderá tirar. Em qualquer lugar, e em qualquer
tempo, em que se falar sobre a ressurreição de Cristo,
as mulheres serão mencionadas e exaltadas, porque o
nosso Salvador assim o quis. Amém.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Trecho extraído do capítulo 1 do livro Mensageiras da Ressurreição

Os efeitos da criação dessa nova humanidade, regenerada
em Cristo, ultrapassaram as perspectivas da liberdade
individual dos cristãos. As boas novas do Evangelho
mostraram seu poder de alcance, pois, ao quebrar
barreiras sociais e religiosas dentro do universo cristão,
configuraram-se como justiça social e democracia no
mundo secular. Naturalmente, por via de consequência,
o princípio da igualdade em Cristo veio atingir a sociedade
civil, suas instituições e seu direito. Não obstante
seu objetivo primordial realizar-se na vida da Igreja, e
o estabelecimento desse princípio concretizar-se numa
perspectiva batismal, conforme se vê nas cartas aos Gálatas
(3.27) e aos Colossenses (2.12).
Todos os setores da sociedade foram bafejados pela
liberdade. Foram alcançadas as áreas cultural e religiosa,
ao serem quebradas as barreiras que separavam judeus
e gregos. Hoje, sua repercussão se faz sentir nas leis
que trouxeram a liberdade religiosa para todo cidadão
e a derrubada dos preconceitos raciais, sustentada pela
própria legislação dos países cristãos. No âmbito político
e no econômico, houve a supressão dos entraves sociais
que colocavam em posições antagônicas ricos e pobres
(no passado, homens livres e escravos) e, finalmente, as
causas que atuavam negativamente no relacionamento
entre a mulher e o homem foram afastadas; a mulher alcançou
sua liberdade como ser humano.
...Se algum movimento social pode ser chamado de revolucionário, certamente, o cristianismo é o maior deles - por se constituir no paradigma de um novo tempo e de uma sociedade nova e democrática.